Capítulo vinte e um

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Do outro lado da árvore que estávamos, via-se os raios de sol iluminando a floresta, forçando-me a abrir os olhos contra minha vontade.

Quando os abri fui surpreendida com perfume de Pedro em mim, ele ainda dormia, mas sua pele ainda roçava na minha, seu perfume impregnara-se em mim, e depois um sorriso apareceu no meu rosto, este eu não queria tirar.

Seus braços ainda estavam agarrados a mim, como se não quisesse que eu saísse dali, como se quisesse que eu fosse dele para sempre. Mas ao pensar nisso, lembrei de Babi o beijando, lembrei de como eles eram agarrados antes disso acontecer, pensei que quando a gente achasse a saída, eles se beijariam e ele se esqueceria de mim.

Mas é isso que eu quero certo? Que ele fique com a Babi e me esqueça de uma vez, para não ter que suportá-lo. Não é isso o que eu quero? Ou era o que eu queria?

— Lia? — Pedro sussura em meu ouvido. Provavelmente não sabe que eu acordei. — Acorda linda, precisamos sair daqui.

Linda.

— Bom dia. — Falo esticando os braços. Pedro desamarra as mangas da jaqueta e ao esticá-la, suas mãos passam por minhas coxas e seu rosto encosta ao meu, sua bochecha encosta na minha e ele roça seu nariz nela, o que me faz arrepiar e encolher os ombros.

Ele fica desconcertado e logo tira suas pernas em volta de mim.

Me abraça de novo.

Foi o que quis dizer, mas mordi a língua para não dizer isso. Fechei os olhos e fiquei repetindo a mim mesma que não cederia. Eu não poderia ceder. Ele é da Babi. E eu não o tomaria dela, não seria como ela.

Não vou ceder.

Não vou ceder.

Não vou ceder!

— Lia? Tá tudo bem? — Pedro pergunta tocando no meu braço ao que eu me esquivo no ato.

— Sim, só estou com dor de cabeça. — Sorrio desconcertada.

— Precisamos comer. Vamos ver se achamos alguma mangueira por aqui. Ou outra fruta. — Ele começa a descer a árvore, quando chega ao chão, estende ao mão pra mim como incentivo. Novamente jogo a jaqueta pra ele e começo a descer, mas escorrego e caio de bunda no chão.

Inicialmente Pedro se preocupa, mas quando vê que estou bem começa a rir da minha cara.

— Ha, ha, ha, muito engraçado! — Falo limpando minha bunda.

— Quer que eu ajude a limpar aí? — Ele ri e ergue a mão para limpar minha bunda.

Viro-me rapidamente.

— Claro que não, tá louco? — Falo revoltada limpando o resto de folha que tinha na minha bunda. — Me dá isso aqui! — Falo pegando a jaqueta dele e amarrando na cintura.

— Pronto? — Ele pergunta ainda rindo da minha cara, mostro minha língua a ele que revida.

— Podemos ir ou quer ficar mais nessa floresta? — Cruzo os braços e ergo a sobrancelha.

— Vamos nessa! — Ele diz novamente fazendo-me rir.

Era 15h00m segundo meu celular que faltava pouco para descarregar e claro, ele não tinha nem sequer um fiozinho de sinal. Tínhamos decidido fazer o caminho de volta para o acampamento e no meio do caminho comemos algumas mangas que achamos num pé, já estava prestes a um pássaro deixar alguns ovinhos no meu cabelo para nascerem filhotes de tanto que estava embaraçado. E sim, eu estou falando bem sério.

Já Pedro, ele estava bem nervoso. Não fiquei falando muito porque eu também estava, e muito. Não ter ideia se você vai ver sua família novamente, mesmo que seja para brigar por a gente ter se perdido nesse fim de mundo dói bastante.

Do outro lado da RuaOnde histórias criam vida. Descubra agora