We ARE best friends

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POV. Carlos Eduardo

Eu me sentia o cara mais feliz do mundo. Depois de ter sido rejeitado por ela, era como se eu tivesse sido feito em mil pedaços, mas agora que nós nos declaramos, a felicidade não cabia em mim. Ficamos sentados na escada de incêndio durante o resto do período de aulas, levantando apenas para pegar nossas mochilas e ir embora da escola. Saímos da escada tentando o mais discretamente possível, para não perceberem que passamos as aulas ali, abraçados e com as mãos entrelaçadas. Todos direcionavam seu olhar para nós, e eu só conseguia sorrir. Sentia Mari envergonhada, tentando se esconder em mim, mas aquilo só me deixava mais feliz.

Saber que tínhamos algo era maravilhoso. Por longos minutos esqueci de tudo que andava me assombrando. Até que meu olhar encontrou o dela. Tudo voltou a tona: as preocupações, os medos, os anseios. Porém do mesmo jeito que veio, se foi. Eu não ia acabar com aquela pequena felicidade por qualquer coisa. Meus assuntos em comum com Manu eram realmente importantes, porém naquele momento, eu tinha algo mais importante para pensar.

Tínhamos nos declarados nossos, assumido esses sentimentos confusos, que sentimos um pro outro, para o mundo, porém o que éramos? Por mais que rótulos não sejam garantia de nada, eu queria que todos soubessem que ela era minha e eu dela, oficialmente. Minha mente pensava e formulava algumas surpresas para aquela semana.

POV. Mariana

Provavelmente eu pareço um pimentão. É tão bom ficar abraçada com ele, sentindo seu cheiro, me sentindo segura, mas o olhar das pessoas cravado em nós dois me deixava desconfortável. E o olhar de Manu era o pior. Ela nos olhava com dor, resentimento, desaprovação, mas por que? Não somos mais amigas, porém por que ela vivia com o olhar em Cadu? Será que ela sentia algo por ele?

Esses pensamentos foram varridos de minha mente quando Fernanda nos viu. Estava na hora da saída e ela trazia nossas mochilas, junto com a dela. Quando nos viu juntos, deixou tudo cair e começou a gritar e dar pulinhos, nos abraçando depois, o que só atraiu mais olhares e me fez ficar mais envergonhada.

Fomos os três, juntos, para o ponto de ônibus e em nenhum momento Cadu me soltou. Meu ônibus chegou e eu fui sozinha, já que ele iria almoçar com seu pai, porém antes de subir no mesmo, ele me puxou e me deu o maior beijo de despedida. Pude ouvir alguns gritos dos alunos, que também estavam no ponto, enquanto entrava com um sorriso bobo no rosto.

[...]

Fiz um total de zero coisas durante toda a tarde. Apenas troquei mensagens com Cadu e vi minha séries de sempre. Eram por volta das 17h quando minha mãe chegou com uma visita.

- Filha, desce aqui! Temos visita. - ouvi ela chamar do andar de baixo. Desci as escada esperando ver Renato, mas quando cheguei na cozinha vi uma figura feminina, que não era Patricia, com os cabelos louros impecáveis e um corpo perfeito. Manu ficou de frente pra mim com um sorriso no rosto.

- Mari! - ela veio em minha direção e me abraçou. Eu não retribui, o que a fez recuar, sem graça. Patricia pareceu perceber.

- Manu, por que não fica pra jantar com a gente? - convidou Patricia. - Enquanto eu vou preparando as coisas, vocês podem esperar no quarto da Mari.

Eu sai da cozinha automaticamente, sem prestar muita atenção no que estava fazendo, minha cabeça estava a mil. O que a Manoela estava fazendo aqui, depois de mais de uma semana sem demonstrar interesse em querer falar comigo? E chegando com minha mãe, o que aquilo significava?

Cheguei em meu quarto e percebi que ela havia me seguido, claro. Sentamos em minha cama e ficamos nos encarando, em um silêncio eterno. Ela me encarava com a mesma cara de sempre, de inocente, meiga, confusa. Como se nada do que estivesse acontecendo fosse culpa ou do conhecimento dela.

