Miguel Narrando
Já parou pra pensar, que todo mundo tem problemas? Bom, com certeza sim. Mas é questão é, quão grave é o seu problema?
Ás vezes nós cumprimentamos alguém na rua por cortesia, dando-lhes um caloroso "Bom dia", ou quando encontramos um conhecido na rua.
"Você está bem?"
É o que perguntamos, mas nunca estamos preparados para uma respota negativa. Como você reagiria?
Por não sabermos a reação que as pessoas terão ao receber tal reposta é que sempre dizemos com um sorriso forçado:
"Tudo ótimo e você?"
Como a vida é complicada né? Passamos por incontáveis pessoas todos os dias, alguns conhecidos outros desconhecidos, mas nunca sabemos se o sorriso em seus rostos são verdadeiros ou se são apenas uma máscara, uma máscara para esconder a realidade.
Acho que o que esperamos ao fingir estar bem, é que ao menos uma pessoa te enxergará como uma pessoa feliz, ou uma pessoa que com certeza sabe solucionar seus problemas.
Provavelmente estou sendo pretencioso ou até mesmo dramático, mas não dá para negar que é verdade.
Todo mundo já fez ou fará isso algum dia. É inevitável.
Minha mãe sempre me dizia isso, que não devemos julgar as pessoas pelas aparências, e não digo só julgar como condenar, mas como palpitar como a vida daquela pessoa é.
Ela sempre me dizia que por mais que a pessoa demonstre estar feliz, ela pode estar sofrendo por dentro.
Imperceptivelmente ela fez isso comigo. Ela sempre sorria. Sorria como se estivesse tudo bem, e passava a mão por meus cabelos, com seus delicados dedos fazendo-me um cafuné.
Eu adorava quando ela fazia isso, pena que nunca mais ela o fará.
Ela está morta.
Se suicidou deixando-me apenas uma carta de despedida. Eu não acreditei quando eu soube. E o pior foi saber que ela estava em um caso grave de depressão, e que ninguém sabia pois ela escondia isso.
Irônico não? Nem tanto.
Como eu a amava, amava tanto que nem me importava em ficar com ela o dia inteiro, nem me importava em cuidar dela.
E agora eu não sei o que vai ser da minha vida. Porque ela era tudo o que eu tinha, tudo o que sou hoje, tudo o que fiz para o bem de alguém, foi por causa dela. Ela me ensinou ser o homem que sou hoje.
Como eu queria abraçá-la uma última vez, como eu queria sentir o seu perfume uma última vez, como eu queria ver seu sorriso uma última vez, como eu queria dizer o quanto eu a amo uma última vez.
O pastor continua com a cerimônia, até que passa a palavra para mim. O filho querido.
Ao chegar no pequeno púlpito, suspiro a exaustão do meu corpo.
— Minha mãe foi uma das melhores pessoas que eu conheci. A sua bondade por todos, seu amor, seu carinho por mim é impagável. Ela com certeza, foi e sempre será uma mulher da qual sempre se orgulhou de tudo o que fez. Ela não se cansava de me colocar para dormir, cantando aquela música de ninar que... — Paro um instante para conter as lágrimas que continuam a cair. — Aquela música que em sua voz de anjo me fazia dormir tranquilamente. — Minha voz sai embargada. — Eu queria poder ter evitado isso, eu queria fazer com que ela visse que ainda podia se recuperar, eu queria saber antes de... — Fecho os olhos, ao que meus sílios grudam um no outro por conta das lágrimas. — Eu queria ela de volta. Queria dizer o quanto eu a amo, e o quanto me orgulho por ela ser minha mãe. — Digo respirando pela boca, é tão difícil pronunciar aquelas palavras para alguém que não fosse ela. — Eu queria ver aquele sorriso tão doce dela mais uma vez. E hoje, por mais que doa em mim e por mais difícel seja, eu me despeço da minha mãe que amo tanto. — Digo descendo do pulpito, mordendo minha mão em forma de punho, essa dor no peito estava insurpotável, esse vazio que ninguém mais pode preencher, parecia doer cada vez mais.
Meu pai me abraça, choro em seu abraço, eu sabia que ele estava sofrendo tanto quanto eu. A morte deixa todos os vivos mortos de uma vez.
Quando toda a cerimônio terminou, incluindo jogar a terra por cima do calchão, jogar algo significativo... do qual joguei as meias que usei quando eu era bebê, várias pessoa vieram nos prestar seus sentimentos.
É inevitável sentir os olhares de pena, mas eu os entendo. Todo mundo faz isso vez ou outra.
Fui para casa e, depois de tirar meu terno preto de luto, me joguei na cama olhando o teto.
Me lembrei de ontem, um pouco depois de receber a notícia de minha mãe, fiquei sabendo por meio da Babi que Lia estava no hospital, como seu irmão em coma.
Como eu entendia a dor dela, fui ao hospital vê-la, por mais acabado que eu estivesse.
E foi quando a encontrei quase beijando o Pedro, não sei o que senti, mas sei que a minha vonta era de sair logo dali.
E assim o fiz.
Lia já tem muitos problemas para ligar para o que está passando na minha vida. E quero que alguém pense que estou bem apesar de tudo.
Todos parecem estar numa fase ruim, para todo lugar que eu olho, e sei que não precisam de mais um para consolar.
— Filho? — Papai bate na porta. Dava para ver que estava exausto.
Não respondo nada, mas ele entra e senta na minha cama. Passam-se longos segundos de silêncio, um sem saber o que dizer para outro. Encosto-me na cabeceira da cama, e quando encontro seus olhos vejo o quanto está sofrendo, assim como eu.
Então sem mais palavras, nos abraçamos e choramos juntos.
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Olá leitores! Como vão? :)
Capítulo triste, eu sei. E é por isso que quero conversar com vocês.
Sejam sinceros amegos, por um acaso vocês acham que a história está ficando muito dramática ultimamente? Ou acham que está ótimo maravilhosa merecedora de 1.7k (SIM QUASE 2k). É que eu estou numa crise existencial achando que tudo o que eu faço está horrível.
Digam-me, olhem nos meus olhos. (Imaginem ;-;) E digam a verdade!
Gente, pela nossa falta de tempo vamos ter que, infelizmente, reduzir as postagens para apenas um cap por semana.
Ontem nem pudemos postar e estamos sem nenhum capítulo no estoque devido as maratonas que, por enquanto, estarão suspensas :/
Mas não se preocupem, faremos de tudo para que vocês tenham DOLDR toda semana!
Enfim liendos! É só isso!
Bjos :*
~Rabiscada
P.S: A Gosh tá meio avoada hoje, fiquei cobrando e esperando ela colocar o recado mas nem colocou. Deve tá no sétimo sono! Mereço ;-;
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Do outro lado da Rua
Novela JuvenilEntre rabiscos, linhas, cores e esboços, Lia vive sua paixão por desenhos em uma pequena cidade de São Paulo. Tendo uma mãe com excesso de limpeza, um pai ausente e um irmão cursando a faculdade, ela se vê um pouco sozinha no mundo. Do outro lado da...