Capítulo 15

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Digamos que eu nem dormi essa noite. Passei a madrugada pensando, olhando fotos da minha mãe com meu pai, me lembrando das histórias que ela me contava deles dois apesar dela sentir dor ao se lembrar das mesmas.

Apesar das histórias lindas que ela me contava dos dois, eu sentia raiva do meu pai. Raiva por ele ter abandonado uma mulher incrível como minha mãe, por ter feito ela sofrer, por ter deixado ela me criar sozinha e não se importar com a filha que ele deixou abandonada.

Quando eu era pequena não entendia o porque de eu não ter um pai, pensava que ele havia morrido ou sei lá. Pensava que eu não era digna de ter um, mas com o tempo fui entender tudo e me doeu mais ainda saber que meu pai sabia da minha existência mas que não fazia nada para se aproximar de mim e ter meu amor.

Quando ele entrou em contato com o juiz pedindo minha guarda só fez despertar uma fúria que eu não sabia que existia em mim. Todos esses anos que ele tinha para correr atrás do prejuízo ele só vem agora que minha mãe morreu? Me sintia como um fardo para ele, como se ele somente estivesse fazendo sua obrigação de pai.

Mas hoje, pensando melhor, relembrando todas as palavras de Camila, Andrew e até mesmo de Urieel me fazem pensar se é mesmo verdade, se é mesmo que ele me ama. Tenho medo de me entregar, de me deixar amar o meu pai e tudo isso não passar de fingimento.

Respiro fundo, enxugo minhas lágrimas e guardo as fotografias da minha mãe na caixa em baixo da cama.

Vou para a pequena varanda que tem no meu quarto apreciar o nascer do sol. A brisa gelada da noite que se vai faz com meu minhas lágrimas sequem. Fecho meus olhos e deixo o vento levar para longe com si todos os meus pensamentos conturbados e tristes.

Abro meus olhos com o barulho de uma buzina lá em baixo. Abaixo meu olhar e vejo o carro do Jared estacionar na garagem. Meu coração acelera.

- Papai! Mamãe! - Escuto Andrew gritar e logo ele aparece lá fora abraçando fortemente os dois.

Por um segundo senti inveja daquele amor que tem entre os três. Andrew tem um pai e uma mãe, ambos se amam e vivem felizes na mesma casa.

Balancei a cabeça como forma de espantar esses pensamentos estúpidos.

O anjinho não tem culpa do passado, Pietra. - Meu subconsciente me falou sério.

Desci as escadas encontrando meu pai arrastando as malas para dentro e casa com dificuldade.

- Deixa que eu ajudo! - Falei correndo para pegar uma mala enorme.

Jared me olhou com espanto mas nada disse, apenas sorriu e acentiu.

- Obrigada. - Falou dando um sorriso sincero e não resisti, retribui.

- Ah, estou morta! - Falou Camila se sentando no sofá. - Então crianças, como foi tudo aqui?

- Bem! A Pietra cuidou bem de mim. - Falou Andrew piscando para mim.

- E como foi a viagem? - Perguntei me sentando ao lado de Camila que se surpreendeu com meu interesse.

- Foi maravilhosa! - Fala Camila pegando em minha mão. - Apesar de ser a negócios e apenas dois dias, conhecer Paris não tem preço. Espero que possamos voltar lá, mas dessa vez com todos vocês! - Falou ela me dando um sorriso empolgante.

- Vamos para Paris!? - Andrew pergunta pulando.

- Sim. - Jared concorda. - Mas não agora, mas férias se você passar de ano, né espoleta?! - Jared ri indo em direção ao filho fazendo cócegas no mesmo que cai no chão dando gargalhadas.

Olhar eles dois felizes, brincando me fez pensar se seria assim que eu vivesse com meu pai...

- Pietra? - Camila me chama me tirando dos meus pensamentos. - Sua diretora me ligou dizendo que você levou advertência. - Falou ela baixo só para mim ouvir aproveitando o momento em que os meninos brincavam no chão.

DROGA!!!

- Sim. - Falei de cabeça baixa. - Ela contou o motivo? - Perguntei e ela acentiu. - Me desculpe, mas não podia deixar ela falar daquele jeito com minha amiga. Não é certo!

- Calma querida. - Falou Camila colocando sua mão em meu ombro. - Eu entendo você e sei que fez com boa intensão. - Ela abaixa o tom. - Me dê o bilhete que eu mesma assino, seu pai não precisa saber dessa história. - Pisca para mim.

- Ele não sabe? - Pergunto boquiaberta.

- Não. - Sorriu. - Digamos que é nosso segredo. - Piscou.

- Ok. - Sorri sinceramente.

Olhar Camila feliz por compartilhar comigo um segredo bobo, me fez bem, me faz lembrar da minha mãe. Nela, de alguma forma eu sentia um sentimento materno, como se ela pudesse me entender que nem minha mãe, e talvez possa...

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Pequeno mas de coração!
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