Júlia Narrando
Olhei pro lado e vi a Lia, rabiscando algo qualquer em seu caderno, com seus pensamentos, eu tenho certeza, que estavam em Gustavo.
Eu via nos fundos de seus olhos o quanto ela estava se segurando, o quanto ela estava tentando ser forte, o quanto ela estava em uma constante briga com ela mesma, tentando decidir se chorava, ou se permanecia forte para a sua família. Família esta que está desmoronando, se me permitem dizer.
Mas, o que eu sei agora, é que eu não vou mais abandoná-la. Jamais.
Voltei meu olhar para a porta e avistei a Babi entrando na sala, lógico, com sua "amiguinhas".
Ela olhou para mim e pude perceber seu olhar furioso entre mim e Lia, eu não a deixaria chatear Lia. Não mesmo.
E justamente por esse motivo, fui até Babi, impedí-la de fazer qualquer coisa com a Lia.
Assim que apareci em seu caminho até a Lia, ela me olhou furiosa.
— Sai da minha frente coisinha! — Ela tentou me empurrar para o lado, mas devido aos meus pratos de predeiro que como todo dia no almoço, ela falhou totalmente. Cruzei os braços.
— Aonde pensa que vai Babi? — Perguntei com meu rosto tomado de fúria.
— Eu vou fazer a vida da sua amiguinha um inferno. — Ela disse sorrindo cínica.
— Só por cima do meu cadáver. — Falo entredentes.
— Oh, acho que teremos um assassinato aqui. Não é mesmo? — Ela diz tentando me meter medo, tentativa falha querida.
— Com certeza, prefere morrer com facada ou tiro? — Digo levantando a sobrancelha.
Ela me olha incrédula e, acredite se quiser, totalmente amedrontada. Ela me olha furiosamente e dá meia volta com suas escudeiras até sua mesa.
Sorrio vencedora e olho para Lia, mas quando a vejo, ela está com sua cabeça sobre a mochila e olhando a parede, seus dedos desenham linhas imaginárias na mesma. Suspiro aborrecida em ver minha amiga desse jeito.
Infelizmente, quando eu estava indo até lá, a professora entra na sala ordenando silêncio.
Mereço!
(...)
Enquanto a professora explicava sobre a Guerra Fria, percebi Babi me olhar furiosamente.
Me poupe querida, tira foto que dura mais. Esse é meu lema.
Mas, sei muito bem porque ela está assim. Ela não sabe perder.
Depois que o acampamento foi cancelado, por motivos bem óbvios, eu tomei a decisão de que não iria mais ficar longe da Lia, mas antes, eu tinha que colocar um ponto final na minha "história" com a Babi.
Então em um belo dia, pra variar, fui até a casa dela. Sim, eu fui na casa da lambisgóia.
Brincadeiras á parte, eu fui lá pra falar umas verdades que aquela garota merecia, e assim o fiz. Quando cheguei em seu quarto, a raiva me possuiu.
— Vejam só onde estou pessoal. Na toca da cobra mais sirigaita do Brasil. — Digo observando seu quarto cor de rosa.
— Você sabe muito bem com quem está falando Júlia, eu não faria isso se fosse você. A menos que...
— A menos que o quê? — A interrompi. — A menos que eu queira sair do seu lado maléfico da força e resolva ficar do lado da Lia? — Eu disse por fim, fazendo-a assustar-se. — Babi eu CANSEI de você! Cansei das sua provocações idiotas e, sinceramente? Nem sei porque me uni a você. Eu devia estar com problemas mentais só pode!
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Do outro lado da Rua
Fiksi RemajaEntre rabiscos, linhas, cores e esboços, Lia vive sua paixão por desenhos em uma pequena cidade de São Paulo. Tendo uma mãe com excesso de limpeza, um pai ausente e um irmão cursando a faculdade, ela se vê um pouco sozinha no mundo. Do outro lado da...