Capítulo seis

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Do outro lado da rua, Pedro saía no mesmo horário que eu do prédio para a escola, toda vez nos encarávamos, era notável o ódio e a fúria em seus olhos toda vez que nos encontramos.

Nesses últimos três dias, tive brigas feias como nunca com Pedro, ele sempre está me provocando, ou insultando alguém, tirando sarro das pessoas e isso acaba me deixando totalmente inquieta e nervosa, e desde que chegou, seu novo habitat é a diretoria.

Hoje decidi ir até a praça, não tenho visto o Miguel por lugar nenhum então tirei a conclusão que ele poderia estar lá, não poderia passar tanto tempo por lá devido ao meu azar de ter que fazer o maldito trabalho de Matemática com Bethany, que marcamos na minha casa por volta de seis horas da tarde.

Avisei a minha mãe que ia até a praça, peguei meu caderno e desci pela rua, andei em passos largos , o tempo estava nublado e o vento forte de hoje fazia as folhas das árvores oscilarem.

Sentei no banco da praça, não havia mais ninguém além de mim por ali, a rua estava deserta e silenciosa. Abri o meu caderno e folheei os desenhos, reparar o meu progresso a cada desenho é como voltar no tempo, é ter a nostalgia quando descobri o meu talento e que era realmente aquilo que eu queria para minha vida.

— Já te falei que você tem muito talento? — Alguém sussurra perto do meu ouvido, viro repentinamente e dou de cara com Miguel com seu violão perto de meu rosto, era possível sentir sua respiração, nos afastamos rapidamente.

— J-Já. — Solto um sorriso espontâneo, ele senta ao meu lado e coloca seu violão encostado no banco. — Da última vez você ficou de tocar uma música, lembra? — Perguntei curiosa em ouvi-lo cantar, ele sorri.

— É verdade, quer escolher alguma? — Ele diz pegando o violão.

— Hum... escolhe você. — Falo.

Ele assente e começa a tocar, deslizando suavemente seus dedos sobre as cordas, e finalmente revela sua voz.

It's just another night

And I'm staring at the moon

I saw a shooting star

And thought of you ele canta me encarando, com um sorriso leve em seus lábios.

I sang a lullaby

By the waterside and knew

If you were here,

I'd sing to you

You're on the other side

Ed Sheeran. Identifiquei a música de cara, sua voz ecoava pela rua silenciosa, me trazia paz, era leve, suave, por um momento esqueci todos os problemas. Era como se ele adivinhasse a música que seria boa para aquele momento, sem perceber fechei os olhos e sorrindo, cantei junto a ele.

As the skyline splits in two

I'm miles away from seeing you

I can see the stars

From America

I wonder, do you see them, too?

So open your eyes and see

The way our horizons meet

And all of the lights will lead

Into the night with me

Into the night with me — ele finaliza.

E ficamos ali sorrindo um para o outro, e já era de se esperar, que minhas bochechas começaram a queimar.

- Impressionante. – ele diz, balançando a cabeça como se estivesse inconformado.

- O quê? – sorrio ao ouvir sua risada.

- Impressionante como algumas pessoas nascem com mais talentos que outros. – ele diz e olha admirando-me.

- Impressionante como algumas pessoas são mais equivocadas que outras. – cruzo os braços e levanto uma sobrancelha.

Sua cabeça tomba pra trás para sua risada sair em alto e bom som, é incrível como seu sorriso brilha com os raios do sol e os seus cabelos pretos brilham em sua pele branca.

- Vem sempre aqui Lia? – ele pergunta, seu braço cai sobre as costas do banco.

- Sim, tento vim sempre, meus pais são muito ocupados e meu irmão ocupadíssimo com a faculdade, então ás vezes eu fico um pouco só, aí conheci essa praça e sempre venho aqui desestressar com meus desenhos. – digo.

- Entendo. – ele balança a cabeça.

- Você não vem muito aqui né? Mora longe demais? – falei.

Essa era a minha forma de "extorquir" informações pessoais sobre pessoas que despertam interesse. Eu diria que sei disfarçar muito bem.

- Só há alguns quarteirões, venho sempre que me falta inspiração pra compor. – ele diz e olha seu celular no bolso.

- Atrasado? – digo um pouco curiosa já que ele parecia aflito.

- Na verdade estou esperando uma ligação. – ele diz e sorri de lado.

- Huum, cara importante, desculpe eu deveria vim com alguma roupa mais formal? – digo, e arranco boas gargalhadas dele.

- Não, você está linda assim. – ele para de rir e me olha, estamos um pouco próximos demais e o brilho do sol trás um clima romântico, seus olhos continuam focados nos meus, consigo observar cada detalhe do rosto bem de perto, parece que há uma força gravitacional que nos aproxima mais e mais, agora posso sentir sua respiração sobre minha pele, quando estamos bem próximos possível, seu celular toca, nós dois damos um pulo com o susto.

Recomponho-me rapidamente e guardo minhas coisas, depois dessa cena eu prefiro ir pra casa, ouço uma voz de mulher no telefone dele, ele tenta se afastar, parece tenso, pois colocou a mão no bolso como para aliviar a tensão. Ele desliga o telefone e vem em minha direção.

- Eu preciso ir. – dissemos os dois juntos, rimos da cena um pouco tensos ainda.

- Foi ótimo te encontrar aqui. – ele diz, ainda com a mão no bolso, com uma das mãos livres ele coça seus cabelos.

- Igualmente, a gente se vê por aí. – eu digo, abraçando meu caderno brutalmente contra o peito.

- Claro. – ele sorri, e então vem um longo e constrangedor silêncio, tudo que eu queria neste momento era correr mas minhas pernas estão presas.

Ele se aproxima lentamente e deposita um beijo na minha bochecha, por um leve segundo nossos olhos se encontram, ele se vira, pega seu violão e sai em direção contrária a minha.

- Ai meu Deus! – sussurro para mim mesma, saio dali correndo, parece que depois dessa cena minhas pernas me obedeceram e ganharam energia pra fugir daquele lugar.

Não sei como vai ser na próxima vez que nos virmos, mas sei que preciso de algum tempo para me recuperar dessa cena.

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OI GENTE! Aqui quem fala é a Gosh, sou uma das Duplamente Únicas.

QUE BA-BA-DO! Oque acharam do Miguel? Eles cantaram juntos, owwwwwn 

Ah! Sou mega fã do Ed Sheeran *-* <3

Até a próxima!

/Gosh

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Do outro lado da RuaOnde histórias criam vida. Descubra agora