19 anos - Lado Direito

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As ruas de BH estavam cheias naquele domingo. Muitas pessoas estavam em algum bar ou indo para um. Anoitecia. Iran e Ismael queriam aproveitar ao máximo suas últimas horas juntos, antes que este fosse apresentado oficialmente como novo jogador do Atlético Mineiro e o outro voltasse à Campinas para começar sua faculdade no dia seguinte.

Iran passou em vigésimo segundo lugar no vestibular, após tomar uma cerveja em que havia grandes chances de gostar e estava muito feliz por começar a fazer Ciência da Computação na Unicamp. Além disso, fora promovida na ONG e estava em um cargo que pagava um pouco melhor.

Como Ismael não podia sair livremente por BH porque todos sabiam que ele seria apresentado a um time no dia seguinte. Os dois andaram por BH de carro, passeando pelos locais e conhecendo a cidade. Iran queria parar em algum lugar e sentar, os bares pareciam tão convidativos e gostosos. Também chegou a sugerir irem a uma balada gay, Ismael apenas riu da sugestão, porque sabia que se algum Cruzeirense ou Atleticano o visse ali, poderia ser o fim dele.

Isso era frustrante para Iran, ele tinha se assumido, queria sair em lugares gays, fazer amigos gays, mas era impedido por Ismael que estava preso ao emprego. Por mais que Iran entendesse isso, era complicada a situação de ser namorado de um jogador de futebol. Mas paciência, as coxas e a bunda maravilhosa de Ismael compensavam.

- Que delícia dirigir esse carro – comentou Iran dirigindo o carro novo de Ismael. Este agora estava com um importado, recém comprado com o dinheiro que ganhara ao ser campeão brasileiro pela Ponte Preta.

Assim como o esperado por todo mundo, quando Ismael voltou aos campos, logo após a morte da irmã, ele foi com sangue nos olhos e carregou o time nas costas. Iran torceu muito pelo sucesso do namorado, mas estava claro que ele seria vendido pela Ponte no primeiro segundo que acabasse o Campeonato Brasileiro. E isso aconteceu, Ismael fora cotado por diversos times internacionais, mas acabou indo para o Atlético Mineiro, ele disse que não estava preparado para morar na Europa, mas Iran sabia que ele era o motivo que Ismael escolhera ficar. Iran estava muitíssimo grato por isso.

- Esse bar aqui tem cara de ter cerveja artesanal – apontou Ismael olhando para um bar que estavam passando em frente.

Iran estacionou o carro e entrou no bar sozinho. Procurou para o namorado uma cerveja de trigo, porque era a preferida dele e ele precisava de sorte em seu primeiro dia oficial no novo time.

Após um tempo tentando adivinhar o que o namorado iria gostar, escolheu uma cerveja de trigo brasileira.

- Fritz Weizen. – Ismael leu o rotulo assim que pegou a cerveja. – Parece ser boa!

- O que eu não faço para você, meu bem – Falou Iran satisfeito – abro mão de ter um início bom de faculdade para você começar bem em seu novo time.

- Que lindo, Napa! Por isso que eu te amo!

- Eu te amo porque você uma bunda muito gostosa, Bunda! – Respondeu brincando.

Os dois se beijaram e voltaram para o hotel de luxo que Ismael estava.

Iran tentava não se incomodar em ter o namorado pagando praticamente tudo para os dois, mas isso era terrível. Enquanto Iran mal ganhava dois mil reais por mês, agora que fora promovido, Ismael estava com um salário mensal beirando os seis dígitos. Era terrível se sentir um loser, mas não tinha como rachar a conta do hotel em que estavam, por exemplo. Então Iran apenas aceitava que era o pobre da relação e tentava se acostumar com isso

Antes de entrar no quarto do hotel, Ismael deu três batidinhas na porta, para, então, abri-la.

A primeira coisa que fizeram, assim que entraram, foi tomar a cerveja. Ismael colocou dois copos sobre uma bancada de mármore linda e abriu a garrafa com a boca (mania que enervava Iran). No momento que brindaram, eles tinham que bater o copo três vezes. Ou cinco. Se Ismael estivesse muito tenso.

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