- Como estão as coisas, Mari? - ela perguntou em seu tom mais simpático e meigo, mas sua voz estava tão distante, eu nem assimilei o que ela estava dizendo. A verdade é que eu ainda não tinha decidido o que eu sentia sobre a volta da Manoela. Ela sempre me tratou bem, não posso negar, sempre me dava os melhores, maiores e mais caros presentes, sempre me escutou quando eu precisei desabafar, principalmente quando terminei com o Rafael. Porém assim que aparecia alguém novo ela jogava seu charme e me deixava de lado. No meu ponto de vista, eu era seu patinho feio, que seguia ela por onde quer que fosse pra lembra-la o quanto era bonita e poderosa. Pra mim ela era uma deusa e, tento ela, eu não precisava de mais ninguém, por isso nunca fiz outros amigos. Crescemos juntas e morreríamos juntas, pelo menos era o que dizíamos. Até ela ir embora. Quando ela se mudou, eu percebi o quanto infeliz eu era, não tinha personalidade, eu era apenas uma sombra sua. Ela era sim uma boa amiga, mas não me fazia bem como uma amiga de verdade deveria fazer. E nesses dois anos que ela passou no Rio de Janeiro nós nem nos falamos, não trocamos nem uma mensagem, como se a vida dela fosse dividida em São Paulo - Rio de Janeiro, e essas vidas não pudessem se chocar.

- Mari? - ela disse, me acordando de meus pensamentos. - Você ta bem? Quer que eu vá embora?

- Tudo bem, pode ficar. - eu respondi lentamente, balançando a cabeça, tentando limpar a mesma de meus pensamentos. - Só é confuso.

- O que é confuso? - ela perguntou como se nada estivesse estranho.

- Nós ficamos dois anos sem se falar, você nem respondeu minhas mensagens e agora você vem aqui como se nada tivesse acontecido. - eu praticamente cuspi as palavras, dando pra perceber o ressentimento em minha voz.

- Ah Mari. - ela suspirou e colocou sua mão sobre a minha. - Não sabia que ficaria tão chateada por causa de algumas mensagens sem resposta...

- Não foram algumas mensagem. - eu a cortei, me exaltando. - Nós éramos melhores amigas!

- Nós SOMOS melhores amigas. - ela disse me olhando nos olhos, quase como se fosse uma ordem. - Aquilo está no passado, agora eu estou aqui com você. Vamos poder colocar todos os assuntos em dia e ficar juntas, como antes. - eu suspirei, quase derrotada e fechei os olhos. Não ia gastar forças com aquilo. - Agora me fala sobre seu namorado, o Cadu.

- Ele não é meu namorado. - percebi um sorriso aparecendo em meus lábios e abri os olhos. - Apenas estamos ficando, sem nada definido. - Percebi que meu rosto estava ficando vermelho e aquelas, famosas, borboletas preenchendo meu estômago.

- Você parece tão feliz. - ela sorriu, aquele sorriso perfeito, e apertou de leve minha mão. - É bom saber que você não se sente mal por causa do Rafael. Mas cuidado Mari, talvez o Cadu não seja esse mar de rosas.

- O que você quer dizer com isso? - minha voz saiu falha, era como se eu tivesse levado um soco no estômago e as borboletas estivessem querendo sair.

- Nada, - ela dizia enquanto passava as mãos no cabelo. - apenas tome cuidado. Talvez seja bom não confiar demais.

Minutos depois Patricia nos chamou para irmos jantar. Durante toda a refeição elas conversaram, era como se elas fossem as melhores amigas que estavam à dois sem se ver. Após ajudar minha mãe com a louça, Manoela foi embora.

Durante todo o jantar e o resto da noite, até eu conseguir adormecer, pensei no que ela havia falado "talvez seja bom não confiar de mais", o que ela queria dizer com isso? Lembrei de todos os olhares que ela mandava pra ele, me perguntando se ela estava interessada nele ou se soubesse algo que eu não sei. Acabei adormecendo em meios a esses pensamentos e dúvidas, sem saber que logo saberia a verdade.


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