03 - Visões Negras, parte 3

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– Eu recitei? – ela franziu o cenho – Não lembro o que eu falo, lembro do que vejo.

– E o que você viu? – Merry perguntou.

– Eu chamo de "visão negra" porque é tudo muito nebuloso e complicado de entender. Mas eu sei que Claire tem que ir salvar James Sky.

– Sky. – sussurrei e todo mundo me olhou – Isso é o "salvar o Céu".

– Mas como assim "voltar ao Azul"? – Ariana argumentou.

– Claire Blue. – Merry e Lia falaram em uníssono.

– Ela precisa voltar a ser quem ela era. – Merry completou.

– Do quê vocês estão falando? – disse.

– Vocês 'começaram do zero'? – Lia praticamente gritou.

– Mais uma com esse assunto. – Ariana revirou os olhos.

– Sim, eles 'começaram do zero'. – Merry respondeu a Lia – Ou seja, eles nem sequer se lembram que existe a possibilidade de fazer isso.

Lia tampou sua boca com a mão.

– Mas... Mas... – ela falou, mas no fim não disse nada.

– Diga de uma vez, Black. – Luke mandou.

– Mas vocês vão salvar o Sky, não é? – Lia me fitou – Você precisa salvar o Sky!

Merry fez um som estranho ao meu lado, mas era em total consentimento com o que Lia dizia.

– Por que precisamos salvar o James? – Luke disse a Lia – Você não vê que é a armadilha perfeita?

Lia assentiu.

– Claro que é uma armadilha. Os Caçadores devem estar em um número maior que o nosso também e tem poderes dos mais diversos, sobretudo, eles não tem a Única Mística e não sabem que eu estou aqui.

– Mas o que significa a última parte? "Perder e viver ou vencer e morrer?" – questionei, não querendo verdadeiramente saber o que aquilo significava, porque coisa boca não poderia ser.

– Eu... eu não sei. – Lia admitiu.

Todos nós trocamos olhares tensos.

– O que você sabe sobre os Caçadores? – Ash perguntou baixo para Lia.

E então Lia Black contou.

Ela era filha de um Caçador. Um Caçador da cor preta chamado Soul e quando ela disse esse nome uma calafrio percorreu todo meu corpo. Eu já tinha ouvido esse nome em algum lugar.

– Soul? – Merry interveio – Fora ele quem Caçou Claire, Luke, Ash e Ariana depois da luta na Arena de Esportes. Eles mesmo disse isso a mim e James, depois que outros nos levaram.

– Exatamente. Ele é meu pai.

– Mas ele não deve ter mais de 25 anos marcianos...

– É uma ilusão de ótica. Ele tem bem mais de 30 anos marcianos. – Lia contou.

E o pior ela também disse. Ela disse que Soul tinha o poder de invadir almas e transformar os seus sonhos mais belos, em seus piores pesadelos em frações de segundos. Alguns poderiam pensar que ter um pesadelo realista não seria muito traumatizante, porém era assim que ele matava suas Caças: de medo, dentro dos sonhos.

– Como podemos confiar em você, sendo filha de um Caçador? – Luke quase gritou para Lia que encolheu seus ombros por alguns segundos.

– Eu entrei em J-Dez, não é? Isso já diz algo de mim. E outra, eu tenho visões sobre Claire e o que ela deve fazer. Não posso ser má, se eu for, ela também é.

Ela tinha razão. Todos sabiam. Não apenas por entrar em J-Dez, mas também por ter visões sobre mim nascendo, Renascendo e indo em em regaste à James, porém, ainda si, não era o suficiente.

– O que exatamente você viu em suas duas outras visões sobre mim?

– Eu sempre soube quem você deveria ser e quem você era. Quando tive a segunda visão que tive consciência disso. Eu morava com meu pai, mas não gostava daquele lugar. Ele queria me treinar para ser uma Caçadora. Sim, existem mulheres Caçadoras. Enfim, saí da casa de meu pai e fiquei com minha mãe em B-Zero, conversei muito com meu Conselheiro e era como se eu já te conhecesse, como se você fosse minha amiga de longa data.

– Eu soube antes de qualquer um que você era a Única Mística e entendi que meu pai me queria perto não apenas para ser uma Caçadora, mas para contar a ele de seu paradeiro. Ele sabia que eu nasci, de certa forma, ligada a você e que eu saberia antes de todos quando a Única Mística nascesse e Renascesse.

– Seu pai sabe que você está aqui? – era a única coisa lógica que eu conseguia pensar depois de tudo que ela havia dito.

– Não. Dentro dos limites de J-Dez ninguém é ninguém e ninguém sabe de ninguém. – Lia respondeu com convicção.

Eu acreditei nela. Todos acreditaram, eu percebi na feição deles.

Seriamos nós estúpidos por confiar em uma desconhecida das "visões negras" ou já não tínhamos nada a perder?

***

Então, o que vocês acham? Votem e comentem.

Só digo: ficará mais tenso com novas relevações em breve ~ risada maléfica ~ (ou a tentativa de uma)

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