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freddy pov

Entrei na cozinha e reparei numa garrafa de sangue sintético pousada em cima da mesa. Hesitei, sentindo o forte cheiro a sangue que se espalhava pelo ar, pois a garrafa estava aberta.
Afinal, ao contrário do que dizem, o sangue sintético não é muito diferente do sangue animal, o cheiro é o mesmo.
Caminhei até à mesa e sentei-me numa cadeira. Peguei na garrafa e levei-a aos lábios, sentindo o sabor do sangue na minha boca. Era bom, parecido com o sangue animal.

- Será que é desta vez que páras de matar animais e passas a beber sangue sintético?

Pousei a garrafa e sorri. Maya caminhou até à mesa e sentou-se à minha frente.

- Acho que, com o tempo, posso habituar-me a este sangue – disse.

Ela também sorriu e foi ao frigorífico buscar uma garrafa de sangue para si.

- Preciso de falar contigo. Sobre um assunto importante.

Olhei para ela, receoso.

- O que é que se passa?

- Isso pergunto eu – respondeu, com um ar sério – O melhor amigo do Alonso é capaz de afastar qualquer vampiro dele. O que é que tu sabes sobre isso?

Engoli em seco. Eu não lhe podia contar a história. Só eu, o Jos, a Luna, Mariana e a mãe da Luna é que sabíamos da história. Eu nunca falei sobre isto a ninguém.

- Não me vais responder? – perguntou com um ar ameaçador – Vais-me obrigar a descobrir tudo pelos meus próprios meios?

Olhei-a nos olhos, percebendo que ela não estava a brincar. A Maya era capaz de qualquer coisa só para saber da verdade.

- É bom que percebas que o melhor é falares – avisou – Não vais querer que o Dani e o George se metam no assunto, pois não?

Okay, ela ganhou. O melhor mesmo é contar-lhe tudo...

alonso pov

- Sim? – disse assim que atendi a chamada do Jos.

- Preciso que me faças um favor – pediu o Jos.

- O que é que se passa? – perguntei, preocupado.

- Eu preciso de saber urgentemente onde mora a Maya.

Quando ouvi o nome da Maya, algo em mim mudou. Por que raio é que o meu melhor amigo quer saber onde mora a Maya?!

- Alonso? Estás aí? – chamou ele, estranhando o meu silêncio demorado.

- Ahm não, eu não sei onde ela mora... - lamentei.

- Hm okay, não faz mal. Tens o número dela?

- Sim, por acaso tenho... - disse, já sem perceber nada. Aquela conversa assustava-me e eu já não sabia quais eram as intenções do Jos.

- Então podes dar-mo?

- Ahm claro – respondi, receoso, e depressa lhe dei o número da Maya.

- Obrigado... - disse ele, depois de ter apontado o número.

- Mas espera lá – disse para o impedir de desligar a chamada – Por que é que tu queres saber onde a Maya mora? E o que é que vais fazer com o número dela?

Eu tinha medo da resposta. Tive medo deste interesse repentino que ele teve pela Maya.

- Eu preciso de falar com um amigo dela, nada de importante – explicou ele, tentando mostrar indiferença – Vá, tenho de desligar, xau.

E sem que eu pudesse dizer alguma coisa, ele desligou.
Respirei fundo, para me acalmar. Alguma coisa não estava bem, esta conversa com o Jos foi estranha e a desculpa dele não me convenceu.
Pensei em ligar à Maya, mas desisti da ideia, não quis ser chato ou algo do género.
Comecei a andar de um lado para o outro, sem saber o que pensar disto.

jos pov

Desliguei a chamada sob o olhar curioso da Luna.

- Então? Já sabes onde ela mora?

- Não – respondi, mostrando-lhe um papel – Mas tenho o número dela.

A pequena conversa com o Alonso fez-me sentir um peso na consciência. Eu e o Alonso não temos segredos um com o outro, mas eu não lhe podia contar o que se estava a passar. E percebi que ele tinha ficado mal por saber que eu queria saber a morada da Maya. Tenho medo que ele tenha pensado que eu estava interessado na Maya ou assim, mas não é nada disso. Eu era incapaz de olhar para a Maya de outra maneira, pois sei que o Alonso está apaixonado por ela e eu não era capaz de o magoar dessa maneira.

- Então? Vais ligar à Maya? – perguntou a Luna, arrancando-me dos meus pensamentos.

- Yah – disse e peguei no meu telemóvel, marcando o número que o Alonso me deu há poucos minutos.

maya pov

- Eu acho que ainda não acredito no que tu acabaste de me contar... - murmurei.

- Mas é tudo verdade – disse o Freddy – E ainda hoje me culpo pela morte do pai do Jos, se eu tivesse chegado uns momentos antes, talvez tivesse conseguido salvá-lo...

- Pois, eu percebo-te – lamentei – Mas ao menos conseguiste salvar o Jos.

- Sim, e por isso é que lhe dei aquele anel. Eu conhecia a mãe da Luna, eu era amigo da família dela há muitos anos, e fui falar com ela para que me ajudasse. Foi a mãe da Luna que me arranjou um anel igual ao meu com pó de bruxa – explicou ele.

- Agora percebo porque é que ele tinha aquele odor horrível...

- Yah, foi a única maneira que eu arranjei para proteger o Jos. O pai dele, alguns dias antes de morrer, pediu-me para que, caso acontecesse alguma coisa, eu protegesse o Jos e o resto da família...

O meu telemóvel começou a tremer e eu tirei-o do bolso. Eu não conhecia o número que me ligava, mas decidi atender.

- Sim? – perguntei quando atendi.

- Maya?

- Sim, sou eu. Quem fala?

- Sou o Jos. Preciso de falar contigo. É urgente.

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