Capítulo trinta e três

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Do outro lado da sala em que eu estava, pude ver minha mãe quase tombando para lado devido à má posição que estava dormindo. Franzi o cenho, olhei para os lados. Observei o soro que estava pendurado e as gotas que caíam calmamente passando por um tubo até o meu braço.

— Mãe? — Falo na tentativa dela acordar do sono que aparentava ser pesado. Mas logo que eu chamo, ela se assusta e vem rápido até chegar perto de mim.

— Você está melhor? — Ela disse parecendo preocupada comigo, pegando em minha mão.

— Eu estou... bem. — Olho nos olhos dela com uma expressão de dúvida. Volto a olhar os fios ligados no meu braço — Pra quê isso tudo? — Falo observando a quantidade de furos.

— Você dormiu o dia todo, e agora é bem tarde. Ligaram tudo isso para você não acordar tão fraca porque está em observação. Além do mais, você ficou sem comer o dia inteiro! Ele teve que te aplicar soro, disse que vai ter que comer pouco até seu estômago se acostumar. — Ela acaricia minha mão, eu me concerto para me sentar.

Eu até presto atenção no que ela diz, mas depois lembro-me instantaneamente de Gus.

— Cadê o Gus? — Arregalo meus olhos e vou ao impulso de me levantar.

— Ei! — Ela me repreende pegando em ombros, impedindo-me de levantar. — Ele está ficando bem.

Olho para ela. Eu fiquei com uma dúvida no ar. Será que ela estava mesmo falando a verdade? Ou será somente para eu não sair correndo desesperadamente?

(...)

Depois da noite toda praticamente sem sono, fui liberada pelo médico logo cedo. Acabei descobrindo que estavam suspensas as visitas pra Gustavo para não passar tanta emoção á ele, por que seu estado poderia piorar. Sem alternativas novamente, voltei para casa.

Mas dessa vez pensei durante todo o percurso. Será que agora que Gus saiu do coma ele finalmente poderia ter chances de melhorar? Será que todas as minhas palavras resolveram alguma coisa? Será que ele me escutou?

Todas essas dúvidas grudavam e martelavam na minha cabeça, não tinha ninguém que responderia a não ser o próprio médico, tenho até certo medo da resposta.

Quando minha mãe virou a maçaneta para entrar, demos de cara com o meu pai sentado no sofá com o controle apontado para a TV, zanzando nos canais. Era a pessoa que eu menos queria ver no momento.

— Como você está Cecília? — Ele me pergunta se levantando, com uma expressão que uma pessoa desconhecida identificaria como "preocupada". Já eu, só como alguém que não quer passar má impressão.

— A mesma de sempre. — Respondo passando pelo meio da sala indo direto ao meu quarto.

— Trouxe pizza! — Ela fala alto para eu ouvir, já que eu tinha entrado no meu quarto.

— Estou sem fome. — Respondo ao mesmo tom que ele, porém seca.

Afinal, o que aconteceu? Ele simplesmente joga toda a culpa na minha cara, e quer fingir depois de alguns dias que nada aconteceu? Oferecendo-me pizza? Quanta hipocrisia.

Peguei meu celular e me joguei na cama. Vasculhei os meus contatos na tentativa de desabafar com alguém.

Parei de repente. Pedro.

O que será que ele estava fazendo durante esses dias? Feliz? Se divertindo? Ou talvez... pensando em mim?

Lia sua boba, é claro que ele não está pensando em você! Afinal ele é o Pedro.

Do outro lado da RuaOnde histórias criam vida. Descubra agora