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horas depois

maya pov

Estava tão perdida em pensamentos que, quando senti a mão do Alonso a mexer, ainda pensei que estivesse a sonhar.
Mas não estava. O Alonso estava a acordar e a sua mão apertava com força a minha mão.
Não consegui controlar-me e uma pequena lágrima caiu pelo meu rosto, fazendo-o olhar atentamente para mim.

- Estás a chorar? – perguntou, com a voz fraca.

Acenei que sim e limpei rapidamente a lágrima.
Aos poucos ele tentou sentar-se na cama, ainda enrolado na manta do George, e eu sentei-me mais perto dele.

- Como é que te sentes? – perguntei.

- Hm sinto-me tonto... e confuso.

Suspirei. Era uma questão de tempo até ele começar a fazer perguntas.
Mas sinceramente não estava preocupada com isso. Eu não pretendia continuar a mentir-lhe. Eu ia contar-lhe toda a verdade e ia protegê-lo.

- Bem, eu vou preparar alguma coisa para tu comeres, não quero que te sintas fraco – disse e levantei-me, mas ele agarrou-me na mão.

- Eu vou contigo... - disse enquanto olhava em volta, receoso.

- Consegues levantar-te? – perguntei, preocupada.

- Acho que sim, ajuda-me... - pediu-me.

Ele levantou-se com cuidado e saímos do quarto, andando devagar, pois o Alonso ainda se sentia fraco e tonto devido à transfusão de sangue.
Descemos as escadas e vieram todos juntar-se a nós, querendo saber se ele já estava bem.
Tentei adiar as conversas e levei o Alonso para a cozinha.

- Bem, nunca tive jeito para cozinhar mas posso tentar fazer alguma coisa... - ri-me baixinho, enquanto o Alonso se sentava numa cadeira.

Dirigi-me para o frigorífico e acabei por decidir fazer uns ovos mexidos.
Preparava-me para começar a cozinhar quando a Luna entrou na cozinha e se dirigiu para mim.

- Não te preocupes, eu faço isso – disse ela, fazendo-me sinal para que fosse sentar-me ao pé do Alonso.

Na verdade, suspirei de alívio porque nunca aprendi a cozinhar quando era humana, e depois de ser transformada não era necessário sabê-lo, pelo que nunca cheguei a aprender.
Enquanto a Luna fazia os ovos mexidos, manteve-se um silêncio incomodativo na cozinha, mas quando o George veio ter connosco, começaram a surgir assuntos de conversa.
Tal como eu previa, não demorou muito até o Alonso ganhar coragem e começar a fazer perguntas.

- Quem é que me fez isto?

Eu e o George trocámos um olhar preocupado e o George acabou por dizer:

- Não sabemos. Os vampiros que te salvaram não reconheceram a pessoa que o fez.

- Eu fui salvo por vampiros?! Mas eu não fui atacado por um?

Era notória a admiração no rosto dele. Respirei fundo, achando piada à sua reação. Fazia-me lembrar da altura em que me disseram que tinha sido transformada. Também tinha imensas dúvidas e perguntas sem respostas.
O caso do Alonso era diferente, pois ele não tinha sido transformado. Apenas tinha sido apanhado no meio de uma guerra.
Aos poucos o Alonso ia fazendo perguntas e o George respondia-lhe a tudo pormenorizadamente, contando-lhe tudo sobre a nossa existência, das bruxas e dos caçadores de vampiros, da guerra com o Alan, assumindo também as culpas por causa daquela mentira que eu e o Jos inventámos.
Depois do Alonso se ter alimentado e já ter recuperado algumas forças, a Luna e o George deixaram-nos sozinhos.

- Afinal eu sempre tive razão... - começou a dizer, mas eu interrompi-o.

- Desculpa. Eu sei que não te devia ter mentido, sei que não devia ter dito que estava com o teu melhor amigo... Mas eu só queria evitar que algo de mal te acontecesse... Eu queria afastar o Alan daqui, para que ele não te fizesse mal... O Jos já estava enterrado nisto até ao pescoço e eu não podia deixar que te acontecesse o mesmo.

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