POV. Mariana
Quando Fernanda chegou na sala, me viu sozinha, tentando segurar as lágrimas, o que tava dando certo, porém quando fui dizer tudo, desde terça até o presente momento, eu não aguentei. Chorei por me sentir uma idiota, mesmo eu não querendo me jogar em algo que não existia.
Ela ficou comigo, me disse que deveria conversar com Cadu, o que eu estava disposta à fazer desde o momento em que ele saiu da sala, mas até agora ele não havia voltado. A aula de literatura estava quase na metade e nem sinal dele.
Decidi ir ao banheiro, lavar meu rosto, quem sabe procurar Cadu. Pedi licença pro professor e levantei tentando chamar o menos de atenção possível. Quando passei por Manoela senti seu olhar em mim, o que foi estranho, já que durante toda a aula ela ficou direcionando seu olhar pro lugar onde Cadu estava sentado.
Sai da sala e fui em direção ao banheiro, mas quando eu fui passar em frente à escada de incêndio, a porta contra incêndio se abriu e alguém me puxou para dentro. Senti esse mesmo alguém me prendendo na parece enquanto fechava a porta, e o pânico se espalhando por meu corpo.
De novo, não. pensei. Estava escuro, já que o sensor de movimento que acionava a luz estava mais pra frente do pequeno corredor, eu não conseguia ver nada a minha volta, apenas sentia uma presença próxima a mim.
- Quem é você? - percebi minha voz tremula, na verdade, meu corpo inteiro estava tremendo. A pessoa me abraçou e sussurrou "Mari" em meu ouvido, foi então que eu percebi que era Cadu. No primeiro momento relaxei e o abracei com mais força, me sentindo protegida, depois, percebi toda a situação em que estávamos. - Cadu, o que aconteceu? Por que você tá aqui?
- Mari, o que aconteceu? - a voz dele estava abafada, por estar com a cabeça em meio aos meus cabelos. - Eu fiz algo pra você me tratar assim?
Suspirei saindo do abraço e segurando suas mãos. O guiei até o início da escada, onde o sensor de movimento acionava a luz. Pude olhar para seus olhos que estavam pesados e avermelhados, podia arriscar dizer que ele estava chorando. Nos sentamos em um dos degraus da escada e ficamos nos encarando. Senti meu peito ficar pesado de novo, suspirei uma segunda vez e tomei coragem pra falar.
- Eu só não quero fazer papel de otária, Cadu. - eu disse desviando o olhar do dele.
- Como assim? - ele respondeu me olhando com um ar de dúvida.
- Eu gosto de ficar com você. - reuni toda a coragem que existia em mim, e disse.- Você me faz bem, eu sinto uma calma quando estou com você. Mas não quero me jogar de cabeça nesses sentimentos.
O silencio se instalou no lugar. Eu evitava olhar em seus olhos, mas o nervosismo não ajudava. Ele me olhava com uma expressão indecifrável, sem dizer nada. E toda aquela coragem evaporou de meu corpo, não sobrando nem um grão de poeira.
- Eu entendo se você não sentir o mesmo e não quiser dizer nada pra não me magoar. Aliás, você deve estar me achando uma boba... - Eu já estava me levantando, querendo sair dali e colocar minha cabeça num buraco, pra esquecer o mico que tinha acabado de pagar, quando ele me puxou. Mais uma vez seus braços me envolveram, porém dessa vez, com mais sentimento que nunca. No começo fiquei assustada com a reação, mas depois percebi um sorriso em seu rosto.
- Mari, a única coisa que eu quero agora é me jogar de cabeça. - ele respondeu com meu rosto em suas mãos, e um sorriso em seu rosto.
- O que você quer dizer? - perguntei confusa.
- Tudo bem, eu vou te explicar tudo. - ele soltou um suspiro, segurou minhas mãos e falou olhando nos meus olhos. - Eu nunca me apaixonei. Nunca mesmo. Eu só ficava com as garotas e depois, mandava um grande foda-se pra elas. Eu não me orgulho disso, e a minha mãe foi a única mulher por quem eu senti algo bom. Até você aparecer e mexer com tudo aqui dentro, - disse apontando pra onde ficava o coração. - me fez sentir coisas que eu nunca tinha sentido. Mari, você é a minha primeira e eu quero que seja a única. - seus olhos estavam grudados aos meus, o que, percebi, me fazia ficar sem ar. - Eu só quero te proteger de todos que querem te fazer mal. Eu quero descobrir esses novos sentimentos com você. - ele juntou nossos lábios em um beijo calmo, sem malícia. Percebi as lágrimas descendo por meu rosto, em uma confusão de sentimentos.
- Mas e se você estiver apenas confuso com esses sentimentos novos? - perguntei ainda de olhos fechados, com nossas testas coladas.
- Você também pode estar nessa situação, afinal nos conhecemos a pouco tempo. - ele limpava as lágrimas de meu rosto. - Eu prometo que não vou brincar com os seus sentimentos. Eu só quero que você me permita te chamar de minha, eu só quero te proteger. - mais um beijo veio, e a cada beijo, mais tranquila eu me sentia.
- Então o que somos? - perguntei ainda angustiada.
- Nós não precisamos nos rotular, vamos apenas descobrir o que esses sentimentos significam, mas juntos. - ficamos ali, em silêncio. Eu, nos seus braços, enquanto ele limpava minhas lágrimas e fazia carinho em meus cabelos.
- Eu quero descobrir tudo com você, apenas não me magoe. - disse após alguns minutos, me arrumando em seus braços.
- Eu prometo só te fazer feliz. - selamos mais uma vez nossos lábios, dessa vez, em um beijo mais intenso.
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The Bet
FanfictionMariana é uma adolescente normal, que mora com a sua mãe e que nunca conheceu seu pai. Nada nunca acontece em sua vida, até o terceiro ano do ensino médio. Sua melhor amiga volta do Rio de Janeiro. Será que a relação delas continuará a mesma? E o qu...