19 anos (parte II) - Lado Esquerdo

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Os quatro se sentaram em uma mesa no bar. O local estava cheio, Iran notou que a maioria das pessoas conversavam animadamente e tomavam cerveja. Porém viu uma pessoa tomando caipirinha e decidiu tomar a mesma bebida. Ele se sentia um pouco idiota por não ter coragem de beber cerveja naquele momento, mas achou melhor ir com a sua intuição, ou medo, e não quebrar uma regra do Clube da Cerveja.

- Traz uma Brahma e quatro copos, por favor! – Pediu Luís ao Garçom.

- Três! – interveio Iran. – Quero uma caipirinha de frutas vermelhas.

Luis, Renatinha e Jorge olharam com desdém para ele, mas não disseram nada.

A cerveja chegou poucos minutos depois. Ao observar Jorge colocando-a nos três copos e depois ver os três brindando, dois sentimentos passaram pela cabeça de Iran. O primeiro sentimento foi saudade da antiga época em que ele, o querido Bunda e Lara tomavam a cerveja juntos. O outro foi uma imensa vontade de poder beber com eles também.

Os três beberam com muita vontade o primeiro gole da cerveja e engataram uma conversa sobre um professor. Iran ficou, inicialmente, um pouco calado. Não gostava de se lembrar do Bunda. A saudade às vezes vinha como uma voadora no peito.

Sua caipirinha chegou e Iran bebeu sem gostar muito. O assunto mudara para um filme que estava passando nos cinemas, no qual Iran ainda não assistira, fazendo o ficar sem assunto e poder pensar um pouco mais.

Ele não podia ser refém de uma superstição criada por Lara. Por mais que amasse a namorada e a achasse uma pessoa fantástica, ele sabia que ela precisava rever algumas manias. Não tinha como ele, aos 19 anos de idade, não poder tomar uma simples cerveja porque tinha medo que "algo horrível" pudesse acontecer.

- Foda-se! – Iran disse, fazendo os três amigos olharem curiosos para ele. – Nada não, gente, tô só pensando alto. – Justificou ao ver a cara curiosa dos três. - Garçom, por favor, traga mais um copo para mim. – Pediu ao garçom que passava ao lado da mesa naquele momento.

- Legal que vai se unir a nós – Renatinha comentou sorrindo.

O copo chegou, Jorge colocou a cerveja no copo de Iran e este, antes de tomar o primeiro gole sentiu um frio na barriga. A última vez que os três tomaram uma cerveja de fabricação em larga escala, Ismael se fora e ele ficou quatro dias em um hospital. Tentou não ligar uma coisa à outra, porque coincidências são coincidências e por isso, deu de ombros e tomou a cerveja.

Era diferente de todas as cervejas que ele estava acostumado a tomar. Algo ali parecia mais simples, menos trabalhado e isso agradou Iran. Virou praticamente o copo em um gole.

- Calma aê, cara! – Jorge falou rindo e enchendo o copo de Iran novamente.

Em poucos minutos Iran já tinha se esquecido de tudo. Estava sorrindo, feliz, conversando com os amigos. Após alguns copos ele já estava alegre. Não era acostumado a beber em grande quantidade e estranhou muito quando notou que precisava ir ao banheiro a cada 15 minutos.

A noite se estendeu até quase duas da manhã e só neste momento a necessidade de ir embora surgiu. O bar já estava quase todo vazio, restava apenas algumas mesas ocupadas e os funcionários já demonstravam a vontade de fechar o local de vez.

- Nossa... vou ter que pegar um taxi para o centro. – Iran exclamou preocupado, já pensando na grana que iria gastar.

- Eu te levo – Renatinha disse solícita. – Eu vou para a cidade mesmo.

Luiz e Jorge moravam em Barão Geraldo, próximo à Unicamp, mas Renatinha voltava para Campinas todos os dias.

Assim que se despediram dos amigos, Iran notou que Luiz deu um sorrisinho malicioso para Renatinha e ele.

Clube da Cerveja (Romance Bissexual)Onde histórias criam vida. Descubra agora