Capítulo sete

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Do outro lado da rua, as pessoas passavam por mim como se fosse um dia normal, mas para mim, tinha sido um dia cheio de emoções.

Assim que cheguei em casa, joguei o caderno na mesa de centro e me lancei sobre o sofá. Soltei um longo suspiro que parecia estar dentro de mim a anos, era como se eu estivesse respirando agora. Aposto que prendi a respiração quando estava com Miguel.

Ding Dong

Droga! Esqueci-me que Bethany vem aqui hoje. Levanto-me do sofá e atendo a porta.

- Oi Bethany, entre por favor e fique a vontade. - Digo abrindo espaço para ela entrar.

- Obrigada Lia. - Ela sorri e começa a entrar, ela levanta a cabeça como se estivesse admirando a casa. - Linda casa Lia.

- Obrigada, sente-se por favor, vou pegar o notbook e o caderno. - Digo e subo as escadas.

Peguei tudo que precisava e desci, quando cheguei à sala encontrei Bethany olhando meu caderno de desenho.

- O que está fazendo? - Digo.

- Ah, desculpe, fiquei curiosa, você tem talento Lia, são todos lindos. - Ela diz, passando o dedo por um desenho do jardim que fiz.

- Pena que o mais lindo que eu fiz a Babi rasgou. - Digo, sentando-me ao seu lado.

- Sinto muito por isso, Babi às vezes exagera. - Ela abaixa a cabeça.

- Você não parece como a Babi e as outras, você é boa. - Eu digo, abaixando a cabeça para ver seu rosto, como as crianças fazem quando vê um amiguinho chorando, não que ela estivesse chorando, só falei pra explicar a situação e... Ah você entendeu!

- Eu sempre fui amiga de Babi, desde o primeiro ano do jardim. Mas ela começou a ficar má, tentei de todos os jeitos mudá-la e fazê-la olhar no que ela se tornou, mas todas as tentativas foram em vão, eu continuo sendo amiga dela, como se fosse meu dever sabe? Tentar resgatar a Babi do jardim de infância, aquela Babi que se importava generosamente com as pessoas. - Ela diz, e então surge uma lágrima no canto de seu olho.

- Sinto muito Bethany, eu te julguei mal, achei que você fosse como a Babi, desculpe. - Digo olhando com sinceridade em seus olhos.

- Tudo bem Lia, sei que você é uma boa pessoa. - Ela diz, e solta um sorriso.

- Bom, vamos deixar a tristeza e as desavenças de lado e partir pra esse trabalho infernal, que tal? - Digo e ela acaba rindo.

- Claro vamos lá!

(...)

Já era 19h30 da noite e ainda estávamos pesquisando alguns tópicos adicionais, só pra curiosidade mesmo, sempre gosto de colocar nos trabalhos, acaba agradando ao professor.

- Nossa, está ficando tarde. - Bethany disse, olhando a hora no celular.

A porta se abre e minha mãe entra com as compras do mês.

- CECÍLIA! VEM ME AJUDAR COM AS SACOLAS DO CARRO! - Minha mãe grita da porta, aposto que está quase morrendo com as sacolas.

- Igualzinha à minha mãe. - Bethany diz, fazendo-me rir.

Nos levantamos e ajudamos minha mãe, depois de pegar várias sacolas - e quando digo várias são várias mesmo - sentamos na mesa da cozinha.

- Lia minha filha, não me avisou que sua amiga estava aqui. - Ela diz, disfarçando que estava zangada por eu não tê-la avisado, mais tarde com certeza ela virá conversar comigo.

- Desculpe mãe, essa é Bethany, Bethany essa é minha mãe Célia. - Apresentei as duas.

- Ah, por isso o nome Cecília, de Célia né? - Perguntou Bethany à minha mãe.

Do outro lado da RuaOnde histórias criam vida. Descubra agora