18 anos (parte III) - Lado Direito

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Iran abriu os olhos e viu o teto branco no quarto escuro. Olhou para si, estirado na cama de um hospital, e viu um soro ligado a seu braço, fios que mediam sua frequência cardíaca estavam em seu corpo, sua mãe dormia na poltrona próxima a cama e, sentado de indiozinho em um sofá, Ismael lia uma revistinha dos X-Men.

Iran e Lara gostavam de X-Men, Ismael não. Era estranho vê-lo lendo a revista.

As lembranças vieram à sua mente e ele apenas conseguia distinguir imagens e sons espaçados.

Uma explosão... Gritos... Correria... Uma dor absurda... Mãos o imobilizando e o colocando em uma maca.

Lara.

- Bunda... – Ouviu sua voz rouca.

Ismael levantou a cabeça e olhou para o amigo, largou a revistinha no sofá e se ajoelhou ao lado da cama, pegando na mão de Iran.

- Nariz! – Disse com as lágrimas escorrendo de seus olhos – Que bom que você acordou.

- Bunda, o que aconteceu? Cadê a Lara? – Disse temendo a resposta que viria dessas duas perguntas feitas.

- Explodiram uma bomba perto de onde a gente estava naquela hamburgueria. – Ismael disse em prantos.

- Filho, que bom que acordou – Letícia falou se levantando da poltrona em que estava e se aproximou da cama. – Vou chamar o Doutor Marcos Henrique. – Falou e saiu do quarto. Iran percebeu que ela estava chorando.

Uma onda crescente de pânico começou a invadi-lo, onde estava Lara e por que Ismael chorava tanto?

- Cadê a Lara, Bunda?

O choro desesperado e quase gritado do amigo já respondera a essa pergunta.

Iran sentiu o desespero tomar conta totalmente de si e precisou levantar-se. Ao tentar, sentiu uma dor lancinante nas costelas e abdome.

- Me explique o que aconteceu – pediu Iran perdido, porém Ismael estava impossibilitado a responder essas perguntas, por chorar sem parar.

Um jovem médico entrou no quarto. Letícia vinha atrás dele, chorando.

Ismael chorava, Iran chorava e o médico tentou controlar a situação pedindo para que Letícia retirasse Ismael do quarto. Assim que sua mãe e seu amigo saíram, Iran tentou segurar o choro, porém não conseguiu.

- Vou te dar um calmante, Iran, você irá dormir por algumas horas e depois conversamos. Tudo bem?

Iran fez que sim com a cabeça. Qualquer coisa que o tirasse daquele momento terrível seria melhor.

Xxx

Iran acordou. Já estava claro. Ele não sabia ainda que dia era, não sabia exatamente o que tinha acontecido a ele nem a Lara. Letícia dormia novamente na poltrona. Em cima do sofá, ainda se encontrava a revistinha do X-Man da mesma maneira que Ismael a largara na noite anterior.

- Mãe... - Ouviu sua voz rouca novamente.

Letícia despertou do sono leve e olhou para o filho, um olhar cheio de tristeza.

- Filho... - ela disse assim que se aproximou dele na cama e passou seus dedos em seu cabelo.

- Me explica o que aconteceu, por favor! – Pediu segurando o choro por saber que Lara não estaria mais ali com eles.

- Houve um atentado terrorista homofóbico na lanchonete em que se encontravam.

Iran começou a tremer de indignação. Ser gay era tão terrível assim que pessoas explodiam lanchonetes só porque haviam gays naquele lugar? A raiva começou a brigar com a tristeza no coração do rapaz.

Clube da Cerveja (Romance Bissexual)Onde histórias criam vida. Descubra agora