Capítulo vinte

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Do outro lado eu só conseguia ver folhas, mato e muita árvore. O vento batia nas minhas pernas que estava com um short e me fazia arrepiar nos braços devido eu estar de regata, já Pedro estava tranquilo com jaqueta e uma calça. A luz que entrava era pouca, suficiente para enxergar o caminho devido às árvores serem preenchidas.

Já era cerca de 16h00m e tínhamos encontrado quatro objetos que no total eram dez, demos duas paradas durante essas horas que estivemos andando. O calor já tinha diminuído bastante e pode-se dizer que estava realmente frio.

— Está com frio? — Só então percebo que ele estava me olhando a uns minutos.

— Claro que não — Menti, descruzando os braços e dando de ombros, mas ainda arrepiando.

— Para de se fazer durona, Lia — Ele revira os olhos, e tira a sua jaqueta.

Ele segura meu pulso me fazendo parar e virar, para olhá-lo.

— Já disse que não estou com frio, que saco. — Viro os calcanhares para continuar a andar.

Mas ele me segura pela cintura e coloca a jaqueta por cima dos meus ombros.

— Seus braços arrepiando estão te denunciando — Fala perto do meu ouvido e dá uma risadinha, o que me faz arrepiar mais ainda.

Afasto-me rapidamente ignorando minha reação.

— Só vou aceitar por estar ventando um pouquinho — Me viro para olhá-lo.

Ele estava com uma regata branca, exibindo totalmente seus braços musculosos, sua clavícula definida, e as veias alteradas que lhe davam um charme.

Percebo que estou alguns minutos o olhando e ele está sorrindo, provavelmente devia estar rindo da minha cara de idiota. Pigarreio meio desconcertada e me viro para a trilha novamente e me deparo com duas entradas.

— Qual das duas? — Pergunto e ele se aproxima também olhando as entradas e logo em seguida o mapa.

— Não tem duas entradas para escolhermos aqui no mapa. — Ele estranha.

— Mas, acho que deveríamos ir para cá — Ele aponta para a esquerda.

— Acho melhor à direita, está mais claro o caminho e...

— Claro que não, na esquerda está com menos folhas pelo chão — Ele diz me interrompendo. — Tenho certeza que é por aqui.

— Pedro, não seja teimoso — Reviro os olhos, mas ele me puxa para o lado esquerdo e segue o caminho.

Já são 19h00m e meu estômago estava começando a reclamar das horas sem comer, os lugares que passávamos já não batia com os lugares que estavam no mapa e não encontrávamos mais nenhum objeto além dos quatro que eu carregava na bolsa.

— Eu estou começando a ficar com fome — Resmungo.

— E você acha que eu não? — Ele fala grosseiro, e para de caminhar ainda olhando o mapa.

— E o que fazemos? — Eu paro na sua frente. — Eu não quero dormir aqui, deve ter um monte de mosquitos, e bichos que podem... — Começo me afligir e atropelar as palavras.

— Cala boca Lia! — Ele me olha e altera a voz, zangado. — Escuta.

Tento me concentrar em algum barulho que esteja fazendo. E realmente estava, parecia se aproximar cada vez mais e era parecido com cobra.

Assim que escuto corro e abraço Pedro, fechando meus olhos e enterrando minha cabeça no seu ombro. Ele demora a retribuir o abraço, mas cede.

— É apenas um esquilo — Ele diz em tom baixo, e ri.

Do outro lado da RuaOnde histórias criam vida. Descubra agora