Cap. 58

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Acordei e olhei o relogio que indicava serem 10h15 da manhã. Com alguma preguiça, sentei-me na cama e encostei-me à cabeceira desta, pensando no dia anterior. Ouço o abrir da porta e lá estava Zayn com um tabuleiro, trazendo-me o pequeno-almoço. Zayn aproximou-se da cama, sentou-se e colocou o tabuleiro no meu colo, dando-me sinal para que comesse e assim o fiz. Após beber o resto do sumo de laranja que se encontrava no copo, ficando assim o tabuleiro vazio do seu conteudo, Zayn pegou nele e pousou-o na mesinha de cabeceira.

Zayn- Acho que ontem deixamos a conversa a meio e gostava de poder acaba-la agora. (olhando-me) Bem, o que queria dizer-te é que eu amo-te e já não aguento mais esconder isto ou fingir que não o sinto. Sei que posso vir a estragar a amizade que temos, mas não consigo lutar mais contra aquilo que sinto. ( aproximando-se de mim ecolocando a sua mão em meu rosto) Vou-te dizer qual será o meu passo seguinte. Vou aproximar-me cada vez mais o meu rosto do teu, sem desviar o meu olhar do teu, apreciando cada segundo, sentindo a tua respiração juntando-se à minha, até que a distancia existente entre nós se torne nula.

A cada palavra que dizia, Zayn aproximava-se de mim lentamente, até que a distancia deixou de existir, acabando num beijo, fazendo-me relembrar o nosso primeiro beijo, e encostando a sua testa à minha, acaba a frase que tinha começado, sorrindo.

Zayn- Beijando-te.

Continuei perdida naqueles olhos castanhos, sentindo borboletas na barriga, sem reação, tentando controlar e perceber tudo aquilo que sentia.

Zayn- Quando te fiz aquela pergunta dos filhos ontem, queria dizer-te que é contigo que quero construir familia.

# Flashback on #

Tinha 16 anos e encontrava-me nas urgencias do hospital com a minha mãe. Tinha passado a noite toda com dores, a contorcer-me devido a estas e a vomitar, acabando assim, às 6h da manhã, no hospital. Os enfermeiros tinham-me metido a soro, o que me acalmou as dores horriveis e encontrava-me deitada numa maca tentando descansar. Eram 9h da manhã e, após varios exames, uma medica chamou pelo meu nome, sendo ajudada pela minha. mãe enquanto me levantava e me dirigia para a sala.

Medica- Menina Kiara, as dores que sentiu podem ser controladas e diminuidas. O que tem, segundo os exames, tem quistos nos ovarios, daí as falhas. na mestruação e as dores.

Eu- (aliviada) Então é só isso, doutora? Não é nada de grave, certo?

Medica- Grave não é. O unico problema será para engravidar, um dia mais tarde. Os seu ovarios não estão a produzir ovulos, ou seja, um dia que queira engravidar, essa hipotese será de percentagem baixa ou nula.

# Flashback off #

Olhei Zayn que ainda me sorria e baixei a cabeça ao lembrar aquele dia.

Eu- Zayn, eu... eu... posso nunca vir a dar-te um filho.

Zayn- O que? (disse quase berrando)

Eu- Eu tenho um problema que me impossibilita de tal.

Zayn- Então quer dizer que se ficar contigo nunca terei filhos. É isso?

Notei alguma raiva no seu tom de voz, talvez por estar quase a berrar.

Eu- Mais ou menos.

Zayn- (levantando-se furiosamente da cama e dando um murro na parede) Amo alguém que nem se quer pode me dar uma familia.

Eu- Mas, Zayn...

