Capítulo doze

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Do outro lado da rua, bem, digamos que só vejo mato e folhas, e ainda as árvores não me possibilitam enxergar o pôr do sol. Aqui o calor domina totalmente, e se vier brisa geralmente vem com um adicional de sensação de forno, mas apesar disso tudo, existem as qualidades.

O dia entardeceu comigo desenhando a frente da casa dos meus avós isso serviria de lembrança, eu não saberia quando iria voltar aqui. Minha mãe resolveu chamar alguns tios que moram por perto, para fazer um churrasco à noite. Com isso, eu e meu pai fomos para o centro da cidadezinha para comprar as bebidas e alguns temperos.

(...)

Estamos no centro e achei uma loja de artesanatos, meu pai me deixou ali olhando enquanto ele ia comprar as coisas que precisava. A loja era mágica era tudo tão colorido, os filtros dos sonhos, os chaveiros, os enfeites de casa, vasos de flores, tudo era feito a mão. O cheiro de madeira era maravilhoso eu conseguia sentir a pura arte no ar, me sentia única como se aquele fosse um lugar que conhecia há séculos.

Até que vi um garoto virado de costas, me parecia familiar e para tirar minhas conclusões, fui do outro lado da prateleira onde ele admirava alguns jarros de flores. Fingi observar atentamente os detalhes das esculturas montadas com livros.

- Lia? - Alguém me chama, e quando vejo era o garoto que eu observava.

- Miguel? - Digo surpresa ao ver que era ele.

Ele veio até mim e nos abraçamos.

- O que está fazendo por aqui? - Falo sorrindo e surpresa. - Me seguiu por acaso?

- Talvez? Por que não? - ele ri junto. - Estou viajando por uns motivos pessoais.

- E como assim não me avisou? - Digo me sentindo insignificante. - Acho que no máximo, você poderia ter me avisado. Como eu iria saber que você não ia mais a praça por esses dias?

- Ei, calma não sabia que iria ficar tão furi... - Não o deixo completar a frase.

- Sim Miguel. Furiosa é a palavra que me define, custava tanto me falar? Você tem whatsapp e nem sequer me mandou nada. Cheguei a pensar que você fosse um daqueles garotos que pega o telefone de uma menina e toma um chá de sumiço!- Falo seca.

- Meu Deus Lia! Deixa-me explicar. - Ele fala, mas eu apenas o ignoro.

- Não precisa, boa viagem viu? - Falo ríspida e viro para ir embora, mas Miguel segura meu pulso e me puxa para perto dele.

- Fica calma. - Ele fala acariciando meu rosto com o polegar. - Decidimos hoje que iríamos viajar, e como aqui não possui sinal a mensagem não chegou ao seu celular. - Ele fala em tom baixo.

E logo depois me abraça num abraço envolvente que retribuo. Era bom ter um amigo assim em que me sinto protegida, era como se nada pudesse me atacar quando eu estivesse com ele.

- Me desculpe. - Falo com a voz abafada, devido eu está com o rosto um pouco mais abaixo de seu ombro.

- Não precisa se desculpar. - Ele fala perto do meu ouvido, fazendo com que um arrepio percorra minha coluna, devagar nos separamos. Eu deveria estar bem vermelha no momento.

- Tenho que ir agora, se cuida está bem? - Ele fala segurando meu rosto com as duas mãos, e deposita um beijo em minha testa.

- Você também, e boa viagem. - Digo e nos abraçamos rápido desta vez, depois ele desapareceu entre as ruas num carro.

Encontro meu pai e ajudo-o com as sacolas de compras, e logo estávamos voltando para casa. Desbloqueio o celular e fico mexendo na galeria de fotos até dar de cara com a foto minha e Pedro no parque com os cachorros.

A primeira vez que não saímos um com raiva do outro. Solto um sorriso involuntário lembrando desse dia um tanto agradável.

Meu pai do meu lado olha-me confuso, rapidamente desfaço meu sorriso, até porque eu odeio o Pedro.

Né?

Bom, isso não importa agora, até porque quando eu voltar começará a guerra novamente e voltaremos a nos odiar.

Né?

Sacudo a cabeça jogando toda incerteza para fora, não posso ficar confusa assim, é demais pra mim.

Papai estaciona em frente á casa da vovó, ajudo-o pegando as sacolas do porta malas e colocando na mesa da cozinha.

- Quer me ajudar querida? - Vovó pergunta cortando uns legumes numa tábua de madeira.

- Claro, quero sim. - Pego uma faca e começo a cortar uma cenoura. - Vó?

- Sim querida? - Vovó diz jogando abobrinhas para refolgar na manteiga e mexendo com uma colher de pal.

- Como a senhora conheceu o vovô? - Pergunto sorrindo.

- Ah querida, seu avô era uma pedra no meu sapato. - ela diz rindo encostando no balcão com a colher na mão. - A gente sempre se esbarrava em todos os lugares possíveis, um atrapalhava o caminho do outro.

- Sério? Vocês eram estabanados? - Pergunto rindo e surpresa.

- Estabanados? Éramos desastres ambulantes minha filha. Se estivéssemos no mesmo lugar algo iria acontecer. - Ela diz caindo na risada novamente.

- Diga alguma vez que deu errado vovó. - Digo sorrindo cortando mais uma cenoura.

- Na época seu avô trabalhava numa sapataria, e uma certa vez eu fui nesse mesmo local comprar um sapato para um evento que iria ter. - Ela falava detalhadamente, já havia deixado a cenoura de lado para ouví-la melhor. - Seu avô estava numa escada enorme colocando uma caixa de sapatos na última estante da prateleira, e eu fui passando pelas estantes passando os dedos por cada caixa e não o vi no meio do caminho, então quando passei pela escada acabei o derrubando junto com várias caixas de sapatos de vários tipos.

Ela cai na gargalhada junto comigo que chega a doer a barriga.

- E vocês ficaram com raiva um do outro? - Eu perguntei interessada.

- No começo nos levantamos e começamos a brigar, mas chegou um momento que olhamos um para a cara do outro e começamos a rir feito crianças, depois disso nos conhecemos e começamos a namorar, claro que com a permissão da minha família. Depois disso vieram-se 40 anos de casados. - Ela diz sorrindo docemente.

- Que linda história vó, espero que comigo seja assim também. - Digo suspirando de frustação.

- Lia, não deixe que o amor escape entre seus dedos, preste atenção no que o destino lhe reservou, seu grande amor pode estar bem na sua frente, basta você querer enxergar. - Ela diz e vira-se mexendo na abobrinha de novo como se nada tivesse acontecido.

É vó, se ele estiver bem na minha frente, eu preciso fazer um exame de vista urgente!

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OI GENTE! Aqui quem fala é a Gosh, sou uma das Duplamente Únicas.

E Bem vindos ao quarto dia de maratona! ((: Miguel sempre um amor com a Lia, né?

Votem, comentem e divulguem!

Até amanhã <3

/Gosh

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Olá leitores! Como vão?
Capítulo pequeno eu sei, mas amanhã tem mais!

Beijos. Até amanhã!

~Rabiscada

Do outro lado da RuaOnde histórias criam vida. Descubra agora