Capítulo 30

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Pietra.

Assim que Flávia saiu de casa, meu pai me encheu de perguntas perguntando o porque de chegar sem Pierre, de eu chegar em casa correndo e me trancar no meu quarto e o que tinha acontecido. Depois que me livrei dele com a ajuda de Camila, mais uma vez, fui para a casa de Urieel conversar com ele, mas o mesmo não estava então resolvi esperar até ele chegar.

Quando avistei ele, com uma calça moletom, regata branca e tênis todo suado, meu coração parou. Se eu achei que ele já era lindo, dessa vez ele se superou. Quando seu olhar se encontrou com o meu, meu corpo se arrepiou e meu coração instantaneamente acelerou.

E agora estou aqui, abraçada com ele como se essa fosse minha única forma de me proteger do mundo. Seu abraço é apertado, sinto seu coração, assim como o meu, bater forte.

- Medo. - Fungo em seu ombro sentindo lágrimas em meus olhos. - Medo.

- Vem. - Ele sai do meu abraço e pega na minha mão.

- Vamos para onde? - Pergunto.

- Vamos para o parque. - Diz ele me puxando para a rua.

Seguimos o caminho em silêncio. A todo o momento Urieel segurou minha mão forte. As vezes nossos olhares se encontravam e ele me dava um sorriso, sorriso que me faz sentir segura.

- Acho que agora você pode me contar. - Fala ele assim que sentamos debaixo de uma grande árvore no parque. - Por que sentiu medo.

- Porque. - Suspirei. - Ver você ali, se declarando para mim me fez imediatamente me lembrar da minha mãe e de tudo que ela passou. Sinti medo de acontecer comigo.

- O que aconteceu no passado não tem nada a ver com a gente. - Urieel fala sério. - Não acredito que me comparou com seu pai, que pensou que eu iria fazer a mesma coisa que ele fez com sua mãe. O que aconteceu foi com eles, não com a gente. Eu não sou seu pai.

- Eu sei, ok? Só que na hora me deu medo. Você pode ter todas as meninas que quiser, pode fazer qualquer uma beijar o chão que você pisa, você é lindo! Por que estaria apaixonado logo por mim? - As palavras saem sem minha permissão.

Nunca fui uma garota insegura, nunca tive medo de nada. Mas depois que Urieel entrou na minha vida, tudo mudou. Me questiono sempre por que das coisas, me pergunto o que é o sentimento que sinto por ele. O medo e a insegurança vieram juntos. Medo do abandono, medo no que isso pode levar, medo de que esse sentimento não seja correspondido.

- Você está certa. - Fala ele.

- Estou? - Pergunto cabisbaixa.

- Sim. Eu posso ter todas as garotas que eu quiser. - Da de ombros. - Mas eu não quero. Eu não quero todas. Eu quero aquela que quase me matou quando derrubei ela no chão. Quero aquela que deu um tapa em uma garota pra defender sua amiga. Quero aquela que me contou sobre sua mãe, que confiou em mim, aquela que saiu comigo e que eu cantei para ela. Quero você. - Falou ele olhando em meus olhos.

- E-Eu não sei o que dizer. - Sorrio sem graça.

- Não diga nada. - Fala ele se aproximando de mim. - Só me responda uma coisa, pode ser?

Eu concordo com a cabeça e ele continua:

- O que eu sinto por você, você sente por mim? - Pergunta ele em sussurro com sua testa colada na minha alisando meu rosto com a mão.

- Sim. - Falo quase sem fôlego.

E esse foi o passe para Urieel juntar nossos lábios. Ele me puxou para seu colo nos juntando ainda mais. Pareci me desligar do mundo ao nosso redor, só nós dois estávamos ali, era só o que me importava.

- Acho que esse é um começo. - Urieel fala depois de separar nossos lábios.

- Também acho. - Sorrio abraçando o mesmo. - Olha.

Aponto para um canto do parque onde Flávia e Pierre estão sentados e conversando.

- Eles parecem felizes. - Urieel fala seguindo meu olhar. - Vamos lá?

- Não. - Respondi. - Deixa eles lá no canto deles.

- Ok. - Urieel dá de ombros.

- Acho que você deve desculpas a Flávia. - Digo dando um tapa leve no ombro de Urieel.

- Aí. Pelo que?

- Você se lembra de uma garotinha que era sua amiga no jardim de infância? - Pergunto.

- Sim... - Fala pensativo. - Não me recordo muito bem dela, a gente se afastou e depois de um tempo ela saiu da escola. O que isso tem a ver com Flávia?

- A garotinha. - Aponto para Flávia de longe. - Era Flávia.

- Que?! - Urieel olha perplexo para Flávia e depois abaixa a cabeça. - Eu não sabia, ela mudou bastante depois daquele tempo.

- Pois é. - Falo. - Ela se lembra de você e por causa dela eu resolvi falar com você. Ela conversou comigo e disse que o que a gente tem não tem nada a ver com a história dos meus pais.

- Uau. Flávia, como sempre dizendo coisas certas. - Urieel sorri e eu também. - Acho que devo desculpas por tudo e por não lembrar dela, mas principalmente agradecer por ter abrido seus olhos.

- É. - Concordo.

- Mas antes. - Urieel me tira dos meus devaneios. - Vou aproveitar que você não esta de mal humor e te beijar.

- Não abusa, garoto! - Sorrio juntando nossos lábios mais uma vez.

Sabe quando você sente que sua vida está do jeito certo mesmo que nos olhos dos outros está torta? É assim que eu me sinto. O meu medo e minha insegurança foram mandadas para longe quando vi nos olhos de Urieel que ele falava a verdade, que o que ele sentia por mim era verdadeiro.

Não sei onde isso vai dar, se vamos levar isso adiante, mas eu já pedir quem eu amava, não posso deixar mais uma pessoa ir. Não é justo.

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