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(em anexo, uma foto do Jos)

jos pov

Saí do gabinete do meu médico, ainda sem acreditar no que acabavam de me dizer. Olhei para o meu relógio de pulso, apercebendo-me de que já estava muito atrasado para as aulas, mas sinceramente também não me agradava a ideia de ir apenas à última aula da manhã. De facto, não era assim tão grave faltar ao primeiro dia de universidade.
Caminhei pelos corredores do hospital, em direção à saída. Quando saí para o ar frio daquele dia de outono, tive de me controlar para não deixar cair uma lágrima. As palavras do médico não me saíam da cabeça.

'Os tratamentos não estão a fazer efeito e receio que o teu cancro se agrave. No entanto vamos prosseguir com os tratamentos, talvez comecem a fazer efeito, sendo que os riscos são muitos, e peço-te que tenhas cuidado, podes ter uma recaída a qualquer momento'

Os tratamentos não estavam a fazer efeito... O que é que eu faço se daqui para a frente o cancro agravar?
Caminhei até ao meu carro enquanto pensava em tudo isto. Quando entrei no carro, senti o meu telemóvel a vibrar e tirei-o do bolso, vendo o nome do Alonso no ecrã do telemóvel. Sem pensar duas vezes apressei-me a ler a mensagem do meu melhor amigo.

'Hey, o que é que se passa? Não estava à espera que faltasses no primeiro dia de aulas! Estás bem?'

'Sim, está tudo bem, mas o despertador não tocou e eu só acordei há pouco' – respondi, mentindo-lhe.

Liguei o carro e conduzi para fora do parque de estacionamento do hospital.

alonso pov

Percorri o corredor em direção à saída da universidade, estranhando a pequena conversa que tive com o Jos por mensagens. A desculpa que ele deu soava-me a mentira. Nos últimos tempos ele tem andado muito estranho e preocupado. Será que se passava alguma coisa grave? Já tentei falar com ele sobre isso, mas ele fugiu ao assunto. Estou mesmo a ficar preocupado.
Saí da universidade e caminhei pela rua, em direção ao jardim, onde tinha combinado encontrar-me com o meu melhor amigo.
Quando lá cheguei, Jos já se encontrava sentado no banco do costume e eu apressei-me a ir ter com ele. Sentei-me ao seu lado e, depois de uns momentos de silêncio, perguntei:

- Estás bem?

- Sim – disse, sorrindo – E tu?

- Também.

- Então, como é que foram as aulas? – perguntou, curioso.

- Correram bem. A turma é simpática, já os professores são um pouco antipáticos e rígidos – expliquei.

- Estou ansioso por ver como são as coisas! Prometo que amanhã vou às aulas – gozou.

De repente duas pessoas passaram por nós, chamando-me a atenção. Jos também reparou e eu senti-me a corar quando o meu olhar se cruzou com o da Maya. Sorrimos um para o outro mas a minha atenção depressa caiu sobre o pulso direito da Maya. Como as mangas do seu casaco se encontravam puxadas para cima, pude ver presa no seu pulso uma pulseira de ouro com um pequeno diamante em forma de trevo de quatro folhas.

- Não é possível... - murmurei.

- O quê? – perguntou o Jos, curioso.

Olhei para ele, ainda atordoado com o que acabava de ver.
Acabei por lhe contar tudo sobre a Maya e depois contei-lhe sobre a pulseira que encontrei na minha varanda, ontem à noite, e que desapareceu hoje de manhã. Ao princípio, Jos encontrava-se surpreendido, mas depressa arranjou uma justificação:

- Pode não ser a mesma pulseira! Podem haver mais pulseiras iguais! É quase impossível que a pulseira que encontraste ontem à noite seja a mesma que a Maya tem no pulso.

- Mas não achas muita coincidência? – perguntei, sem me deixar convencer pela teoria do Jos – Eu nunca tinha visto uma pulseira igual àquela...

Olhámos os dois para o outro lado do pátio, onde a Maya se encontrava sentada num banco, na companhia de um rapaz. Uma ponta de ciúmes surgiu dentro de mim quando os vi muito amigos e cúmplices.

- Tem calma, Alonso. Podem ser irmãos, primos, melhores amigos... Não têm de ser necessariamente namorados.

Não respondi ao Jos e continuei a observá-los. Pouco depois, um outro rapaz se juntou a eles. Minutos depois os dois rapazes levantaram-se do banco para jogarem futebol, deixando a Maya sozinha no banco de jardim.

- Vá, vamos lá ter com ela – disse o Jos, levantando-se.

Vontade de ir ter com ela não me faltava, mas se realmente ela tinha namorado, talvez não fosse boa ideia eu ir falar com ela, até porque nem se quer eramos propriamente amigos.
Depois de muito insistir, o Jos acabou por me convencer a ir ter com ela e quando chegámos junto da Maya, ela sorriu-me, desviando a atenção da sua máquina fotográfica.

- Podemos sentar-nos? – perguntei, sorrindo.

- Claro que sim! – disse ela.

Apresentei-lhe o Jos e ficámos a conversar. Pouco depois os amigos dela juntaram-se a nós e ela apresentou-nos. A reação da Maya e dos seus amigos ao conhecerem o Jos não foi a melhor, pois tentaram manter o máximo de distância possível dele, exceto o Freddy, que pareceu ter ficado perturbado quando conheceu o Jos.

jos pov

Assim que a Maya nos apresentou aos seus amigos, a minha atenção concentrou-se no rapaz de cabelo encaracolado, o Freddy.
Eu conhecia o seu olhar. E tive a certeza de quem ele era quando vi o anel que ele usava na mão esquerda. Um arrepio percorreu o meu corpo quando ele me cumprimentou com um aperto de mão. A sua pele era gelada, fazendo-me lembrar de quando...

- Passasse alguma coisa? – perguntou-me o Alonso.

- Ahm não... Desculpem, está a ficar tarde, tenho de ir embora – disse e, sem pensar duas vezes, fui-me embora.

Caminhei pelo jardim todo, apressando-me para chegar rapidamente a casa. O Freddy continuava igual, não mudou nada. Era estranho voltar a reencontrá-lo depois de tantos anos... Será que ele se lembrava de mim?
Assim que cheguei a casa, tranquei-me no quarto e peguei no telemóvel, procurando o número da Luna.

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