Capítulo trinta - Gustavo

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Gustavo narrando

Era mais um dia comum. Levantei 5h00am ainda sonolento e fiz como de costume ir toda vez até o quarto de Lia, encostei-me ao batente da porta e observei seu quarto. Ela tinha ido ao acampamento há dois dias e eu já sentia sua falta. Sorri de lado, só quero que a minha pirralha esteja bem.

Saí de lá, me aprontei para o trabalho e engoli o café da manhã que no máximo foi um suco. Peguei minha mochila, as chaves do carro e corri para o elevador.

- Bom dia - Cumprimentei o porteiro quando o avistei na sua cabine, abri um sorriso e joguei a chave do carro para cima pegando-a de volta.

- Fala Gustavo - Ele estende a xícara de café e me olha por cima dos óculos redondos.

Entro no carro e giro a chave. Saindo da garagem vejo que o céu ainda estava escuro e por incrível que pareça, ainda dava para se ver a lua. Como eu queria meu ensino fundamental de volta.

Batuco no volante enquanto espero o sinal ficar verde, ao som de David Guetta.

Como aquelas semanas estavam me matando, mal dormia de noite e tinha vez que nem via minha família. É nessas horas que você deseja que o dia tenha trinta e seis horas, porque as que têm não estão sendo suficiente.

Faço estágio de arquitetura numa empresa, o que suga a maior parte do meu dia. Visito tantas obras e mergulho tanto na matemática que meu cérebro chega, literalmente, a ferver. Mas é uma profissão que eu gosto e me sinto a vontade, minha família sempre fala que eu nasci com o dom para isso, afinal estou cursando a própria faculdade de arquitetura.

Depois de horas no trânsito, estaciono em frente ao meu prédio. Desço do carro com minha mochila e ligo o alarme. Passo pela recepção e subo as escadas na tentativa de esquecer que eu cheguei atrasado mais uma vez, não quero nem pensar se o chefe estiver na minha sala.

- Tryan, seria ótimo se você realmente chegasse pelo menos no horário que foi estabelecido para o seu estágio. - Meu chefe fala assim que eu apareço na porta, ele estava sentado na minha cadeira com os pés na mesa. Não poderia ter um bom dia pior.

- Desculpe senhor Ian, eu prometo chegar na hora certa da próxima vez. - Falo fechando a porta atrás de mim.

- Assim espero, perdi as contas das vezes que você repetiu esta frase. - Ele retira os pés da mesa se levantando para ir embora. - Não garanto que eu venha dar um aviso simples da próxima vez.

E por fim, ele dá um sorriso maléfico. Ao que eu reviro os olhos assim que ele sai e fecho a porta.

Ian sempre foi mal humorado, ele faz questão de não dar bom dia as pessoas. Aliás, qualquer cumprimento que seja. Olha sempre para o seu próprio umbigo, vive falando da sua casa em Dubai enquanto segura sua xícara de chá para lá e para cá perambulando no prédio, e ganha horrores por isso. Não dá para entender os superiores.

Coloco minha mochila em cima da mesa e ligo o meu computador, olho a pasta em cima da mesa. Dez apartamentos para visitar, o dia realmente vai ser longo.

(...)

Eram por volta das 19h00 quando eu soube que já tinha dado o meu horário. Minha cabeça estava explodindo, meu corpo dolorido de ficar sentado nessa cadeira dura e eu, sinceramente, não sei como vou aguentar mais 4 horas de faculdade.

Suspirei totalmente exausto enquanto guardava todas as folhas e relatórios na minha bolsa de couro. Até que, acidentalmente, vi o folheto da escola de Artes que Lia queria tanto entrar.

Sorri ao lembrar que eu já tinha todos os documentos necessários guardados no meu carro para fazer a matrícula.

Ela vai ficar tão feliz.

Terminei de guardar tudo apressadamente, guardando tudo de qualquer jeito. Ainda tinha tempo sobrando e eu disse a ela que teria uma surpresa quando voltasse.

Saí esbarrando em todos e pedindo desculpas. Saí do prédio, liguei o carro e joguei a bolsa no banco de trás.

Então dirigi até lá.

Liguei o rádio e estava passando a música Thinking Out Loud do cantor favorito da Lia.

Ela tinha mesmo bom gosto. Cantarolei algumas partes pensando em como ela ficaria feliz com a surpresa.

O sinal ficou verde e comecei a avançar no cruzamento.

Mas não cheguei ao outro lado. Pois vi um carro em alta velocidade avançando até a esquerda do carro, onde eu estava.

Pude pensar na minha família segundos antes do impacto, na mamãe e suas bochechas rosadas, como ela cozinhava maravilhosamente bem, pude sentir o cheiro do café que ela fazia. Pensei em papai, no seu perfume de colônia, aquele que ele sempre usava, seu terno que cheirava a roupa passada, como ás vezes eu o ajudava a dar um nó em sua gravata azul de seda, em seu sorriso ao chegar em casa e nos ver assistindo televisão. Pensei em Lia, no seu sorriso ao me ver entrando no seu quarto, na sua mão delicada me abraçando ou desenhando paisagens que ela julgava serem merecedoras de seu caderno.

Pude pensar até mesmo em Lívia, a única garota pela qual me apaixonei, a garota que conquistou meu coração quando eu tinha apenas 13 anos.

Queria poder vê-la novamente. Mas agora é tarde demais.

O carro atingiu-me com uma força que eu seria incapaz de medir. O vidro estilhaçou-se caindo sobre meu braço cortando-me profundamente.

Quando ele finalmente parou de me arrastar rodovia abaixo, permiti-me fechar os olhos e deixar meu corpo desligar-se.

E então apaguei.

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E-eu. Não sou capaz de opinar :(

Esse capítulo está muito triste! O Gus é tão bondoso, tão maravilhoso.

Na boa, apoio a prisão desse motorista destruidor de Gustavos!

Semana que vem tem mais!

Aaah! Pra quem gosta dos meus contos, tenho duas boas notícias!

1- Eu escrevi e já postei um novo conto que só o título já diz tudo! "Presas no Elevador" (Adorei escrevê-la e fazer a capa!)

2- Eu decidi que vou escrever um pequeno conto mostrando o romance puro e sincero de Lívia e Gustavo, quando eles tinham apenas 13 anos! Quem tá feliz? XD

Não tem previsão de postagem, tampouco o resumo, mas que o conto será escrito, isso eu garanto pra vocês! :))

É isso pessoal!

Bjs :*

~Rabiscada

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OI GENTE! Aqui quem fala é a Gosh.

Como lidar com esse capítulo? NÃO TO BEM. 😭 Ele só queria fazer uma surpresa 💔

Desculpem eu ter sumido, mas essa semana e a passada foram muito pesadas. Vários problemas, mas enfim. Voltei <3

A gente também pede desculpa por ter que diminuir a quantidade de capítulo para só um dia na semana (que será domingo) e ainda suspender um pouco a maratona :(. Mas não estávamos dando conta de tanta coisa, espero que não fiquem bravos com a gente s2

E para você que não olhou os contos da Rabis ainda, corre lá! Está ótimoooo, ela ainda vai escrever sobre a paixão de 13 anos do Gus, owwwn ❤

Até domingo que vem ❤

/Gosh

Do outro lado da RuaOnde histórias criam vida. Descubra agora