POV. Mariana
A claridade, que passava pelas cortinas brancas translucidas, refletida pelas paredes brancas do quarto, faziam minha cabeça doer. Olhei pro lado, em busca de Fernanda, mas percebi que ela não estava lá, principalmente porque eu não estava no meu quarto. Eu estava deitada em uma cama de casal, sozinha e assustada. O quarto era maior que o quarto em que estávamos hospedados, à esquerda havia um sofá médio, uma mesa com duas cadeiras, em frente ao mesmo, e a sacada com vista pra praia. À direita havia uma cômoda com quatro gavetas, e uma porta, ao lado da cama, que eu imaginei que fosse a porta do banheiro, em frente a cama havia um guarda-roupa grande, com portas de correr, ao lado da porta que dava para o corredor.
Minha cabeça latejava de dor, minha respiração estava pesada, por conta do medo de não saber quem era o dono do quarto. Me sentei na cama, com dificuldade, e tentei me levantar, o que não deu muito certo, já que eu cai no chão, pela falta de equilíbrio, e percebi que só usava roupas íntimas. O desespero se espalhou por meu corpo, eu tentava me lembrar o que havia acontecido noite passada, mas a dor que eu sentia na cabeça só piorava. Ouvi um barulho, que imaginei ser do chuveiro fechando, o que só fez meu medo aumentar. Levantei do chão, com certa dificuldade, e voltei pra cama, me cobrindo até o pescoço, com o lençol que estava me envolvendo quando acordei.
Percebi a porta do banheiro se abrindo e, ao mesmo tempo, meu coração acelerando, mas quando eu vi a pessoa que saiu, se formou um grande O na minha boca. Ele estava com a toalha enrolada em sua cintura, caminhou até o guarda-roupa sem olhar pra mim e começou a procurar alguma roupa. Por suas costas malhadas escorriam pingos de água, seus cabelos loiros e molhados estavam bagunçados, ele deixou a toalha cair, mostrando sua bunda redonda e branca, e colocou uma cueca vermelha, da Calvin Klein, e uma bermuda jeans. Ele pegou a toalha do chão, se virando para mim enquanto secava o cabelo e sorria, e que sorriso.
- Você já acordou, - disse Rafael sorrindo. - que bom.
- O-o que aconteceu? - eu acabei gaguejando.
- Bem, - ele disse andando até mim e se sentando na cama. - pelo pouco que você disse, você usou ecstasy.
- C-como assim? - eu falei alto, o que fez minha cabeça doer mais, fechei meus olhos, colocando a mão na frente dos meus olhos e testa, como se aquilo fosse fazer a dor passar.
- Eu te achei sentada em um beco, muito mal, quase desmaiando. - ele se levantou, indo até a comoda e pegando um comprimido, depois foi até a mesa, pegando um copo d'água pra mim e me entregando as duas coisas. - Te trouxe de volta pro hotel e tentei te dar um banho, porque você passou mal e acabou vomitando, mas eu não consegui tirar isso que você tá usando. - ele disse, apontando pro meu corpo. - Então eu só te limpei e deixei você dormindo. Aliás, por que você tá usando isso?
- O nome é cinta abdominal* e não é da sua conta. - eu respondi ríspida. - O que é isso? - eu perguntei sobre o comprido que ainda não havia tomado.
- É um remédio que eu tomo depois de qualquer efeito negativo das drogas, sempre me faz melhorar. - ele respondeu se levantando, mais uma vez, e indo até o guarda-roupa. - E você tem razão, não é da minha conta. - ele se virou pra mim, com algumas roupas na mão, me entregando tudo. - Imagino que você queira tomar banho.
Concordei com a cabeça e fui em direção ao banheiro, trancando a porta atrás de mim. Deixei as roupas em cima do vaso sanitário, com a tampa abaixada, me despi, liguei o chuveiro e entrei no banho. A água morna corria por meu corpo, relaxando meus músculos e fazendo a dor de cabeça passar, aos poucos, flashes da noite passada me vinham a mente, o rapaz que eu não conhecia me dando a droga, o efeito que aquilo teve em mim, eu no beco escuro e uma sombra se aproximando. Depois disso, tudo o que eu me lembrava eram borrões. Peguei o sabonete, que havia ali, e comecei a me ensaboar, sentindo todo o suor, sujeira e azedo saindo do meu corpo. Enchi minha mão de shampoo e massageei meu couro cabeludo, tirando nós e qualquer sujeira que havia ali. Me sentindo melhor, desliguei o chuveiro, sequei meu corpo e comecei a me vestir com as roupas que Rafael tinha me emprestado. Coloquei a cueca preta, da Calvin Klein, e uma blusa grande, que tampava minha bunda, também preta, do Tupac*. Saí do quarto secando meus cabelos e não achei Rafael no quarto, senti um cheiro desagradável e segui pra varanda, onde encontrei o garoto, fumando um cigarro de maconha.
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The Bet
FanfictionMariana é uma adolescente normal, que mora com a sua mãe e que nunca conheceu seu pai. Nada nunca acontece em sua vida, até o terceiro ano do ensino médio. Sua melhor amiga volta do Rio de Janeiro. Será que a relação delas continuará a mesma? E o qu...