POV. Carlos Eduardo
Percebi que eu tenho um auto controle incrível, pra ainda não ter voado no pescoço desse otário. Rafael fumava seu cigarro de maconha, na poltrona perto à janela, e eu podia ver, com orgulho, uma marca roxa em seu olho direito. Manoela se sentou em sua cama, mexendo no cabelo, e eu fiquei ali, sem reação, olhando de um para outro, me segurando pra não empurrar ele pela janela.
- O que ta acontecendo aqui, Manoela? - eu perguntei tentando controlar minha irritação. - O que esse babaca tá fazendo aqui?
- Ah, vocês já se conhecem? - ela falava com desdém, olhando para as unhas, como se não se importasse. - Isso facilita as coisas.
- Na verdade, ele só conheceu minha mão. - Rafael sorria, levemente fora de si, por conta da droga.
- Suas costas também, quando você fugiu. - eu respondi seco.
- Depois de deixar uma marca roxa na sua cara.
Flashback ON
Eu tava um pouco cansado de ficar ouvindo Manoela falar o que eu já sabia e ouvia sempre. Resolvi ir beber água e quem sabe conhecer um pouco daquela escola. Me levantei e fui em direção ao corredor, mas logo que cheguei na porta da sala me deparei com uma das piores cenas. Tinha um garoto prendendo uma menina na parede, tentando obriga-la à fazer algo que, estava na cara, ela não queria.
Aquilo me irritou e me enlouqueceu profundamente. Uma das coisas que mais me irritavam, era obrigar pessoas à fazerem coisas que elas não queriam fazer. E aquilo estava quase se tornando um abuso sexual. Percebi que era a menina da sala, que ficou em encarando quando entrei, a que sentei na frente só pra provocar.
Mas quando ela gritou, e eu percebi seu tom de choro, pra mim foi o fim.
- EI! ELA NÃO QUER FICAR COM VOCÊ! - eu dei um berro e pulei em cima daquele idiota, fazendo de tudo pra deixar ele longe dela. Eu cai em cima dele e percebi ela saindo correndo, em direção ao banheiro.
- O QUE VOCÊ TÁ FAZENDO, IDIOTA? - o garoto gritou, tentando me tirar de cima dele. Nossos gritos atraíram a atenção de algumas pessoas, que estavam paradas próximas, curiosas com a cena e esperando o que viria em seguida.
- Cala a boca. - reuni toda a raiva de ver aquela cena, juntamente com o que eu já estava sentindo, e distribui em dois socos no olho direito. Fui me levantar, mas olhei de relance pra porta da sala, vendo Manoela assistindo à cena e se divertindo, foi nesse momento que ele se aproveitou e me acertou um soco próximo à boca. Antes que pudesse me virar e revidar de algum jeito, o menino me empurrou e saiu, diria que correndo, dali.
Flashback OFF
- Vocês não vão transformar a minha casa em um ringue. - Manoela disse tentando nos controlar. Ela tinha cabelo loiro comprido, olhos claros e, não podia negar, um lindo corpo. Mas também era uma das pessoas mais calculistas que já conheci, ela conseguia manipular facilmente as pessoas ao seu redor. Não demonstrava ter nenhum sentimento e sempre estar se divertindo com as pessoas, como se elas fossem seus fantoches, feitos para entretê-la. Ela era popular, rica e conseguia tudo o que queria, praticamente uma Regina George do mundo real, com mais objetivo e com menos compaixão. - O que você queria me falar, Cadu?
- Eu não quero mais fazer parte disso, cansei desse joguinho. - falei logo sem rodeios.
- Tudo bem. - ela respondeu sem olhar pra mim.
- Tudo bem? - perguntei incrédulo. Esperava que ela fosse ficar irritada, me ameaçando e outras mil coisas características da Manoela.
- Na verdade, eu ia dizer a mesma coisa pra você. - ela disse com um tom quase de mágoa. - Não tem graça quando você se apaixona e fica levando ela pra cachoeiras românticas, e todos esses mimimis. O plano sempre foi ela se apaixonar por você e sofrer, mas você tinha que cair na onda dela. - ela quase gritava, quase perdendo a calma e sua pose.
- Manoela. - Rafael disse, num tom sério, quase sombrio, como se à lembrasse de algo.
- Enfim, - ela se compôs e voltou à sua calma de sempre. - também cansei, e já que você concorda em parar, podemos voltar aos velhos tempos. - ela deu um sorriso malicioso olhando pra mim.
- Como você mesma disse, estou apaixonado por ELA, não por você. Nós não vamos mais ficar. - parecia que a cabeça dela ia explodir ou que iria me matar, também percebi um riso no rosto de Rafael, o que me deu mais vontade de dar um murro na cara dele. Me voltei pra ela novamente, apontando com ele com a cabeça - Você ainda não me disse o que esse otário tá fazendo aqui.
- Você vem na minha casa, me fala absurdos e ainda quer saber das minhas visitas? - ela sorria enquanto se ajeitava na cama, um sorriso de vingança. - O Rafael era o namoradinho da Mari antes de você, e ele a quer de volta...
- Ela não é um objeto pra eu querer de volta. - interrompeu Rafael sério, como se a maconha não fizesse mais efeito.
- ... e eu devo um favor pra ele. - ela continuou o ignorando. - Então vou ajuda-lo com isso.
- Seria uma pena se eu não deixasse. - respondi mais irritado. - Não é porque vou parar com você que vou parar com ela. Não vou deixar ele se aproximar.
Os dois riram, como se eu estivesse dizendo coisas sem sentidos.
- Cadu, Cadu... - Manoela se levantou e foi em direção à Rafael, ficando ao lado da poltrona. - Eu não vou ajudar à reconquista-la, eu vou ajudar a tirar você do caminho. - os dois sorriram mais uma vez, e antes que eu pudesse responder algo, ela continuou. - E você não tem chances, afinal você se aproximou dela com o intuito de machuca-la, iludi-la, ninguém perdoaria isso.
- Eu vou explicar tudo pra ela. - disse perdido, sentindo que estava ferrado.
- Será que você consegue contar e explicar antes que nós façamos isso? - ela ria, se divertindo da minha cara de idiota, de perdido. Era mais um jogo pra ela, porém com um premio maior: acabar comigo por ter me recusado à continuar em suas mãos.
Sai dali literalmente perdido. Entrei no carro e não sabia o que fazer, minha cabeça apenas não funcionava direito, não sabia o que fazer, o que pensar, como agir. Mas em toda a confusão, eu só tinha certeza de duas coisas: eu realmente gosto da Mari e eu estou completamente fodido.
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The Bet
FanficMariana é uma adolescente normal, que mora com a sua mãe e que nunca conheceu seu pai. Nada nunca acontece em sua vida, até o terceiro ano do ensino médio. Sua melhor amiga volta do Rio de Janeiro. Será que a relação delas continuará a mesma? E o qu...