Capítulo oito

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Segurei as alças da mochila e segui em frente. A cara da Júlia após me ver realmente não foi das melhores, ela revirou os olhos e rapidamente desviou o olhar. Quando vou chegando perto do portão, Pedro dobra a esquina correndo meio desengonçado eu diria, e vendo que o portão estava fechado faz uma expressão de derrotado.

— Corri três quarteirões para nada? — Ele fala tentando arrumar seu cabelo que estava bem fora de forma hoje.

— O que aconteceu? Enfiou o dedo na tomada? — Provoquei, com uma cara ironicamente horrorizada.

— E você? Perdeu o senso de moda? — Ele fala olhando para os meus pés. Afinal, o que há de problema com meus pés? Desvio meu olhar para eles.

Meu. Deus.

Além de brigar com Júlia, perder o horário, ter azar no elevador, e ainda ficar do lado de fora com esses dois, ainda venho com pares diferente de sapato? Céus.

— Sabe como é né, depois que perde a amiga, perde o senso do ridículo também. — Provoca Júlia, já era tempo de ela soltar uma dessas.

— Mudar sempre faz bem. — Falo dando de ombros.

— Eu não queria estar na sua pele em pleno intervalo... — Ele fala tentando achar Chico, o porteiro, que não estava por ali.

— Pois é então se você ainda não percebeu, o problema é meu se vou passar vergonha não é mesmo? — Digo seca.

— Que brava. — Ele fala levando a mão no peito como se estivesse ofendido.

— Só quero entrar logo, e apresentar a droga do trabalho de matemática. — Falo esbravejada, com o rosto entre as grades.

Espero que Bethany tenha imprimido o trabalho na casa dela como combinado, por que parece que professor resolveu me marcar, e se eu não apresentar isso... Ai, ai, ai.

Alguns minutos se passaram, e aquele silêncio estava aterrorizante. Até que finalmente, Chico resolveu aparecer com um cafezinho em mãos.

— ALELUIA! O velho apa... — Pedro indaga nas palavras. — O velho Chico apareceu. — Ele conserta sua frase, e solta um longo suspiro de alívio.

— Chico pelo amor de Deus, tenho um trabalho para apresentar hoje, libera aí? — Imploro, com a melhor cara de inocente possível.

— Olha pessoal, posso ter problemas ao liberar a entrada de vocês. — Ele fala transmitindo sinceridade.

— Chico, você não pode fazer isso com a gente! Por favor. — Resmunga Júlia.

— Já não estou muito bem em Matemática, imagina se esse trabalho valer a metade da nota, meu pai vai me matar! — Pedro diz desesperado.

— Tudo bem, mas somente desta vez, estamos entendidos? — Ele diz, nos olhando por cima dos seus óculos retangulares.

Nós abrimos um longo sorriso, pelo menos uma boa notícia. Ele destranca o portão e permite a nossa entrada nos aconselhando a não passar em frente á diretoria, entendemos o recado e vamos a caminho da sala.

Apenas espero que nenhum tipo de inspetor, ou professor passe por nós neste momento ou estaríamos condenados á diretoria.

- Será que o professor deixa a gente entrar? – Pedro sussurra, enquanto andamos pelo corredor tentando não chamar atenção.

- Não sei, mas o que nos resta é tentar. – Sussurro também.

- Boa sorte para nós, vamos precisar. – Júlia sussurra.

Ao chegarmos na sala batemos na porta, a turma estava arrumando as carteiras em duplas.

- Ora, ora, ora, o que houve dessa vez? – O professor pergunta ao abrir a porta.

Do outro lado da RuaOnde histórias criam vida. Descubra agora