Capítulo 16

2.1K 154 10
                                    

Tive pesadelos a noite toda, hoje meu coração se quebrou mais um pouco...

Não estava nem um pouco afim de sair da cama, mas sei que mamãe não ia gostar e me ver assim, então me levantei, por ela.

Não podia pensar em nada relacionado com minha mãe que as lágrimas já estavam ali, prontas para descer feito cachoeira pelos meus olhos.

Hoje meu dia estava negro e não havia nada que fizesse ele melhor, nada.

- Bom dia. - Falei me sentando na mesa do café.

Todos conversavam alegremente, mas quando cheguei todos se calaram.

- Como está querida? - Me perguntou Camila preocupada.

- Tô bem. Só não dormi direito. - Falei comendo meu pão sem olhar em sua cara.

- Filha. - Jared me chamou com certa urgência e levantei meu olhar para ele. - Quero que saiba que estaremos com você, ok? - Ele parecia...abalado? - Qualquer coisa é só me procurar.

Sorri fraco.

- Ok. - Falei me levantando. - Eu já vou indo, não quero me atrasar.

- Mas você nem comeu! - Camila e levantou para ficar em minha frente.

- Estou sem fome. - Disse. - Só quero ir para a escola, ok?! - Eu estava quase implorando para sair logo dali.

Meu olhos se encheram de lágrimas e percebi que os olhos de Camila estavam marejados.

- Ok, querida. - Disse me dando um abraço me pegando de surpresa. - Saiba que lhe considero uma filha para mim e estarei com você para o que precisar. - Sussurrou em meu ouvido somente para mim ouvir.

- Ok. - Disse lhe dando um sorriso triste mas sincero. - Eu já estou indo, tchau.

Antes que eles falassem algo a mais, peguei meu skate e sai de casa. Por mais que eu tenha gostado do apoio que eles me deram, via em seus olhos pena de mim, e a última coisa que quero que os outros sintam de mim é pena.

Fui perdida em pensamentos e as lágrimas silenciosas caíam dos meus olhos e não me preocupei em limpa-las.

Cheguei na escola cedo, então peguei alguns livros e fui para minha primeira aula.

Na sala, encontrei Flávia sentada em seu lugar sozinha ouvindo música em seu celular perdida em seus pensamentos.

Me aproximei da mesma que me olhou preocupada e não consegui seguras as lágrimas.

- Pie, o que houve? - Falou ela se levantando me abraçando. - Por que está assim?

Abracei a minha única amiga como se ela fosse meu porto seguro. Seu abraço era forte, aconchegante e protetor, fazia tempos que alguém não me abraçava daquele jeito.

- Hoj-Hoje... - Solucei. - Hoje faz cinco meses que minha mãe morreu. - Chorei mais.

- Meu Deus! - Me abraçou mais forte. - Calma amiga, tô aqui com você.

Ela passava às mãos pelos meus cabelos me acalmando. Aos poucos às lágrimas foram cessando e os soluços também.

- As vezes eu acho que tudo não passa de um pesadelo, que eu vou acordar e vou ver minha mãe na cozinha fazendo algo pra mim comer, ou que eu vou ouvir ela rindo ou até mesmo brigando comigo pelas minhas notas ruins na escola. - Sorri com as lembranças. - Mas aí eu olho pro lado e percebo que é um pesadelo, mas que nesse minha mãe não vai me salvar.

Flávia estava chorando comigo.

- Não sei o que faria se perdesse alguém que eu amo. - Falou ela. - Mas não fica assim, ela deve estar em algum lugar olhando por você e tendo orgulho da grande pessoa que você é, mesmo sendo chata as vezes. - Falou ela dando de ombros me fazendo rir.

- Obrigada. Obrigada por estar comigo nesse momento. - Falei e coração.

Flávia foi a única pessoa que eu me preocupei em me aproximar, ela me entendia, me fazia rir e mesmo todos fazendo palhaçadas com ela, ela mantia seu lindo sorriso no rosto e não se deixava abalar por essas merdas.

Perci que alguns alunos já haviam chegado então resolvemos acabar com esse assunto. Flávia falava de várias coisas que me fizeram rir e por algum tempo consegui esquecer o dia de hoje.

O professor logo chegou na sala dando início a aula. Ao decorrer da primeira aula, percebi olhares curiosos em minha direção e sabia que eles estavam se perguntando o porque dos meus olhos estarem tá o vermelhos e meu rosto inchado.

Virei discretamente para o lado e pude perceber Urieel que me olhava com a expressão preocupada. Eduarda estava com sua cara de nojo, como sempre, mas a vezes pegava a mesma olhando para mim e cochichando com suas amiguinhas.

*

Na hora do intervalo, Flávia e eu estavamos andando pelo corredor em direção ao banheiro e comecei a perceber que várias meninas olhavam para mim e riam e cochichavam com suas amigas que também riam.

Achei estranho tudo isso mas não sei importância.

- Eai, sem mãe. - Falou um menino que eu não conheço apontando para mim e um grupo de meninos riram de sua piada sem graça.

Olhei para Flávia que me olhavam em confusão sem entender nada tanto quanto eu.

Quando estava para entrar no banheiro, Urieel vem correndo e me para:

- Não entra aí, por favor. - Falou ofegante.

- O que foi agora? - Perguntei.

- Só não entra, vai ser melhor pra você. - Falou ele me olhando nos olhos.

- Vai me impedir de entrar no banheiro feminino? - Falei irônica. - Garoto, tô se estranhando. Sai da frente.

Empurrei ele de lado. Flávia e eu entramos no banheiro e me amaldiçoei por não ter ouvido Urieel.

Por todo o banheiro havia coisas escritas sobre mim de batom vermelho. Meu mundo girou quando comecei a ler e percebi que as frases todas se relacionavam a minha mãe.

SEM MÃE! HAHA
ÓRFÃO DE MÃE.
MAMÃE MORREU? :,(
SEM MÃE
SEM MÃE
SEM MA...
SEM...
S...

Várias meninas estavam no banheiro, todas elas riam de mim, da minha cara.

Meu mundo começou a girar, olhei para Flávia mas ela estava tão perplexa quanto eu. Vi Eduarda rir da minha cara junto com suas amigas e por último, antes da escuridão me tomar, vi na porta do banheiro, me olhando com olhos tristes, Urieel...

-------------------------------------------------------------
Comentem amores! Até o próximo ✌❤

Give me loveOnde histórias criam vida. Descubra agora