Capítulo 31

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Dedico a EricaAlves017 obrigada pelo apoio linda!

Houve então uma guerra nos céus. Miguel e seus anjos lutaram contra o dragão, e o dragão e os seus anjos revidaram. Mas estes não foram suficientemente fortes, e assim perderam o seu lugar nos céus. O grande dragão foi lançado fora. Ele é a antiga serpente chamada Diabo ou Satanás, que engana o mundo todo. Ele e os seus anjos foram lançados à terra.
— Apocalipse 12:7-9

Eu sentia o vento soprar nos meus ouvidos, a noite estava escura e pela primeira vez Londres estava estrelada, diferente do que imaginei, não era encantadora, Londres estava sombria, o céu parecia chorar uma grande perda, apertei o passo, nunca fui de ter medo do escuro, ou de andar sozinha e depois de tudo o que me aconteceu ter medo disso parecia idiotice, porém algo parecia querer me alertar, algo gritava profundamente no meu interior, "corra" e foi o que eu fiz, corri, corri até os jardins chegarem a minha visão, suspirei aliviada assim que avistei uma sombra ao interior, Baltazar, era ele, não deveria ter passado nem três minutos, mas ele parecia impaciente como se estivesse esperando a vida toda, ele se virou na minha direção e sorriu, algo estava errado, eu sentia, meus pelos se arrepiaram e eu me abracei, meu pai vinha na minha direção e eu fui na dele.

— Graças a Deus você está bem.
Ele encostou em meu rosto, e por um minuto parecia aliviado, mas então a ruga em sua testa voltou.

— Você não está segura Mia.
Suas palavras quebraram algo dentro de mim, não era medo era algo...diferente.
— O que está acontecendo? — Perguntei ansiosa.

— Eu descobri o que aconteceu com Edgar.
O olhei esperando que continuasse, mas ele olhou ao redor como se estivesse receoso.

— Você tem que sair daqui.
E se inclinou para mim, e sussurrou.

— As paredes escutam.
Eu não sabia o que dizer suas palavras me assustaram.

— Eu não só descobri sobre Edgar, mas a forma em que ele morreu.
Ele negou, com a cabeça.

— Minhas suspeitas são muito sérias Mia você...
Foi tudo muito rápido, ao piscar de meus olhos, senti o ar mudar e Baltazar já não estava mais a minha frente, tudo o que restou foi um grito no ar, que ficou gélido de repente. Olhei ao redor assustada, mais que isso, paralisada, o vento fazia um som assustador, o silêncio era sombrio, quase como se qualquer barulho fosse arriscado demais, eu quase não conseguia respirar.
— Pai? — Sussurrei e ouvi um barulho atrás de mim, não tive coragem o suficiente para me virar, minha respiração acelerou.

— Pai?

— Mia?
Ouvi seu sussurro e me virei, a cena era chocante, Baltazar estava de joelhos e eu quase não escutava sua voz fraca.

— Não confie em ninguém.
Foi a última coisa que ouvi antes dele simplesmente desaparecer.

— Não.
Corri até o local mas não vi nada, olhei por todos os lados assustada.

— PAAAI!— Gritei, nada, só o frio de Londres, eu estava entrando em desespero, será que o perdi? O que aconteceu? Não eu não podia perdê-lo, não de novo, não quando finalmente o havia perdoado, eu o perdoei? Sim, e nem tive tempo de dizê-lo, nem pude dizer que ...não, ele estava aqui, eu só tinha que encontrá-lo. Eu ia me virar mas algo me interrompeu, meu corpo inteiro se enrijeceu, e algo, alguma força sobrenatural me proibiu de virar-se, no entanto o vento trouxe sussurros assustadores até mim " Venha me encontrar, ou ele morrerá" e quando finalmente me virei, tudo o que enxerguei foi um papel branco em meio a grama verde do jardim.
"Galpão da Street 24A"
- Não...
Sussurrei em meio ao vento que parecia intensificar.
Meu pai nao poderia ter sumido, nao poderia ter sido levado, o que eu iria fazer onde diabos eu teria de ir? Lágrimas brotaram em meus olhos, eu queria chorar, eu queria gritar, mas nao podia não naquele momento.

- O que está acontecendo?
Aquela voz... Que um dia me fez tão bem, que uma vez me fez flutuar... E que agora eu sequer poderia confiar, meu pai nunca confiou nele, meu pai nunca quis que eu me aproximasse, e agora ele havia sido levado...
- Vá embora.
Eu pedi baixo, mas cortante, com sua habitual rapidez ele apareceu bem a minha frente, isso nao me impressionou, nao diante de tudo.

