Capítulo 37

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Urieel.

Conheço Eduarda a tempos, quando ainda éramos crianças. Ela sempre foi uma garota impulsiva, que gostava de procurar confusões, que não estava nem aí para nada. Mas mesmo assim, quando estava ao meu lado, ela conseguia transmitir uma certa doçura, inocência. Pensava que com o tempo isso fosse crescendo dentro dela, que ela deixasse de ser aquela pessoa que só pensava em si, mas infelizmente hoje vejo que o seu lado ruim ganhou de sua doçura.

Mas não posso nunca me esquecer de que quando meu pai morreu, há dois anos atrás, ela esteve comigo, junto com o resto dos meus amigos. Ela me deu forças para continuar, me levantou. Foi aí que começamos tudo. Apesar do seu temperamento forte, gostava de sua companhia, e tentava de todas as formas ignorar seu jeito rude de ser.

O que nós tínhamos nunca foi algo sério, era mais uma amizade colorida, sabe? Mas aos poucos fui perdendo o interesse nisso, fui desejando ter algo sério com alguém. Aí, em um dia de Sol, resolvo sair para ir ao parque e por um assistente, que hoje vejo que foi o melhor da minha vida, encontro a pessoa com quem eu quero ter algo sério, Pietra.

Se eu estou apaixonado por aqueles olhos castanhos? Sim. Se precisei perde-lá para reconhecer isso? Infelizmente. Mas como eu mesmo disse ontem no quarto dela, vou provar que tudo isso não passa de uma mentira, e que o que sinto por ela pode ser tudo, menos pena.

Agora estou aqui, esperando Eduarda sair da sua última aula para terminar com isso que ela começou de vez.

Espero mais uns dez minutos até que o sinal toque e o corredor, antes vazio, se encha com os alunos loucos para irem para suas casas.

Não demora muito e Eduarda sai de sua sala com suas amigas.

- Acho que temos que conversar. - Digo chegando perto dela e seu sorriso que antes estava ali, desaparece.

- Ok. - Ela simplesmente diz. Se despede de suas amigas e seguimos o corredor.

Do canto do olho, de relançe, posso ver Pietra. Seus olhos grandes estão em nós, posso perceber que ela aperta seus livros ao redor de si, Flávia olha para mim com raiva e rapidamente puxa Pietra para longe de mim, mais uma vez...

Eduarda e eu caminhos para fora da escola e pegamos o caminho de sua casa ainda em silêncio.

- Achei que nunca mais iria falar comigo. - Diz ela quebrando o silêncio. - Todas as vezes que eu tentava falar com você, você simplesmente me ignorava.

- Esse era o plano. - Dou de ombros. - Mas você ainda tem que resolver aquilo com Pietra.

- Ah, claro! Pietra! - Fala ela sarcástica. - Pensei que já havia resolvido, não tenho nada a resolver com aquela lá.

- Mas é claro que tem. Você provocou essa situação. Ela acha que estou com ela por pena. - Falo sério. - Você não é mais a garota que um dia em conheci.

- As pessoas mudam, eu mudei. - Fala ela. - Agora, vai me dizer que não ficou com ela por pena?

- Não. Ela perdeu alguém como eu perdi, alguém que amava muito. E só pelo fato dela ter superado isso, de certa forma, fez ela ser forte. Não sinto pena dela, nunca! Ela é forte e não precisa de pena de ninguém.

- E o que quer que eu faça? Que leve um bolo de chocolate a sua casa, que peça desculpa a nós duas se tornemos melhores amiga? - Ri ironicamente.

- Isso não seria má ideia, mas como eu sei que você não faria isso, só explicar tudo isso já está bom. - Falo com um pouco mais de amino.

- Acha mesmo que irei fazer isso? Ela me tirou você. - Eduarda para do nada. - Nós estávamos bem.

- Não. Nós não estávamos bem e você sabe disso. Aquilo que nós tínhamos estava fazendo mal a nós dois, estava estragando a nossa amizade. - Falo pegando no seu braço.

- Eu não passo de uma amiga para você, não é? - Fala ela agora cabisbaixa.

- E só o que eu posso lhe dar, amizade.

- E seu eu não disser nada a Pietra? - Pergunta agora séria.

- Aí eu sinto muito, mas nem a minha amizade você vai ter mais. - Falo convicto.

- Eu não posso, não posso te entregar para aquelazinha, você sabe que não vejo você como um simples amigo. - Ela ela tocando meu peito.

- Você vai fazer isso. - Tiro sua mão de mim. - Você não sabe o que sente por mim. Ou você esclarece tudo, ou até nunca mais. - Falo com raiva.

Me viro e simplesmente vou embora deixando ela no meio da calçada sozinha.

Lamento por não poder corresponder o sentimento de Eduarda. Meu coração já foi tomado pelos olhos castanhos brilhantes de Pietra. Agora eu tenho que ter calma e ver no que vai dar, se Eduarda não falar nada, irei eu mesmo, com toda a minha força, lutar por aqueles olhos lindos que tanto me prendem.

Eduarda.

Urieel sempre foi um garoto doce, divertido. Ao contrário de mim, sempre nariz empinado. Urieel e eu nos conhecemos a muito tempo e ele, apesar do meu jeito de ser, sempre esteve comigo.

Mas as coisas no último ano ficaram diferentes, ele se afastou bastante e tudo piorou por causa de Pietra. Uuuuuurg!

Se eu tenho ciúmes? Claro! Ver ele sorrindo feito um bobo para ela me fez ficar puta de raiva. Ele nunca sorriu daquele jeito tão... apaixonado para mim.

Na noite do jantar, tive a oportunidade de acabar com aquilo de vez. Mas o que eu fiz só fez ele se afastar ainda mais de mim. Não ter ele no meu dia a dia está me deixando para baixo, triste. Sim! Eu tenho sentimentos, apesar do meu jeito "bruxa" de ser.

Mas hoje, quando ele falou comigo, vi em seus olhos o quanto ele gosta daquela garota. Percebi que, infelizmente, ele nunca sentirá algo parecido por mim.

Não sei o que vou fazer. Mas não posso ficar sem ele na minha vida. Isso já é de mais! E mesmo se for somente para ter sua amizade, que seja! Ele ainda faz parte de mim, da minha vida.

Acho que prefiro ver ele com alguém que gosta verdadeiramente, do que ser culpada por sua tristeza e não ter mais aqueles olhos em minha vida.

Só me falta a coragem para fazer o que tenho que fazer.

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Até o próximo amores ❤

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