Capítulo 29

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Não sei por quanto tempo dormi. Minha cabeça parecia que ia explodir, meu rosto está inchado de tanto que chorei na noite passada. Acordei com um lado da minha cama se afundando e com alguém acariciando meus cabelos.

- Bom dia flor do dia. - Flávia fala calmamente.

- Você chegou cedo. - Falei sonolenta.

- Na verdade é você que dormiu de mais. Já passa de uma da tarde. - Fala ela rindo. - Vejo que a conversa não foi muito boa.

- Não. - Falo me sentando na cama.

- Você está horrível! - Fala ela rindo.

- Não é nada legal rir das desgraças dos outros! - Falo jogando meu travesseiro nela.

- Ta. Desculpa. - Fala ela séria. - O que aconteceu pra você estar assim?

- Urieel disse que está apaixonado por mim. - Falo cabisbaixa.

- O-Oque? - Flávia engasga. - E por que isso é motivo para você estar com a cara toda inchada de quem chorou a noite toda?

- Porque eu saí correndo. Saí correndo depois que ele disse que estava apaixonado por mim.

- Oque? - Ela quase grita. - Por que você fez isso? Um garoto diz que está apaixonado por você e você corre? Pensei que você estivesse sentindo algo por Urieel. Eu juro que não entendo!

- Eu gosto dele... - Confesso. - Eu sinto algo por ele, mas eu tenho medo. Ele se declarou para mim, aí eu me lembrei de toda a história da minha mãe e tudo de ruim que ela passou. Meu pai também era apaixonado pela minha mãe quando ele deixou ela ir embora grávida.

- Isso não tem nada a ver com a história dos seus pais. - Flávia fala. - Seus pais erraram, seu pai errou, mas isso não quer dizer que isso vá acontecer com você, amiga.

- Mas ele se apaixonou assim, derrapante? Não acha estranho? - Perguntei.

- Você não se apaixonou derrepente também? - Flávia arquea uma sobrancelha e eu concordo com a cabeça. - Isso não tem nada a ver, a gente se apaixona em um piscar e olhos, em uma troca de olhares ou de sorriso.

Flávia tinha razão, meu medo é besteira, o que aconteceu no passado não influência nada no meu futuro.

- O que eu posso fazer agora então? - Pergunto. - Ele deve estar com ódio mortal de mim.

- Conversa com ele, explica. Ele com certeza vai entender. - Ela fala convicta.

- Como tem tanta certeza? - Pergunto. - As vezes você fala como se conhece ele a muito tempo.

- E eu conheço. - Fala ela dando de ombros.

- Como assim? - Pergunto em confusão.

- Nós estudamos juntos dês do jardim de infância. Quando pequenos nós éramos bem próximos, amigos mesmo. Mas aí começaram a zoa com a gente, dizendo que ele ficava comigo por pena, que eu era uma criança feia e gorda que não devia andar com ele, até que eu decidi me afastar e mudar de escola. - Fala ela soltando um suspiro.

- Isso é horrível! - Exclamo. - Detesto esse tipo de pessoa que humilha os outros para a sentir bem, vocês eram crianças.

- Eu também odeio isso, mas faz tempo. - Fala ela sorrindo. - Ele deve nem se lembrar mais de mim e eu já superei isso.

- Sinto muito por isso. - Falo.

- Não sinta. Já passou. - Fala se levantando. - Agora se arruma e vai resolver as coisas com seu garoto.

- Achei que ia ficar mais. - Falo fazendo bico.

- Eu queria, mas já fiz o que tinha que fazer. - Fala ela. - Eu marquei de encontra com Pierre hoje no parque.

- Vocês estão sérios. - Sorrio maliciosamente.

- Nós só estamos nos conhecendo. Ele é incrível e me faz bem, sabe?

- Sim. Agora vai lá. - Falo. - Amanhã a gente se fala e você me conta mais sobre você e Pierre.

- Ok. - Me da um beijo na bochecha. - Se cuida e não deixe o medo cegar você.

- Pode deixar. - Pisco para ela e a mesma se vai.

Urieel.

Se eu tô com raiva? Sim, claro que eu estou com raiva!

Eu me declarei para ela, eu disse tudo que eu queria dizer e ela simplesmente foge de mim.

Nunca me senti assim por garota alguma, mas do nada ela chega e muda os sentimentos dentro de mim, faz uma confusão e simplesmente foge de mim.

Hoje de noite nem consegui dormir, quando amanheceu pulei da cama e fui treinar. Passei a manhã fora, na academia, treinado e colocando toda a frustação para fora. Depois fui almoçar com os meninos e agora estou voltando para casa. Nem sei como vai ser ver ela de novo, ver aqueles olhos castanhos cheios de dúvida e medo. Ver ela fugir de mim ontem me quebrou, ver que não sou correspondido no que sinto por ela.

A música nos meus ouvidos tocava alta, meus olhos não focavam em nada. Até lindos e grandes olhos castanhos me chamarem atenção.

Pietra estava sentada nas escadas da minha casa, seu olhar em mim fez meu sangue esquentar e meu coração acelerar, como sempre quando estou perto dela, só ela tem esse efeito em mim.

Me aproximo devagar, avaliando seu rosto inchado, seus olhos brilhantes.

- O que faz aqui? - Pergunto calmamente.

- Eu pensei que estaria em casa, mas vi que não tinha ninguém então resolvi esperar você chegar. - Falou ela dando um sorriso fraco.

- Eu não estou afim de conversar. Estou morto. - Falei.

- Eu só quero uma oportunidade de me explicar. - Fala ela quase implorando.

- Ok. - Me rendo. - Vou lá dentro tomar um banho rápido e já volto.

- Tá. - Ela concorda e eu entro em casa.

Tomo um banho gelado e rápido, coloco uma roupa qualquer, passo perfume e vou lá fora encontrar Pietra que continua sentada na escada.

- Acho que agora pode falar. Já estou mais apresentável. - Falo de pé ao lado dela.

Ela não responde. Somente se levanta o pula em meus braços me abraçando forte. Sua ação me pegou de surpresa, mas logo me recompus e retribui o abraço. Abracei ela como se fosse minha única maneira de me manter vivo. Sentir seu cheiro doce me deu uma paz que nunca imaginei sentir em minha vida.

- Me desculpa. - Fala ela em sussurro ainda no meu abraço. - Eu não devia sair correndo daquele jeito.

- Só me diga o porque de sair daí ele jeito.

- Medo. - Ela funga. - Medo.

E essa única palavra foi capaz de quebrar meu coração em mil pedaços.

Give me loveOnde histórias criam vida. Descubra agora