Clube da Cerveja (Romance Bissexual)

21 anos - Lado Esquerdo

- Fui promovido! - Iran falou pelo telefone à Renatinha, sem conter sua felicidade.

- Mesmo? - Ouviu a voz aguda da outra em comemoração do outro lado da linha.

- Sim... vai aliviar nas contas - Explicou Iran, feliz.

Um ano após o nascimento de Maria, as coisas estavam um pouco complicadas para o casal. Os dois alugaram um apartamento. Inicialmente, apenas Iran trabalhava e tinha ajuda de sua mãe, sogra e sogro na criação da bebê. Com o passar do tempo, Renatinha arrumou um bom emprego e Maria passou a ficar com a mãe dela, enquanto os pais estavam fora.

O apartamento foi um achado. Dois quartos, relativamente grande, no centro de Campinas e por um preço aceitável.

Ter uma filha trouxe uma responsabilidade enorme às costas de Iran, que passou a encarar seu trabalho com extrema seriedade. Se esforçou para deixar de ser estagiário o mais rápido que pôde e em três meses seu chefe o promoveu a Analista de Redes Júnior. O fato dele demonstrar muito empenho para sustentar uma filha pesou muito nesta decisão.

Após isso, as coisas ficaram menos complicadas, Iran comprou um carro e precisou de menos ajuda de sua mãe para manter a casa com Renatinha.

Agora ele fora promovido novamente, precisavam de um Analista de Redes Pleno, e Iran topou pegar algumas responsabilidades a mais para ganhar um salário 30% maior.

Sua rotina estava intensa. Acordava cedo, trabalhava o dia inteiro, depois ia para a faculdade, chegava em casa e tinha que dar atenção para Maria. Ele não sabia mais o que era vida própria e passava os dias da semana ansiando pelos fins de semana, para poder descansar, passear com a filha, ter um tempo de qualidade com Renatinha.

Sua relação com a mãe de sua filha era muito boa e ruim ao mesmo tempo. Boa porque os dois eram amigos. Mesmo antes de transarem e conceberem Maria, Iran e Renatinha se davam bem, a amizade entre os dois era real e permaneceu após morarem juntos. Os finais de semana dos dois eram muito gostosos. Às vezes os dois passavam o sábado inteiro bebendo no apartamento. Cozinhavam, cantavam, dançavam, brincavam com Maria, assistiam desenhos com a filha, assistiam filmes juntos após esta dormir e bebiam mais um pouco. O papo era muito bom e as horas passavam voando. Mas Renatinha, na melhor das descrições, era uma brother de Iran.

O lado ruim era que a mãe de sua filha era sua melhor amiga. Sua parceira para falar sobre tudo e para cuidar de Maria. Não existia sexo entre os dois e a vontade de fazer era quase zero. Iran não entendia o por quê isso acontecia. Se ele se sentisse atraído por Renatinha seria perfeito. Os dois ficariam juntos e felizes.

Iran se aliviava assistindo aos clipes de Lara M. Nada dava mais tesão a ele que assistir ao clipe que ela gravara no Deserto do Atacama, que dois anos atrás fora motivo de muito ciúme. Somente Lara o satisfazia nos últimos meses. E Iran não conseguia entender porque sentia tanto tesão por Renatinha quando estava com Lara e agora era o contrário.

Seria ele aquele tipo de pessoa que só se contenta com o que não tem?

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O primeiro sábado após ser promovido a Analista Pleno foi como os outros. Regado à cerveja. Mas como havia um motivo para comemorar, Renatinha comprou um espumante, para brindarem ao sucesso de Iran em sua empresa.

- À você cada dia mais rico e melhorando nossa vida - Renatinha brindou.

Maria viu os pais batendo as taças uma na outra e ergueu seu bracinho com um copo de plástico que tinha suco de uva, tentando imitar os pais. Os dois gargalharam e brindaram com a filha.