Zayn- Mas nada Kiara. (o seu tom tinha-se tornado agressivo) Ter filhos é um sonho meu e tu não me podes dar isso. Esquece. (saindo do quarto, batendo a porta atras de si)

Senti a garganta arder e comecei a chorar. Eu sabia quue tal coisa iria acontecer, que tudo iria acabar assim que as palavras "familia" e "filhos" aparecessem numa conversa. Tudo o que antes tinha passado com Zayn, não passaria de um sonho e, depois disso, passaria a um pesadelo. Entre soluços e choro, o ar começava a faltar-me. Levantei-me sobressaltada, berrando e chorando, colocando a cabeça sobre os meus joelhos agora fletidos. Aquilo não passava de um sonho, ou melhor, um pesadelo, mas tinha-me deixado preocupada em relação à reação de Zayn quanto ao assunto. Senti alguem abraçar-me, um abraço tão forte que me reconfortava. Agarrei as laterais da sua camisola puxando-o para junto de mim, enquanto a pessoa colocava a sua mão na minha nuca, encostando o meu rosto contra o seu peito abafando assim o meu choro. Comecei a sentir festas no meu cabelo e rosto e beijos no topo da minha cabeça. Como aquele abraço me estava a fazer bem. Fui gentilmente afastada encarando agora aqueles olhos azuis brilhantes, o seu sorriso quente e o seu cabelo loiro bagunçado. E da minha boca, entre soluços, só saiu "Nini" e abracei-o novamente com toda a força que tinha naquele momento.

Niall- (fazendo festas no meu cabelo, com o seu queixo na minha cabeça) Pronto, little potato, já passou. (voltando a afastar-me gentilmente de modo a ver a minha cara) Vamos apanhar ar, sim?

Olhei Niall ainda com lágrimas nos olhos. Ele puxou-me fazendo-me levantar e seguiu até ao jardim, onde nos sentamos num banco. Durante alguns segundos fiquei encarando as minhas mãos nas quais as minha lágrimas caiam enquanto Niall me encarava.

Niall- (quebrando o silencio) Quetes falar little potato?

Eu- (encarei Niall) Eu... eu... o Zayn... (entre soluços)

Niall- (abraçando-me) Calma.

Niall levantou-se e entrou em casa, voltando para junto de mim, sentando-se e entregando-me um copo com água.

Niall- Bebe.

Eu- (Bebi e suspirei) Nini, eu tenho um problema e posso nunca vir a ter filhos.

Niall- (sorrindo) E qual é o problema nisso little potato? Que tem o Zayn no meio disto?

Eu- O Zayn quer ter filhos e, embora eu queira muito, sendo um dos meus sonhos, é algo que posso nunca conseguir. (aqui esta a parte do meu sonho que escondi, querer ser mãe e ter uma familia)

Niall- (pegando nas minhas mãos) Amas o Zayn?

Eu- (baixando a cabeça) Sim, amo e muito. Mas não lhe posso dar um filho.

Niall- (sorrindo) Se o Zayn te amar também, ele não te vai deixar fugir só porque não podes ter filhos.

Encarei Niall que me sorria e me passava a mão pelo meu cabelo, fazendo pequenas festas, acalmando-me. Como eu queria que aquelas palavras fossem verdade. Ficamos ali, em silencio, mais algum tempo, talvez um par de horas.

Niall- Vamos descansar, sim? (levantando-se)

Eu- Niall, tenho medo de voltar a ter um pesadelo, não quero dormir.

Niall- (sorrindo) Eu fico contigo até estares a dormir descansada. (esticando-me a mão)

Agarrei a sua mão e seguimos para o meu quarto. Niall sentou-se perto da cabeceira e eu deitei a minha cabeça no seu colo, enquanto ele me fazia festas no rosto, limpando as minhas lagrimas que ainda caiam por ele, e, sentindo-me calma e segura, acabei por ser vencida pelo cansaço, adormecendo. Acordei e, ao olhar para a janela, vi que o sol já brilhava. Senti que alguém me abraçava, mas tinha a certeza que tinha adormecido no colo de Niall e não abraçada a ele. Senti uma respiração leve e quente no meu pescoço. Devagar, olhei para tras de mim, vendo Zayn, dormindo que nem um anjo, agarrado a mim. Levantei o seu braço e virei-me de frente para ele. Sorri ao ver o seu ar tão sereno enquanto lhe fazia festas no rosto e , levemente, beijei-lhe a testa, fazendo com que ele acordasse.

Two Dreams, One Life(Portuguese)Onde histórias criam vida. Descubra agora