Capítulo 35

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Pietra.

Sempre mantive minha armadura em frente às pessoas, sempre me protegi de tudo e todos, a única pessoa que conseguia ver o meu eu de verdade era minha mãe, mas ela se foi. Aí eu decido dar uma oportunidade para tudo isso, oportunidade fe ter amigos, de me aproximar do meu pai, de sentir o que sinto por Urieel. E o que acontece? Na primeira oportunidade isso tudo vai pelos ares.

No fundo eu sabia que não devia, que não devia me deixar levar pelos gestos, pelas palavras dele. Sabia que uma hora ou outra isso ia acabar, e acabou.

Como eu me sinto? Me sinto horrível! Me sinto o ser mais trouxa da terra! Ele deve estar rindo da minha cara junto com aquela Eduarda. Mas quer saber? Que se foda! Não quero mais saber! Ele já se divertiu de mais com minha cara. Me quebrou mais uma vez.

- Que cara é essa? - Flávia pergunta preocupada assim que chego na escola.

- Não quero falar sobre isso. - Falo sem ânimo.

- Você está com olheiras, está parecendo um zumbi e acha mesmo que não quer falar sobre isso? - Ela fala brava.

Arregalo meus olhos. Nunca vi Flávia desde jeito.

- Olha. - Ela fala mais calma. - Eu sou sua amiga, eu amo você. Ontem você estava ótima e agora chega assim, parece que um caminhão passou em cima de você. Só estou preocupada e quero que você me conte o que aconteceu para você estar assim.

- Ok. - Falo derrotada.

Eu não acho que eu estou tão horrível como ela fala. Eu dormi de noite? Não. Eu chorei? Sim. Estou para baixo? Sim. Estou me achando ridícula por isso? Muito!

Mas sei lá. Ouvir Eduarda falar tudo aquilo, de se gabar que eles voltaram me maltratou de tal forma que até me deu medo.

- Foi o Urieel. - Começo assim que chegamos a um lugar mais afastado de todos. - Ontem Camila me pediu para ir ver se a mãe dele tinha sal, pois o da nossa casa tinha acabado e o mercado já estava fechado. Eu fui lá e adivinha quem abriu a porta? Eduarda. - Suspiro pesadamente. - Ela começou e me dizer várias coisas, que eles tinham voltado, que eles estavam fazendo um jantar de reconciliação. Sabe como eu me senti horrível naquele momento?

- Eu não acredito nisso. - Flávia fala pensativa. - Urieel não é desse tipo.

- Para de defender ele. - Falo colocando minha armadura. - Não me importa mais, ele voltou com aquela ruiva, cansou de brincar com a órfã aqui.

- Do que você está falando?

- Ele só estava comigo por pena! Sabe o quanto odeio que as pessoas tenham pena de mim? Ele só estava comigo por ser a novata órfã da escola.

- Eu não acredito nisso. - Flávia sussurra.

- Pois acredite, ou não. - Falo. - Eu sabia que um dia isso ia dar merda, que não era boa coisa. E olha só no que deu? Merda.

- Eu sinto muito amiga. - Flávia fala me abraçando. - Urieel falava de você com tanto... sei lá. Amor?

- Não sinta. E não. Não era amor. Era dó. - Falo. - Mas deixa isso pra lá. Vou superar. - Sorrio fraco. - Me conta como foi o jantar. Sua mãe aceitou numa boa o namoro?

- Ah! - Flavai sorri. - Foi incrível. Minha mãe no começo ficou meia sei lá. Mas conforme ela foi conhecendo Pierre, foi vendo o quão incrível ele é e aceitou. Seus pais são maravilhos e me adoraram...

Se eu disser que prestei atenção em tudo que Flávia disse, estaria mentindo. Meus pensamentos, por mais que eu não quisesse, iam em direção a Urieel. Mas ver Flávia ali, tão empolgada e tão feliz contando sobre a noite de ontem me fez bem. Sua felicidade contagia, e por mais pouco que seja, me contagiou também.

Flávia.

Se estou feliz? Muito. Conhecer os pais de Pierre foi incrível! Eles são lindos, apaixonados. Seus irmãos são maravilhosos também. Me trataram muito bem e apoiaram o nosso namoro. Minha mãe não fez diferente. No começo ela ficou apreensiva, mas depois de muita conversa ela viu que Pierre é incrível e aceitou, mas claro, com algumas regras.

Agora. Se eu estou puta com Urieel? Muito! Eu não consigo acreditar, é difícil. Mas depois que tudo que Pietra me falou piora tudo.

- O que você fez? - Falo assim que vejo Urieel indo embora da escola.

- Como assim? - Fala ele confuso.

Seus olhos estavam profundos, iguais aos de Pietra entregando que nenhum dos dois dormiu na noite passada.

- Pietra me contou sobre ontem. Ela está arrasada, mas está fria, distante. - Falo com raiva. - O que aquela ruiva fez?

- Ela simplesmente encheu a cabeça de Pietra, ela acha que nós voltamos. Nem me deu a oportunidade de explicar. - Suspira pesado.

- Se eu ver aquela... - Bufo. - O que você pensa em fazer?

- Não sei. - Joga as mãos no ar. - Ela não quer falar comigo. Ontem ela me tratou com frieza, diferente da garota que eu conheço. Não sei se ela vai querer saber de mim.

Pietra é forte, mas é sensível também. Um coisa que percebi nala durante todo esse tempo é que ela é a garota mais sensível que existe, mas ela não deixa isso a mostra, ela usa sua armadura, sua frieza para a proteger. Aos poucos ela foi baixando a guarda, mas bastou um deslize e sua armadura estava ali, pronta para protege-la do mundo.

- Eu não sei o que fazer. Ela me olhou de uma forma tão intensa, tão quebrada que me quebrou junto. Não sei o que fazer. - Fala ele meio desesperado, meio exausto.

- É. - Falo cabisbaixa. - Infelizmente eu também não sei.

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Até o próximo amores!

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