POV. Mariana
Quatro dias haviam se passado, embarcávamos amanhã para Florianópolis e eu não me sentia nenhum pouco animada. Durante esse tempo, Fernanda veio em casa todos os dias me ajudar a arrumar a mala, na verdade, ela fez a maior parte do trabalho, já que eu só me levantava pra tomar banho e tentar comer algo. Meu humor, meu animo e minha vontade de fazer qualquer coisa, estavam em queda livre e não parecia que iam parar de cair tão cedo.
Minha avó continuava em casa, o que pra mim era maravilhoso, ela era uma das poucas pessoas que me faziam esquecer como o ser humano pode ser decepcionante, uma das poucas que não ficava tentando me fazer comer algo ou insistindo que eu saísse um pouco do quarto. Pelo contrario, ela ficava deitada comigo, na maior parte do tempo vendo filmes ou descansando, já nenhuma das duas tinha muita disposição. Mas infelizmente, todo esse conforto que ela me passa iria acabar hoje. Aliás, hoje era um dia nada agradável pra mim.
Eu vestia uma calça jeans de lavagem clara, uma regata preta com rendas e um all star preto, meu cabelo estava preso em um rabo de cavalo e, eu nem me dei ao trabalho de passar alguma maquiagem para disfarçar minhas olheiras. Eu, Patricia, minha avó, Renato e Cadu estávamos no carro indo rumo ao shopping, era aniversário da minha mãe e estávamos indo comemorar em algum restaurante dali. Eu estava completamente desconfortável, minha avó estava sentada entre Cadu e eu, enquanto Renato dirigia e minha mãe estava no banco do passageiro, o que não adiantava muito, já que mesmo assim eu conseguia sentir seu perfume amadeirado dominando o ambiente.
Após alguns minutos caminhando pelo lugar, Patricia finalmente escolheu um restaurante de comida italiana. Entramos no restaurante, sendo guiados pelo garçom para a mesa, minha mãe se sentou em uma ponta da mesa, de frente para todos, de um lado da mesa, estávamos eu e Rosa, que estava ao meu lado, e do outro, encontrava-se Renato e Cadu, à minha frente. Fizemos nossos pedidos e conversamos enquanto esperávamos. Na verdade eles conversavam, eu apenas respondia as perguntas que me faziam o mais breve possível, enquanto me concentrava em não olhar para frente.
O almoço foi até que agradável, mesmo que a presença de Cadu me incomodava um pouco e me deixasse desconfortável, por algumas horas eu esqueci um pouco da dor e até dei risada de coisas que o garoto e seu pai diziam. Por mais que o garoto tivesse me decepcionado, ele ainda era engraçado e ainda fazia parte da pequena família que estávamos formando. Após caminharmos um pouco pelo shopping e tomarmos sorvete, fomos em direção ao carro, já que minha avó iria voltar para sua cidade hoje. Paramos em frente minha casa e colocamos suas mala no carro, fui abraça-la para me despedir e senti meus olhos se enchendo de água. Eu amava muito aquela mulher, ela me ajudou de formas que ninguém ajudaria, ela sabia de coisas que nem mesmo eu queria admitir, eu ia sentir muito sua falta. Renato, Patricia e dona Rosa já estavam no carro, prontos para levarem minha avó, e meu coração se apertava cada vez mais em pensar que demoraria para vê-la novamente, fiquei afastada tentando controlar tudo que vinha atona.
- Entra no carro, filho. - Renato disse para Cadu. - Nós te deixamos em casa.
- Não precisa, - ele disse, sempre com seu jeito calmo e despojado, e eu percebi que ele lançava olhares para mim. - eu posso ir andando, não é muito longe.
- Certeza querido? - minha mãe perguntou, vendo o garoto confirmar com a cabeça e dizer que era o que preferia. - Tudo bem, tchau queridos. - acenei pra minha avó uma última vez e vi o carro se afastar, ela não me levaria no aeroporto amanhã, ela não me daria mais conselhos, ela não estaria mais lá. Me virei, indo em direção a casa quando ouvi ele me chamar.
- Mari, a gente precisa conversar. - sua voz estava séria, eu quase podia sentir tristeza nela. Eu parei, ainda de costas pro garoto, por um momento eu pensei em ouvir, pensei em esquecer tudo e abraça-lo, sentir sua pele sobre a minha mais uma vez, mas eu apenas fiquei parada, esperando. - Eu gosto de verdade de você e eu sei que você também gosta de mim, nós não podemos deixar que algo do passado ou que alguém, como a Manoela, acabe com o nosso sentimento.

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The Bet
FanfictionMariana é uma adolescente normal, que mora com a sua mãe e que nunca conheceu seu pai. Nada nunca acontece em sua vida, até o terceiro ano do ensino médio. Sua melhor amiga volta do Rio de Janeiro. Será que a relação delas continuará a mesma? E o qu...