Capítulo 33

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Depois de comer na casa de Flávia e passar quase a tarde toda lá, Camila me manda uma mensagem falando para mim ir para casa pois a mesma iria ao médico e não poderia levar Andrew.

Vou andando pelas ruas de Lynchburg, posso perceber que morar aqui tem suas vantagens. A cidade não é tão grande como Porto Alegre, as pessoas são calorosas, as ruas são encantadoras, andando pelas ruas você pode sentir o encanto mesmo não tento tempo nem coragem para explorar mais a cidade.

Ando pelas ruas perdidas em pensamentos junto com a música que toca alto nos meus ouvidos. Vou pensando em tudo que aconteceu, o quanto eu mudei e o quanto gostei dessa mudança, por mais caro que o preço dela tenha sido.

Quando chego em frente de casa, Camila já estava saindo com o carro.

- Que bom que já chegou, querida. - Fala ela abaixando o vidro. - Andrew está lá dentro assistindo TV.

- Ok. - Falo. - Você está doente? Aconteceu alguma coisa?

- Nada que se preocupe. E só exames de rotina. - Ela pisca para mim e se vai.

- Ei! - Urieel me chama quando Camila já está longe.

- Oi. - Sorrio.

- Comprei pizza pra gente. - Coça a nuca. - Vamos lá em casa.

- Eu não posso, tenho que cuidar do Andrew. - Encolho os ombros.

- Não seja por isso. Pego a pizza e o refri e vou para a sua casa, pode ser?

- Claro. - Sorrio docemente.

Ele me puxa de uma vez e me beija delicadamente.

- Eu já volto. - Sussurra e se vai.

Entro dentro de casa e encontro Andrew deitado no chão assistindo um filme de terror.

- Cheguei. - Falo.

- Hey. Quer vir assistir filme comigo? - Pergunta com seus lindos olhos azuis brilhando.

- Sim. Urieel está vindo aí com pizza para a gente come. - Falo me sentando no sofá.

- Vocês estão juntos? - Pergunta curioso.

- Não anjinho, somos só amigos.

- Amigos que se beijam. Quero ter uma amizade assim. - Fala ele pensativo.

- Oh não. - Caio na gargalhada. - Você é muito novo para isso é aposto que sua mãe não irá gostar nada dessa história. - Falo ainda gargalhando.

Ele simplesmente dá de ombros e volta a sua atenção ao filme.

- Cheguei. - Urieel fala abrindo a porta com dificuldade.

- Deixa que eu ajudo. - Corro até ele e pego a pizza levando até a cozinha.

- Vem comer, anjinho. - Urieel chama.

- Posso comer na sala? - Andrew pergunta olhando para mim.

- Pode. Mas não conta para a sua mãe. - Pisco para ele e ele pula pegando um prato e seu pedaço de pizza voltando para a sala.

- Então, onde estava? - Urieel pergunta quando nós já estamos sentados na mesa comendo.

- Estava na casa de Flávia. Ela vai jantar na casa de Pierre e queria minha ajuda para escolar a roupa.

- Eles estão sérios. - Ele fala sorrindo.

- Sim. Ele pediu ela em namoro hoje de manhã. - Dou de ombros.

- Nossa! Disso eu não sabia.

- Pois é. Ela me contou também que você conversou com ela. Fico feliz que tenham se entendido. - Falo olhando em seus olhos.

- Eu também. Flávia fez parte da minha vida no passado. Ela sempre foi uma ótima pessoa e quero esse tipo de gente perto de mim agora. - Ele fala pensativo e eu apenas aceno.

Ficamos em silêncio por um tempo. Ambos imersos em seus próprios pensamentos.

- Vamos brincar? - Pergunta ele depois de uma tempo sorrindo.

- Não tenho mais idade para brincar na areia, Urieel. - Falo.

- Não é esse tipo de brincadeira. - Ele rola os olhos. - Ambos fazemos perguntas um sobre o outro, coisas que temos curiosidade. Aí nós só respondermos. - Dá de ombros. - Uma forma de conhecer mais um ao outro.

- Ótima forma de nós conhecermos. - Resmungo.

- Eu começo. - Fala animado. - Seu seriado favorito?

- Supernatural. - Falo sem ânimo. - O seu?

- The Vampire Diaries. - Fala encolhendo os ombros.

- Você? - Rio. - Nunca imaginei.

- Que foi? Gosto de história de vampiros. - Da de ombros. - Mas também tem CSI.

- Ok. - Falo tentando conter o riso. - Data de aniversário?

- 2/ 10/ 99. - Fala. - O que mais gosta de fazer?

- Antes de tudo acontecer, eu gostava de fotografar. Era a única coisa que me animava, gostava de fotografar tudo. Achava aquilo incrível e minha mãe sempre foi minha incentivadora. No dia do acidente, nós duas estávamos voltando do estúdio de um amigo dela que me convidou a assistir um ensaio. Aquilo para mim era mágico! Mais depois do acidente nunca mais fotografei.

- Por que? - Pergunta ele em sussurro.

- Por que era algo que me lembrava a minha mãe. Era algo que me fazia feliz, que me tirava do meu mundo, depois da minha mãe. Eu tinha perdido minha incentivadora, não havia razão para continuar. - Falo triste.

- Sinto muito. - Fala ele cabisbaixo. - Não queria tocar nesse assunto. Sei que dói pra você.

- Já doeu mais. - Sorrio fraco. - Agora é minha vez. O que te levou a contar? - Pergunto tentando mudar o foco da conversa.

- Meu pai. - Ele sorri pensativo e vejo que não consegui mudar o foco da conversa.

- Não precisa continuar. - Falo rápido.

- Não. Eu quero continuar. - Ele fala e eu aceno. - Meu pai tocava. Minha mãe disse que quando estava grávida de mim meu pai cantava para mim. Então a música está em mim dês de sempre. Eu amava ver ele tocar, ouvir sua voz e sua paixão pela música. Eu me apaixonei vendo ele tocar, por que qualquer um que ouvisse ele se apaixonava. Ele me ensinou tudo que eu sei. É por ele que canto. É pela paixão que nos tínhamos em comum.

- Isso é lindo. - Sussurro.

- Antes dele ir. Ele me disse algo que sempre estará comigo: "A música é vida, é alegria, é salvação. Faça da sua vida, uma música."

- Queria ter conhecido ele. - Falo sem pensar.

- Ele iria gostar de você. - Urieel sorri sinceramente.

- Acho que essa brincadeira foi para um lado dolorido para nós dois. - Falo rindo.

- Pois é. Mas acho isso bom, me abrir com alguém. Isso alivia.

- E como. - Concordo. - Acho que já sabemos um pouco mais um sobre o outro.

- É. Por enquanto dá pro gasto. - Ele dá de ombros.

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