Capítulo 21

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Na noite passada, depois que eu voltei do quarto de Urieel, não consegui dormir um minuto se quer.

Urieel se fazia presente em cada pensamento meu e isso já estava me tirando do sério. Sei que não devo sentir nada por ele, que pra ele eu não passo de uma garota mimada que ele pode pegar a hora que ele quiser e depois volta correndo para a ruiva falsa. Isso é uma merda, me sinto uma merda por me permitir pensar nele, em seus lindos olhos, em seu sorriso, naquela risada rouca que ele tem e, principalmente, em seus lábios.

- Bom dia. - Falo sem ânimo algum quando chego na escola e encontro Flávia e Pierre conversando em baixo de uma árvore no gramado na escola.

- Que cara é essa? - Me pergunta Pierre me olhando preocupado.

- Não dormi direito. - Falei me sentando com eles. - Porque estão aqui? Não deveríamos estar na sala de aula? - Mudei de assunto.

- Estamos de horário vago. - Falou Flávia. - Você pode mudar de assunto, mas mesmo assim nós iremos conversar mais tarde. - A mesma sussurra para só eu ouvir.

Encolhi os ombros e só concordei com a cabeça.

- Então, vai rolar uma festa na casa do meu primo esse fim de semana, alguém anima ir? - Pierre perguntou olhando para nós.

- Eu não sei, não gosto de festas. - Flávia encolhe os ombros.

- Eu vou! - Falei.

- Mas você nem falou com seu pai. - Flávia fala séria.

- Isso não é problema, preciso me distrair e é isso que eu vou fazer. - Deu de ombros. - Vamos?

- Não. - Falou ela.

- Porque? Vamos! Prometo que você vai se divertiu muito. - Falou Pierre lançando um olhar safado para Flávia.

- Tá. - Falou ela. - Vou pensar no caso.

- Acho que não sou a única que tem coisas a falar. - Sussurrei no ouvido de Flávia que sorriu em desculpas.

- Gente. - Pierre chamou nossa atenção. - O que tá acontecendo ali? - Pergunta apontando para a quadra de futebol.

Na quadra havia um grupo de pessoas que observavam certa briga. Urieel e Eduarda discutiam ferozmente, Urieel parecia desnorteado e Eduarda parecia que a qualquer momento iria explodir. Não dava para ouvir nada pois estávamos um pouco longe mas dava para perceber que a coisa estava feia e que se ninguém fosse intervir poderia piorar.

- A gente tem que ir lá. - Falei me levantando.

- Oque? - Flávia quase gritou.

- Nós temos que ver o que está acontecendo. - Falei. - Vamos!

Ambos bufaram mas me seguiram, na medida em que nos aproximavam, pode perceber que Eduarda gritava e chorava.

- Porque eles estão brigando? - Perguntei a uma menina que assistia o espetáculo.

- Não faço... - Começou mas foi interrompida.

- Então a vadia resolveu aparecer?! - Eduarda falou se virando para me olhar. - Não achou o suficiente se jogar em cima do meu namorado e agora quer tirar ele de mim?!

- Do que você está falando? - Perguntei em confusão.

- Eduarda, eu já disse que ela não tem nada a ver com isso. Para de dar show e vamos conversar em outro lugar. - Falou Urieel autoritário.

- Show? Você chama isso de show? - Eduarda agora se virou para ele. - Você está me deixando, está me trocando por essa brasileirinha de mais tigela e quer que eu fique calma? - Ela gritava.

- Eu não sou ser namorado! - Urieel gritou assustando a todos. - Eu não sou nada seu a muito tempo, Eduarda. Nos não temos nada e Pietra não tem nada a ver com isso.

- É por culpa dela que você está me deixando, essa sem mãe. - Falou olhando assustada para ele.

- Já chega! - Gritei. - Não vou ficar aqui ouvindo você falar da minha mãe. Quem é você pra falar desse jeito comigo? Se coloca no seu lugar pois tu não é melhor do que ninguém aqui. Eu não tenho nada a ver com a história de vocês dois, se ele resolveu de deixar foi porque, finalmente, viu quem você é de verdade! - Falei sem fôlego.

- Acabou a muito tempo Eduarda, só você não aceitou isso. Eu cansei de ficar perto de você e ver o quão mal você é. - Falou Urieel. - Acabou. - Falou por fim saindo da quadra.

- Isso é tudo culpa sua e você vai me pagar por isso. - Falou Eduarda apontando para mim e saindo pelo lado oposto da quadra.

- Uau! O que foi isso? - Pierre perguntou pasmo.

- Não faço a mínima ideia. - Falei.

- Gostei do que você falou, amiga. - Falou Flávia tocando em meu ombros.

- Obrigada. - Suspirrei.

Minha cabeça girava e a dor de cabeça insuportável já estava de volta com tudo. Queria pensar, queria um tempo pra mim, preciso respirar um pouco.

- Eu... eu vou ali e já volto. - Falei olhando para Flávia que entendeu e acentiu com a cabeça.

Corri o mais rápido que pude para fora da quadra. Me encostei em uma enorme árvore logo atrás da quadra. Fechei meus olhos e me permiti respirar e levar ar ao meus pulmões.

- Tudo bem? - Perguntou uma voz rouca atrás de mim.

- Sim. - Respondi olhando nos olhos de Urieel. - O que foi tudo aquilo lá dentro? - Perguntei.

- Não sei. Só não suportava mais Eduarda e seu jeito. Vi que era hora de ela enfim entender que já não existe mais nada entre a gente. - Falou.

- Hm. - Falei. Minha cabeça latejava. - Acho melhor eu ir.

Me virei para correr dali mas fui parada por fortes mãos em minha cintura me fazendo virar e encarar um par de olhos verdes intensos.

- Não vai, eu preciso de você. - Sussurrou.

Não fui capaz de responder. Eu precisava dele mas negava isso a mim mesma.

Aos poucos, Urieel veio se aproximando de mim e logo nossos lábios estavam juntos.

Me entreguei aquilo. Sentia falta dos seus lábios nos meus e nem parece que na noite passada nós tínhamos nos beijado.

O beijo foi lento, carinho mas ao mesmo tempo cheio de desejo. Quando Urieel se afastou um pouco, ambos estávamos ofegantes e com sorrisos bobos nos lábios.

- Sai comigo hoje? - Perguntou em sussurro.

- Como? - Perguntei em confusão.

- Tipo um encontro. - Riu. - Em?

Eu coração bateu forte naquele momento. Um encontro? Com ele? Uma felicidade estranha me envadiu, o sentimento que eu sinto toda vez que fico perto dele pulsou forte e me esqueci de todo o resto.

- Sim. - Sussurrei.

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