Capítulo 27 > Minha querida, são quatro da manhã.

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Rita deitou-se na cama e desligou a luz do teto, deixando apenas a luz do cadeeiro. Não iria ter com Miles e sabia que ele também não iria ter com ela. Depois das suas discussões, por causa do passado de ambos, ou por causa da forma como se tinham magoado, acabavam sempre por precisar de algum tempo até voltarem a ficar um com outro. E achava melhor fazer aquilo, dentro de dias iriam de férias e era melhor depois haver sempre uma tensão entre eles os dois.

Desligou a luz do candeeiro e tirou os óculos. Colocou o telemóvel na mesa-de-cabeceira com o alarme para ir fazer a sua corrida matinal. Suspirou e acabou por fechar os olhos.

Em pouco tempo estava a dormir.

Ela entrava naquele momento no café, lá estava definitivamente mais fresco que na rua e ela agradecera por isso. Assim que entrou, o homem que estava a ser atendido tentava não dar nas vistas dando. Trazia uma camisola comprida, uns óculos de Sol e um boné ocultando grande parte da sua cara.

Assim que ele se virou, ela reparou na carrada de café que tinha sido comprado pelo homem. Arregalou os olhos quando reparou quem era ele. – Precisas de ajuda? – Ela perguntou enquanto chegava para perto dele. – Estás carregado.

-Isso seria ótimo! – Ele disse, quando reparou que era ela. Rita pegou em duas das quatro caixas, deixando-o ajeitar as outras duas que ele tinha. – Oh... mas não ias compras café?

-Não é prioridade. Além de que tens muitos aqui. – Disse enquanto caminha ao lado dele, seguindo sempre ao lado do rapaz, seguindo o ritmo. Ambos continuaram a falar, e ela não disse nada.

-Nunca me disseste que idades é que tinhas. – Ela disse. Devia ser mau dizer que estava a terminar quase a terminar o secundário enquanto ele já devia ter feito a faculdade, ou estava fazer. – Olha eu tenho 20 anos, vou fazer em Março do próximo ano 21.

-Tenho 17 anos, dentro de pouco tempo faço 18. – Ela disse sorrindo para ele. – Como é a faculdade? – Decidiu perguntar, para não haver silêncio entre eles os dois.

-Eu parei de estudar depois do secundário, como sabes tenho uma banda...- Rita arqueou a sobrancelha quando ele parou de falar de repente, depois sorriu. – ... como sabes eu tenho uma banda de garagem e então dediquei-me a tempo inteiro a ela, tendo pequenos empregos. – Ela assentiu com a cabeça.

Quando pararam ao pé do hotel do rapaz, ela arregalou os olhos.

-Para banda de garagem, vieram logo para um dos grandes hotéis de Lisboa. – Ela disse e Georg sorriu encavacado.

-Foram os agentes com quem falamos que pagaram a nossa vinda. – Entraram no elevador do hotel em silêncio e abriram a porta com o cartão que o rapaz tinha. – Eu gostava muito de ficar a falar contigo, mas não posso. – Ela assentiu e acabaram por de se despedir e ela voltou a ir-se embora, não saber qual era o nome da banda do rapaz.

Entrou no elevador e sorriu para o rapaz abanando a sua mão em modo de despedida enquanto as portas se fechavam...

Rita acordou sobressaltada e cheia de suor. Os sonhos tinham voltado. Os sonhos com o Georg tinham voltado. Levou a cabeça as joelhos e acabou por tentar controlar a sua respiração. Não tinha sido um sonho mau, mas sempre que os tinha acabava por se lembrar do que tinha acontecido pouco tempo depois... quando ele tinha terminado tudo com ela. E isso tornava-o mau e constrangedor.

Tinha sonhado com uma das vezes que se tinham visto e o facto de se lembrar perfeitamente daquele momento assustava-a demasiado. Já se tinha passado coisa de oito, nove anos desde aquele momento.

Suspirou bruscamente e levantou-se da cama, sem ver nada, por não ter colocado os óculos, saiu do seu quarto e bateu na porta da frente. Bateu repetitivamente até além lhe abrir a porta, a pessoa foi Adam.

-Minha querida, são quatro da manhã. O que é que foi? – Ele disse enquanto esfregava os olhos devido à rapariga o ter acordado.

-O Miles? – Ela perguntou enquanto ela entrou dentro do quarto. Ele suspirou e acabou por fechar a porta do quarto e deitar-se na cama, de novo. Ela olhava para os lados, mas não conseguia ver bem e estava demasiado escuro. – Adam, diz-me onde é que ele está. Estou sem óculos e está escuro.

Sentiu uma mão a cobrir a sua e percebeu que era Miles que estava à sua frente e abraçou-o com força. Suspirou, estava com ela. Ninguém iria acabar com aquele momento, ele não iria acabar com ela por carta. E se a chama se apagasse... ela sabia que ele iria falar com ela. E não lhe iriam magoar como Georg a tinha magoado, com apenas uma carta.

Miles respondeu ao abraço e abraçou-a também, beijou-lhe no topo da cabeça e ela suspirou. – O que é que aconteceu? – Ele perguntou enquanto a fazia sentar na sua cama. Ela encolheu os ombros e abraçou-se de novo a ele. – Tiveste um pesadelo?

-Algo parecido. – Ela disse, podia considerar uma das vezes que tinha visto Georg um pesadelo? Dadas as circunstâncias podia, certamente. Miles, levantou-se e ela ouviu o cinto a embater no chão, enquanto ele as vestia; Adam já estava de volta à cama e a ressonar como se nunca tivesse saído do seu canto.

Os dois saíram do quarto dele e entraram no quarto dela, sabendo que era melhor terem a privacidade do que ter os roncos do amigo. Deitaram-se na cama e ela pegou no telemóvel, eram quatro e meia da manhã, já se tinha passado meia hora e continuava tudo presente na sua cabeça. Deitou-se e abraçou-se ao namorado. Ele suspirou e abraçou-a ainda mais. – Agora podes voltar a adormecer, eu não vou deixar que os pesadelos voltem. – Ele disse de uma forma arrastada, Rita aí entendeu o quão estafado ele estava, possivelmente todas as horas de sono perdidas para estudar para os últimos exames estavam naquele momento a fazer efeito.

Agarrou-se mais a ele e adormeceu profundamente. Daquela vez, não sonhou com nada.


Espero que gostem, comentem e votem por favor.

Estou a ponderar seriamente começar apenas a postar, de novo, aos sábados. Beijinhos a todos.

Why do I Keep Loving You?Onde histórias criam vida. Descubra agora