POV. Mariana
- Talvez esteja na hora de lembrar tudo o que eu esqueci.
- Como assim, pequena? - Rafael fazia carinho em meus cabelos, sentado ao meu lado. Fazia uma semana que eu estava ali no hospital, que eu havia sofrido o acidente, e era assim que passávamos todo o dia, eu deitada e ele ao meu lado. Eu não aguentava mais, precisava sair daquele lugar ou ia enlouquecer.
- Eu tive um sonho, nele eu estava sozinha perto do mar, era como se eu estivesse inundada de escuridão, me sentia sozinha e confusa. - eu estremeci ao lembrar da sensação. - Eu estava de frente pro mar, me sentindo mal e eu só sentia vontade de sumir. E era como se eu realmente tivesse sentido isso, como se eu já tivesse vivido aquele momento. E agora nós sabemos que foi por causa da queda que tudo isso aconteceu, e eu sinto que foi isso que aconteceu. Eu sinto que se eu forçar, eu consigo lembrar de mais coisas.- percebi que Rafael começou a apertar minha mão com um pouco mais de força, como se estivesse apreensivo. - Você está bem?
- Eu acho que é melhor nós não forçarmos nada, se forçarmos sua memória, talvez a situação possa piorar. - ele soltou um suspiro e forçou um sorriso, aquele sorriso lindo que acabava comigo. - Nós ainda temos mais uma semana de férias, por que não vamos para a casa que minha família tem, aqui em Floripa, e começamos a pensar em como será nosso futuro?
- Eu entendo. - disse suspirando. - Preciso mesmo pensar como vou fazer com a escola, e começar a pensar nos preparativos pra chegada do bebe, mas eu ainda quero ter minha memória de volta, já que aparentemente esqueci muitas coisas. - disse me referindo ao moreno que veio se despedir de mim noite passada. - Mas podemos conversar com o médio sobre minha alta. - eu respondi tentando anima-lo, fazendo-o dar um sorriso fraco como resposta. Eu conseguia sentir de longe sua apreensão com a minha vontade de retomar minhas memórias, o que só me dava mais vontade de lembrar tudo, não queria que as pessoas me escondessem coisas, queria saber sobre minhas ações e escolhas.
Conversamos com o médico sobre a alta, que concordou parecendo feliz com a minha atitude de querer sair dali e me recuperar, mas me fez garantir que iria continuar o acompanhamento e procurar psicólogos e obstetras em São Paulo, confirmei sabendo que Rafael e Patricia já deveriam estar cuidando disso. Ele também disse que seria melhor não forçar minha memória em nada, agora, mas caso eu tivesse algum lampejo, eu poderia conversar com as pessoas envolvidas e próximas pra saber o que elas tinham pra me falar.
No dia seguinte, o motorista do senhor Diniz nos buscou no hospital, levando a mim, Patricia e Rafael para a casa dos Diniz, em uma parte mais afastada da cidade, para que eu terminasse de me recuperar e começasse a pensar em como seria minha vida dali em diante.
- Rafa, por que estamos em Florianópolis mesmo? - perguntei enquanto ainda estávamos no carro, havíamos combinado que qualquer dúvida que tivesse poderia perguntar a ele e, caso soubesse, ele iria me ajudar.
- Era nossa viagem de formatura, linda. - ele respondeu segurando minha mão e me dando um sorriso, que só fez com que eu me sentisse pior. Eu havia estragado a viagem de formatura dele e de nossos amigos. Amigos. Me lembrei de Manoela e pensei como ela estava com aquela situação, não me lembrava de ter recebido sua visita.
E então, foi como se eu tivesse levado uma sequencia de socos no estomago. Manoela estava de mudança para o Rio de Janeiro, talvez nem estivesse nessa viagem. E pelo que eu me lembrava, estávamos no segundo ano do ensino médio, não fazia sentido essa viagem. Rafael também não estudava na mesma escola que eu, por que estava ali? Senti meus olhos se enchendo de lágrimas, mas fiz de tudo para não deixa-las escorrer por meu rosto, eu tinha perdido um ano inteiro? Tinha esquecido todo o meu último ano no colégio? Fiquei quieta o resto do caminho, tentando não me apavorar, quando chegássemos na casa, poderia perguntar e esclarecer tudo com Rafael. Tentei me concentrar na surpresa que o loiro disse que tinha pra mim.
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The Bet
FanfictionMariana é uma adolescente normal, que mora com a sua mãe e que nunca conheceu seu pai. Nada nunca acontece em sua vida, até o terceiro ano do ensino médio. Sua melhor amiga volta do Rio de Janeiro. Será que a relação delas continuará a mesma? E o qu...