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carlos pov

Quando eu e a Alba voltámos para casa, já não havia vestígios de sangue e a sala estava completamente arrumada.
Depressa nos contaram o que Luna fizera para salvar o Alonso e também nos explicaram que Maya acabara por perder as forças e desmaiar nos braços do Dani.
Apressei-me a ir ao quarto do Dani, pois queria ver a minha irmã e certificar-me de que ela estava bem.
Assim que entrei no quarto, Dani saiu e fechou a porta, deixando-nos sozinhos.
Maya ainda se encontrava inconsciente e eu aproximei-me da cama, sentando-me ao lado dela e pegando na sua mão.

- Desculpa... - acabei por murmurar, deixando cair uma lágrima – Eu devia ter-te protegido...

Ninguém imagina o medo que eu tive de perder a minha irmã.
Ela fez de tudo para proteger o Alonso, e eu não consegui fazer o suficiente para a proteger. Ela foi tão forte ao ponto de conseguir proteger o Alonso, a Nayana e o Niall. Ela fez os possíveis e os impossíveis para proteger toda a gente, mas não soube tomar conta de si mesma.
Ela sempre foi assim. Sempre tenta ajudar toda a gente, mesmo que se esqueça de cuidar de si mesma, ela é capaz de pôr a felicidade dos outros à frente da sua própria felicidade. Acredito que, se fosse preciso, ela tinha morrido para salvar o Alonso ou qualquer outro de nós.
E isso é o que sempre me deixa preocupado. Nunca sei quando é que a vou perder. Ela tem de começar a ter mais cuidado.
Aos poucos, ela começou a reagir e a abrir os olhos, fazendo-me suspirar de alívio.

- O que é que aconteceu? – gaguejou ela, tentando levantar-se.

- Perdeste as forças – expliquei – Tens de ter mais cuidado contigo mesma...

- Ai Carlos, por favor – queixou-se – Não comeces a refilar.

Ri-me e abracei-a, aliviado por ela estar bem.

- Onde está o Alonso? – perguntou.

- Está no quarto do George... - disse mas ela já saía do quarto, sem me ouvir.

Sempre a mesma teimosa de sempre. Acabara de desmaiar, sem forças, e mal acordou só pensou no Alonso. Eles gostam mesmo um do outro...

maya pov

Assim que entrei no quarto, encontrei o Alonso deitado na cama enquanto George tratava das suas feridas.
Uma pequena lágrima caiu pelo meu rosto quando me apercebi que tudo aquilo era culpa minha. Eu era um monstro e a vida dele estava um caus por minha causa...

- Ele está bem – garantiu o George – O feitiço da Luna funcionou. Ele ainda é humano.

Suspirei. Isso era tudo o que eu queria.
Caminhei até à cama e sentei-me junto do Alonso, dando-lhe a mão.

- Como é que está a Luna? – perguntei.

- Está bastante fraca... - lamentou ele – Esgotou todas as suas forças a tentar salvar o Alonso.

E eu ia estar eternamente agradecida à Luna pelo que ela fez pelo Alonso.

- E... o Alan? Quero dizer, a Sonia morreu... - gaguejei – Acabou tudo?

- Sim – sorriu ele – O nosso problema acabou.

Uff, que alívio. É simplesmente a melhor coisa que podia ter acontecido.
Preparava-me para sair do quarto quando senti a mão do Alonso a apertar a minha. Ele estava a acordar e começou a queixar-se com dores.
George apressou-se a dar-lhe um comprimido para as dores e depois saiu do quarto.

- Estás bem? – perguntou-me em voz baixa.

- Sim – sorri – Como é que te sentes?

- Confuso... Ainda sou humano? – perguntou, nervoso.

- És. Foi a Luna que te salvou... - murmurei, desviando o meu olhar do dele.

Eu não era capaz de o encarar. Fui uma covarde por não ter sido capaz de o salvar. Tive medo de não ser capaz de lhe tirar o veneno do corpo e quase o deixei transformar-se em vampiro. Se não fosse a Luna, neste momento o Alonso era vampiro e eu nunca me perdoaria por isso.

- Maya?

- Diz...

- Não te sintas culpada... Eu percebo que não tenhas sido capaz de... - disse, sem saber como acabar a frase – Vamos simplesmente esquecer isto, okay?

Ia-me custar esquecer o que acontecera, mas eu estava disposta a fazê-lo pois eu não suportava sentir-me culpada por tantas coisas más que aconteceram.
Para mim a morte do Tiago estava, de certa forma, vingada e finalmente sentia-me preparada para seguir em frente sem esse peso em cima de mim. Nunca ia esquecer-me dele e do Henrique mas já não ia continuar agarrada à morte deles.
Eu agora estava com o Alonso, e ele estava aqui, vivo, humano, ele estava bem. E o que eu mais queria era que as coisas agora corressem bem.

- Amo-te... - murmurou ele, acariciando-me a face com a sua mão.

- Amo-te... - murmurei, inclinando-me sobre ele e juntando os nossos lábios.

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