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dani pov

Evitei uma lágrima e afastei-me da porta.
Bryan seguiu-me até à biblioteca da Maya e eu sentei-me ao piano.

 - Custou-me recordar aquela noite... - comentou o Bryan, comovido.

Acenei que sim, sem coragem para dizer seja o que for.
O Henrique e o Tiago eram como irmãos para mim. Éramos companheiros, amigos, irmãos, éramos uma família. E ver a Maya sofrer daquela maneira foi um golpe muito duro, tão duro como vê-los morrer aos dois na minha frente.

- Nunca imaginei que a Maya ainda sofresse tanto com a perda deles...

Olhei para o Bryan, vendo-o com os olhos muito brilhantes.

- Ela tenta mostrar-se forte mas ainda se sente culpada pela morte deles. No fundo, ela nunca se vai perdoar pela morte deles – expliquei.

- Achas que ela ama tanto o Alonso como amava o Tiago?

Eu não sabia responder-lhe. Mas sabia que os sentimentos dela pelo Tiago ainda não tinham morrido. Aconteça o que acontecer, a Maya vai amar sempre o Tiago.
Mas é muito provável que ela ame mais o Alonso, pois já se passaram muitos anos desde a morte do Tiago. E tenho quase a certeza de que o Alonso é a única pessoa capaz de fazer a Maya ultrapassar a morte do Tiago e do Henrique.

alonso pov

Aos poucos a Maya foi-se acalmando e os seus olhos voltaram à cor normal.
Custava-me tanto vê-la assim, tão fraca e vulnerável, tão presa ao passado... Confesso que foi muito difícil para mim ouvi-la falar do seu ex-namorado com tanto carinho, mas eu percebi o seu lado, percebi o quanto ela sofria pela perda dele.
Agora tinha consciência do quanto eu era importante para ela e do quanto ela me queria proteger.
Eu não a ia deixar sozinha, prometi a mim mesmo que não a ia perder.

- Conta-me como era a tua vida antes de seres transformada – pedi, para mudar de assunto e deixá-la mais animada.

Ela passou as suas mãos pelos olhos, limpando os últimos vestígios de sangue, e sorriu.

- A minha família era uma das famílias mais ricas de Espanha, éramos conhecidos por toda a Europa e norte de África. O meu pai era espanhol e a minha mãe era de descendência portuguesa. Nunca fui à escola, tinha professores particulares, e por isso nunca tive muitos amigos. O meu pai era muito amigo do rei de Espanha – contou, deixando-me pasmado.

- Estás a falar a sério? – perguntei, fazendo-a rir.

- Estou. Eu era daquelas meninas ricas, rodeada de pajens e criadas. Não podia fazer nada sozinha, havia sempre guardas e criadas atrás de mim.

- Isso não era uma seca? – perguntei, fazendo uma careta.

- Era, não imaginas o quanto eu detestava aquela vida. O Carlos também não gostava, mas os nossos pais não nos davam ouvidos.

- Mas espera, se o teu pai era amigo do rei de Espanha, isso quer dizer que foste àqueles bailes nos palácios?

- Sim, fui a muitos bailes desses. Os meus únicos amigos eram os duques e os príncipes das cortes, mas só os via nesses bailes.

- E como é que eram esses bailes? Iam com aqueles fatos e vestidos que se vêm nos filmes e nas ilustrações dos livros? – perguntei, curioso.

- Sim. Nem imaginas a riqueza daqueles bailes. As damas iam todas cheias de jóias e levavam vestidos lindíssimos. Os homens iam sempre muito bem vestidos, elegantes, sempre com uma postura incrível – explicou, com um ar sonhador.

dani pov

- Onde está o resto do pessoal? – perguntou o Jos, descendo as escadas enquanto bocejava.

- O George está no escritório, o Bryan foi acompanhar o Freddy até às redondezas da cidade, o Abraham está no quarto dele e o Alonso e a Maya também estão no quarto – expliquei.

O Jos sorriu ao saber do melhor amigo e da Maya e foi até à cozinha buscar um copo de água.

- Não devias estar já a dormir? Já é muito tarde... - comentei quando ele voltou para a sala.

- Pois, mas não consigo dormir. A Luna também teve dificuldades em adormecer. Fui deitar-me ao lado dela e depois de algum tempo de conversa lá adormeceu.

Sorri e continuei a ver televisão. Jos subiu as escadas e eu acabei por desligar a televisão, pois não estava a dar nada que me interessasse.
Ouvi o Jos a entrar no sótão e a deitar-se na sua cama. Maya acabava de aconchegar o Alonso nos cobertores. George desligou o computador.
Um silêncio pesado instalara-se cá em casa. Sabia bem estar assim, a ouvir o silêncio, enquanto pensava em tudo e em nada.

Eram quase cinco da manhã quando senti presenças agitadas na rua.
Levantei-me imediatamente e fui até à janela da sala, que se abria para a rua principal. Vislumbrei duas sombras a caminhar em direção à nossa casa e o meu instinto alertou-se.
Os dois vultos aproximavam-se em passo acelerado. Não eram humanos.
A porta do escritório abriu-se e George apareceu ao meu lado em menos de um segundo.

- São o Liam e o Zayn – disse assim que olhou pela janela.

Dirigiu-se para a porta e abriu-a no momento em que os nossos amigos se preparavam para tocar à campainha.

- Podemos entrar? – perguntou o Zayn com uma expressão séria.

George deu-lhes espaço para passarem e fechou a porta logo a seguir.

- O que é que se passa? – perguntei.

- Alguém andava a rondar a vossa casa – disse o Liam, igualmente preocupado e sério.


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