Capítulo vinte e três

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Eu estava no meu quarto, parada em frente à minha janela, até que ouço batidas na porta, viro-me e vejo Gustavo de braços abertos para me envolver num abraço, do qual corro para fazê-lo.

O cheiro de seu perfume preferido em sua blusa, fazia-me respirar profundamente para apreciá-lo, aperto meus braços em volta de sua cintura, e começo a chorar.

- Gus, por favor, não vai embora. Não me deixa sozinha. - Digo entre lágrimas com a voz embargada.

- Não se preocupe Lia, vai ficar tudo bem. Eu sempre estarei aqui com você. - Ele beija minha cabeça.

(...)

Levanto-me da cama hospitalar subitamente e ansiando ver Gustavo, mas quando vejo que não está lá, começo a chorar confirmando que era apenas um sonho.

Mamãe me abraça e eu choro em seu peito, quando essa dor vai acabar?

Sabe quando você está subindo as escadas de olhos fechados, só para saber como é? E então você sobe super confiante mas seu pé não encontra o chão? Passam-se aqueles breves segundos de tortura, insegurança e desespero, achando que você vai cair de cara no chão. Bom isso é o que eu sinto agora. Breves segundos de dor, tortura e desespero, de olhos fechados, na escuridão, sem saber o que fazer.

Eu ansiava pelo momento em que meu pé encontraria o chão de novo e assim, eu suspirasse aliviada de que tudo já passou.

Continuo chorando até ouvir batidas na porta, quando olho era Pedro com um buquê de flores coloridas.

- Pode ir conversar com ele querida, o médico já te liberou. - Mamãe diz enxugando meu rosto e sorrindo.

Levanto da cama e vou até ele sorrindo ao ver a pessoa mais linda desse mundo. Após eu claro.

- Oi Liazinha, como vai? - Ele diz colocando uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.

- Sobrevivendo. - Sorrio desconcertada.

- Pode vim comigo? - Ele pergunta olhando-me nos olhos.

- Pra onde? - Pergunto curiosa erguendo uma sobrancelha.

- Só vem. - Ele diz piscando entregando-me o buquê.

- Tudo bem, vamos. - Digo sorrindo e entregando as flores para minha mãe.

Ele sorri de orelha à orelha e pega na minha mão, sentir sua mão na minha era um sonho que eu nem sabia que tinha, meu coração disparara completamente e todo o meu corpo estava arrepiado, estava rezando para não começar a suar feito um porco.

Ele começou a me guiar pelos corredores e a cada vez que me distanciava da UTI, mais me sentia vazia, como se a última esperança de que Gus viveria, só ficaria ali, então parei com um tranco e Pedro quase caiu pra trás.

- Desculpa Pedro, mas não posso sair, tenho que ficar com meu irmão. - Digo abaixando o tom de voz e desviando meu rosto de seus olhos, prendendo as lágrimas que ameaçavam cair.

- Lia, você não... - Pedro abaixou a cabeça e engoliu em seco. Se aproximou de mim e segurou meu rosto para olhar em seus olhos. - Você não precisa se prender aqui Lia, tenho certeza que Gustavo gostaria que você saísse pra esquecer essa dor, me deixa fazer isso. Me deixa fazer você esquecer essa tristeza por mais inútil for a tentativa. - Ele disse suplicando em seus olhos, enxugando uma lágrima que rolou por minha bochecha.

- Pedro eu não... - Fechei os olhos tentando conter o choro, peguei em sua mão no meu rosto e a acariciei. - Eu não posso fazer isso. Tenho que ficar aqui.

Pedro continuou a me olhar profundamente, e seus olhos passavam por todo o meu rosto até parar na minha boca. Sua mão desceu por minha cintura prendendo-me em seus braços, como garantia que eu não saíria dali, é claro que eu não saíria. Minha mão subiu para sua nuca e encostamos nossas testas, fechando os olhos para apreciar aquele momento. Meus dedos enrolavam seus cabelos enquanto sua mão acariciava minha cintura, cada segundo melhor que o outro, cada segundo ansiando por seus lábios colados aos meus, cada segundo desejando ficar mais perto, querendo nos tornar um só, querendo ele só para mim, eternizar aquele momento junto à ele. Senti seu hálito sobre minha boca e mordi meu lábio inferior sentindo que estava se aproximando o momento que eu finalmente o beijaria.

Do outro lado da RuaOnde histórias criam vida. Descubra agora