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jos pov

O meu telemóvel começou a tocar pela milésima vez e o nome do Alonso apareceu mais uma vez no ecrã do telemóvel.

- Não vais atender? – perguntou a Luna.

- Não – disse e desliguei a chamada.

- Afinal porque é que me chamaste aqui? Parecias preocupado quando falaste comigo ao telefone...

- Sim, eu preciso muito de falar contigo. Aconteceu uma coisa...

- O que é que se passa? – perguntou, sentando-se ao meu lado.

- Lembraste daquilo que aconteceu quando eramos pequenos? – perguntei-lhe, olhando-a nos olhos.

- Quando atacaram o teu pai?

- Isso mesmo.

- Lembro-me perfeitamente, ainda hoje penso nisso. Foi um susto para a vida – lamentou ela – E imagino que para ti ainda seja doloroso pensar no que aconteceu. Afinal mataram o teu pai...

- Sim... - disse, pensando seriamente se havia de contar a verdade à Luna.

Numa questão de segundos, recordei aquele dia. Tínhamos oito anos. A minha mãe tinha ido com a minha irmã ao médico porque ela estava doente. Eu e o meu pai ficámos em casa e eu aproveitei para convidar a Luna para vir cá a casa para estudarmos juntos...

flashback on

- O que foi isto? – perguntou a Luna, assustada.

Um novo estrondo se fez ouvir, assustando-nos. Luna veio imediatamente abraçar-me, com medo.

- Eu vou ver o que se passa – disse e afastei-me dela, saindo do meu quarto.

Desci as escadas até à cozinha, tentando fazer o mínimo barulho possível. À medida que me aproximava, comecei a ouvir barulhos. Ouvi alguns gritos do meu pai, mas depressa deixei de o ouvir, passando a ouvir apenas rugidos fortes.
Aproximei-me da porta da cozinha e quando espreitei lá para dentro, encontrei o meu pai caído no chão, inconsciente, cheio de sangue e com uma marca muito estranha no pescoço. Ao lado dele encontrava-se um rapaz com os seus vinte e poucos anos, com a boca cheia de sangue, os dentes caninos bem compridos e afiados. Os seus olhos vermelhos observavam-me com raiva e segundos depois caminhou na minha direção.

- Quem és tu? – perguntei enquanto dava passos para trás, com a intenção de me afastar dele.

- Sou alguém que te vai ensinar a não aparecer no local errado à hora errada! – gritou ele.

Sem que eu pudesse fazer alguma coisa, já ele me agarrava pelo pescoço. De repente lembrei-me de todas aquelas histórias sobre vampiros que contam às crianças e tive imenso medo do que aquele rapaz me pudesse fazer.
Olhei para o meu pai, que continuava caído no chão e com os olhos fechados. Uma pequena lágrima caiu pelo meu rosto. Foi aí que outra voz se fez ouvir na cozinha.

- Larga imediatamente o miúdo!

Olhei para a porta da cozinha, assustado, vendo outro rapaz, de cabelos encaracolados. Os seus olhos também estavam vermelhos mas não tinha os dentes grandes e afiados. Ao contrário do rapaz que me agarrava, eu não tive medo do rapaz de cabelos encaracolados, senti que este era de confiança.

- Não me dizes o que tenho ou não de fazer! O miúdo apareceu quando não devia e agora não tenho outra hipótese se não matá-lo!

Quando ouvi as suas palavras, um arrepio percorreu o meu corpo e ouvi a voz da Luna a chamar-me do andar de cima.

- Está mais alguém aqui em casa?! – quase gritou o rapaz que me agarrava.

Nesse momento ouvi um estrondo e o rapaz que me agarrava largou-me de repente, a queixar-se de dores. Olhei à minha volta, sem perceber o que acabava de acontecer.
O rapaz do cabelo encaracolado acabava de espetar uma estaca nas costas do rapaz que me agarrava e este, aos poucos, transformava-se em cinza.
Eu estava em choque enquanto observava aquilo tudo. O rapaz do cabelo encaracolado aproximou-se de mim e abraçou-me enquanto me limpava as lágrimas.

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