Capítulo trinta e dois - Lívia

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Lívia narrando

Cecília saiu do quarto depois de dois minutos totalmente arrasada e acompanhada de dois enfermeiros que a seguravam pelos braços.

Era uma cena terrível. Ver alguém assim, sendo arrastado para longe de alguém que ama. De alguém que gosta. A tratavam como se ela fosse louca, quando na verdade, ela só queria ficar pra conversar mais com Gus.

Idiotas.

Como podem fazer isso? Não veem que isso fará ele se sentir melhor do que deixá-lo sozinho?

- É a sua vez querida. Eu vou ver a Lia. - Dona Célia falou tocando meu ombro, enquanto algumas lágrimas surgiam em seus olhos.

- Farei isso. - Disse sorrindo pegando em sua mão. Ela sorriu de volta e saiu, deixando-me no corredor do quarto de Gustavo.

A enfermeira autorizou minha entrada, e antes de abrir a porta, respirei fundo e pensei nele quando éramos crianças, ou quando nos encontramos na faculdade.

Então abri a porta.

Não dá para definir tamanha surpresa ao vê-lo daquele jeito. Ele estava com faixas cobrindo-lhe a cabeça toda, curativos em seus braços e o rosto totalmente indecifrável, um rosto de alguém sem vida.

Era difícil vê-lo assim, sem um sorriso no rosto, sem o bom humor, sem ver seus olhos gentis, sem poder ouvir sua voz, sem poder abraçá-lo, sem poder...

Beijá-lo.

Sentei-me na cadeira perto da cama e segurei em sua mão.

A quanto tempo não pego em sua mão, sua mão que passava por meu rosto, que passava por meus cabelos, que faziam-me cosquinhas arrancando-me risadas.

- Oi Gustavo. - Disse finalmente, suspirando. - Não tem muito tempo que nos vemos mas, eu ainda não disse tudo que tinha pra falar. Naquele verão, quando tínhamos 13 anos, foi a melhor época da minha vida. Por que? Porque eu tirei o aparelho lógico! - Eu disse rindo. - Mas falando sério, se eu pudesse escolher onde ficar, eu escolheria estar com você. Mas ás vezes fico pensando, se esta seria a mehor escolha. Eu e minha família tivemos que mudar, como você bem sabe, e lógicamente tive que ir junto. E justo no momento em que... - Tentei engolir o choro, então continuei. - Justo no momento que descobri estar apaixonada por você.

Enxuguei as lágrimas que rolaram por meu rosto e continuei a falar, na esperança de ele estar ouvindo.

- Talvez se eu tivesse ficado, se meus pais não tivessem decidido se mudarem, talvez não teria dado certo para nós. Sabe por quê? Eu vou lhe dizer o porquê. Depois de todos esse anos, longe do meu amigo, do meu vizinho, do garoto por quem me apaixonei, eu cresci. Amadureci, tive experiências que me ajudaram a ser quem sou hoje. E quando te encontrei na faculdade, quando encontrei seus olhos, quando vi você e todas as memórias da minha infância vieram a minha cabeça, eu percebi que nunca me esqueci de você, e que nunca deixei de... - Suspiro e fecho os olhos, forçando as lágrimas rolarem. - Eu nunca deixei de te amar. Sim Gus, eu amo você. E só depois de anos que eu fui perceber isso, porque não há paixão que dure anos, mas há amores que só crescem com a saudade, com as lembranças e o meu cresceu. Quando te vi, percebi que te amo. Então por favor, fique bem logo. Eu quero te abraçar, te beijar e dizer o quanto te amo. Por favor Gus! - Termino de falar em meio a prantos, a essa altura meu rosto já estava inchado e com certeza da cor dos meus cabelos.

Então de repente, as máquinas que o mantinham sobrevivendo a tudo, começaram a apitar assustadoramente, emitindo um som por toda a sala me assustando completamente.

Vários enfermeiros entraram correndo e desesperados, eu gritava por Gus, gritava dizendo pra ficar vivo, ficar vivo por mim. Uma enfermeira me tirou da sala, e quando me sentei na sala de espera, ouvi o médico dar ordens explícitas para não deixar ninguém mais entrar no quarto, pois estava piorando a situação dele.

Então chorei mais, agarrei minhas pernas em cima daquela cadeira dura e chorei em silêncio.

- Acorda Gus, acorda pra mim. - Eu sussurrei pra mim mesma em meio as lágrimas.

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Olá leitores! Como vão? :)

Eu sei, eu sei. Capítulo curtinho mas, com muitas emoções!

As postagens continuarão no domingo e dia 13 de abril faremos 6 mêses com o livro (ou será 5?) Huehueheuehue é bom demais saber que vocês estão gostando!

Quanto ao conto, ainda está em andamento! E tá tão lindo gente :')

Se chamará "Pequeno Romance" <3

Bjos :*

~Rabiscada

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OI GENTE! Aqui quem fala é a Gosh.

Que amorzinho esse capítulo ❤

Vamos dar uma força pro Gus, ele precisa 😥

Beijoooo

/Gosh

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