- Estou cansado de você sempre me tratar assim com tal frieza, sabe Mia eu nem deveria mais falar com você, você fez coisas para mim que...
Seu tom de voz expressava o quanto parecia machucado, humilhado, e eu me senti culpada por alguns minutos.

- Acontece que eu nao consigo quebrar essa ligação do meu peito, quando você fica triste eu sinto, quando você chora eu sinto meu peito destroçar, porr* eu nao quero mais você, mas eu nao consigo simplesmente parar de me importar.
Doeu ouvir ele dizer que nao me queria mais? Muito, mas eu não podia focar nisso agora, eu tinha algo muito maior para fazer, e Nick provavelmente era a única pessoa que poderia me ajudar.
- Você conhece "Galpão da Street 24A"?
Perguntei sem qualquer emoção, seu olhar mudou, ele me olhava como se me tentasse ler, e percebi que ele não só tentava, ele lia, deixei que o fizesse explicar iria ser bem mais demorado, e tempo era algo em que eu não dispunha, ele negou com a cabeça.

- Impossível.
Sussurrou, depois balançou a cabeça.
- Tem certeza que nao sabe quem o levou.
O encarei, se eu soubesse nao estaria pedindo a ajuda dele, ele entendeu, seu olhar era estranho.

- O que foi?
Questionei, ele desviou seu olhar de mim que de repente se tornou sem foco algum.
- Nick?
Chamei novamente, ele parecia estar em outra dimensão.
- Nick!!
O chamei e dessa vez ele me olhou.

- Chegou o dia.
Ele dizia, e parecia hipinotizado.
- Nao nao pode... Eu... Mia me escute!
Ele pediu e em minutos estava muito perto de mim, encarou meus olhos.

- Preciso que me prometa que não vai sair daqui.

- O quê? Enlouqueceu? A voz me disse, eu devo ir...
Ele me interrompeu.

- Esqueça a voz, é uma armadilha Mia, prometa que aconteça o que acontecer nao vai sair daqui.

- Nao vou prometer isso Nick, você acha que não sei que é uma armadilha? Eu nao me importo, nao ficarei sem meu pai, não novamente, e se eu terei de morrer tentando salva-lo ficarei feliz em fazê-lo.

- Escute bem.
Ele colocou a mão em meus ombros e me fez encara-lo.

- Não é a hora de bancar a heroína, isso nao é mais brincadeira de criança, tem muito envolvido, você nao pode ir.
Ele se virou para sair.

- Nick por favor.
Ele não se virou para me escutar.

- Lembra quando ele me deixou?
Isso o fez parar.

- Você me disse que eu superaria, que você também havia perdido o seu e superado, você...
Lagrimas começaram a escorrer, ele continuava paralisado.

- Eu me apaixonei por você naquele momento, eu tinha pensado que você havia sido tudo o que eu mais necessitei, e então você foi embora, e ai... Eu percebi que tudo não passou de uma ilusão, meu pai voltou a fazer falta, e você mais ainda, um buraco se fez em mim, juro que tentei superar, tentei mesmo mas... Era impossível.

Escutei sua respiração ofegante, ele estava me escutando.

- Depois de toda essa confusão com você, com ele a única noite que eu consegui dormir bem, como se eu fosse novamente aquela Mia de antes, como se retornasse a infância onde um pai me amava e me colocava para dormir foi a noite passada, ele estava comigo, eu o perdoei Nick, eu o amei e me senti tão amada, e agora ele... Ele foi levado.
As lagrimas desciam em meu rosto.

- Nao posso perde-lo, nao posso, nao novamente, já perdi você e doeu tanto, nao posso perde-lo de novo, por favor, você sabe de algo, e é o único que pode me ajudar... Por favor.
Eu estava implorando, e não me importava, tudo o que vinha em minha mente era Baltazar.
Nick continuou virado, e apenas o barulho dos ventos foram ouvidos, quando se virou para mim, em seus olhos condiam muitas emoções misturadas, e estavam cheios de lágrimas, ele o fechou com força, me deu um ultimo olhar e proferiu:

- Faça suas malas Mia, vamos viajar.

Enviada de Deus ( Concluído) Onde histórias criam vida. Descubra agora