Capítulo 18

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Acordo na madrugada sem conseguir dormir de novo, olho para o meu lado e fico surpresa em ver Lester dormindo. Ele dorme serenamente, com os cabelos levemente bagunçados, vejo o quanto ele fica bonito assim. Tiro seu braço delicadamente da minha cintura e levanto bem devagar da cama para não acorda-lo.

Calço meus chinelos e vou em direção a porta, a abro devagar para que não ranja, olho para Lester e o vejo se mexer levemente e me pergunto a quanto tempo que ele não dorme. Dias? Semanas? Meses? Anos?. Saio do quarto e desço as escadas em caracol. Chego a grande sala e vou para uma grande sacada, fico ali pensando em tudo o que descobri, meu pai não quis ser uma criatura poderosa, uma criatura que poderia governar. Mas por quê?

Meu pai sempre foi na dele, nunca gostou de chamar atenção e nem da ordens aos outros. Me lembro que minha mãe que sempre me dava bronca quando eu fazia algo que eles não gostavam, na verdade meu pai sempre me mimou, mas não me transformei em uma mulher mesquinha e nem "filhinha de papai", sempre corri atrás dos meus objetivos, sempre trabalhei, e sei que isso dava muito orgulho a eles.

Sorrio com essas lembranças, meu pai e seus ataques de ciúmes quando eu levava algum namorado em casa, quando eu saia com roupa curta, dizendo que eu me arrumava e me maquiava demais, ficando assim muito mais bonita, é o que ele dizia. Puxei os olhos verdes da minha mãe, e acho que o resto todo do meu pai, também não gosto de ser o centro das atenções, fico sempre na minha.

- Não consegue dormir? - ouço alguém falando atrás de mim e dou um pulo de susto, olho para trás e vejo o Sr. Hill parado atrás de mim.

- Perdi o sono - digo.

O Sr. Hill apenas sorri, se aproxima ficando do meu lado. Ficamos calados olhando para a vila, daqui de cima da para ver tudo. No momento, algumas poucas luzes estão acessas, deixando assim a vila ainda mais pequena. O ar está frio, vejo alguns homens que trabalham para o pai de Lester andando pelo local e conversando baixo.

- Então o senhor é neto do grande Conde Drácula - digo.

- Ah sim - diz apenas.

- E como ele era? - pergunto sem conter a minha curiosidade.

- Ele era mal - diz. - Ele se aproveitou muito do poder, matou muitas pessoas, escravizou outras. Foi uma época difícil para os moradores dessa região. Quando ele foi morto, meu pai, que era filho mais velho dele, tomou conta daqui. Foi difícil ter a confiança dos humanos de novo, mas enfim ele conseguiu, apesar de alguns ainda desconfiarem.

O olho sem dizer nada, mas dou um sorriso.

- Decidiu o que fará? - pergunta ele.

- Não - digo dando um suspiro.

- Não quero te pressionar, mas você precisa se decidir - diz.

- Posso te perguntar uma coisa? - digo o encarando.

- Claro - responde me encarando também.

- O que acha que eu deveria fazer? - pergunto. - Isso tudo é novo e estranho.

- Você quem tem que decidir querida, ninguém pode falar por você, é sua vida, sua escolha - diz colocando a mão em meu ombro. - É um poder e uma responsabilidade enorme se você resolver ativar a maldição. Não deixaram de caça-la e tentarem mata-la, mas tudo isso será em vão.

- Eu vejo como uma forma de vingança - digo de cabeça baixa.

- É compreensivo - diz. - Seu pai era uma ótima pessoa. Você não deve se esquecer disso.

- Eu sei - digo ainda de cabeça baixa. - Sabe por que ele não quis ativar?

- Ele queria ser uma pessoa normal Aléxis - diz. - Ele até foi por um curto tempo, ele sabia que ia chegar um dia que ele não poderia mais se esconder.

Criaturas Da Noite (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora