20 anos (parte II) - Lado Esquerdo

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Os meses se passaram. Pensar e se preocupar com a vinda de sua filha e aprender as funções de seu novo estágio ocupavam a mente de Iran, fazendo toda a dor que sentia pela perda de Lara ser eclipsada pelos novos acontecimentos.

Na empresa em que trabalhava, as seis horas por dia eram extremamente desgastantes, mas Iran estava feliz. Era o que ele buscava para si e o salário era muito bom. Uma das vantagens de ter engravidado alguém aos 20 anos era ser obrigado a se mexer e melhorar a vida. Caso isso não tivesse acontecido, Iran se via ainda na ONG.

Sua relação com Renatinha era amigável, os dois se davam bem e passaram toda a fase da gravidez indo à consultas, comprando roupinhas para criança e organizando o chá de bebê juntos.

As pessoas perguntavam o tempo todo se eles iriam se casar, o que gerava um certo constrangimento entre os dois, porém ambos negavam veementemente que isso iria acontecer. Seriam pais separados, porém ambos estariam presentes na criação da criança.

O nome da menina também era outra pergunta que deixava os pais sem saber o que falar. Renatinha tinha vários nomes e Iran não tinha ideia de qual nome sugerir. Até o dia que sofreu influência de Lara em suas decisões.

Durante o oitavo mês de gravidez, Iran saiu um dia do estágio e passou por um supermercado antes de ir para a faculdade, enquanto passava por uma prateleira cheia de cervejas importadas teve uma ideia.

Lembrou-se de como uma boa cerveja sempre trazia bons acontecimentos e era isso que ele queria para vida de sua filha.

Comprou quatro cervejas completamente diferentes uma da outra e, quando chegou à faculdade, sentou-se ao lado de Renatinha, que já estava com uma barriga imensa, e fez uma proposta.

- Tenho uma ideia de como resolveremos o nome de nossa filha - disse empolgado à ela.

- Qual? - Renatinha perguntou curiosa.

- Quando sairmos daqui vamos para minha casa, pode ser? - Sugeriu à futura mãe de sua filha.

Após as aulas, foram no carro de Renatinha (que ainda dirigia) para a casa de Iran. Este guardou as quatro cervejas no congelador.

- Vamos deixá-las gelando, enquanto isso, que tal assistirmos a um filme? - Sugeriu.

Renatinha estava sem entender qual a relação das cervejas geladas com a sua filha, mas apenas deu risada e aceitou a proposta.

- Tudo bem! Você está empolgado de uma maneira que nunca te vi. Tá engraçado!

Os dois assistiram a um filme de comédia dramática chamado Uma Garota Ideal. Enquanto viam lado a lado no sofá, naturalmente seguraram a mão um do outro. Quando terminou, os dois estavam chorando como duas crianças e tiveram a mesma opinião positiva sobre o filme.

Já estava tarde, mas estava na hora de decidir o nome da filha. Iran e Renatinha foram até a cozinha, esta se sentou à mesa e Iran pegou as quatro cervejas (uma Pilsen, uma Weizen, uma Golden Ale e uma Indian Pale Ale), as colocou na mesa e depois colocou um copo ao lado de cada uma.

- Olha, eu tinha uma superstição com uns amigos meus que, inexplicavelmente, sempre deu certo, e você será a primeira pessoa de fora a saber sobre isso - Iran começou a explicar, sentado de frente para Renatinha.

- Nossa, quanto mistério - brincou a moça.

Iran sorriu com a reação dela e prosseguiu.

- Não me ache louco, nem nos ache louco. Enfim. Quando um de nós desejávamos algo, tomávamos uma cerveja e quem gostasse tinha o seu pedido realizado no dia seguinte.

Clube da Cerveja (Romance Bissexual)Onde histórias criam vida. Descubra agora