08 - Invocada, parte 2

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– Os olhos! – Merry murmurou colocando suas mãos em sua boca.

– O que tem meus olhos? – perguntei assustada.

– Estão... – Luke respondeu devagar – Estão... Roxos.

– Parecido com a forma que os de Merry ficaram – Lia disse – quando Soul invadiu sua alma. Só que não era roxo, mas preto.

– Mas Soul não estava vegetando quando isso aconteceu... – rebati.

– Quem disse que não? – Lia arqueou uma sobrancelha negra – O corpo dele fica em um estado parecido com o de coma quando ele "invade" o de outro.

Abri a boca e fechei em seguida. Realmente... O que eu pensava que aconteceria com Soul quando ele invadia a alma de alguém? Obviamente seu corpo não ficava perambulando sem uma alma por aí. Ele vegetava, como eu estava vegetando.

– E o que acontece com a alma, caso o corpo "verdadeiro" morra? – Merry perguntou a Lia que deu de ombros.

– Eu não sei... Nunca vi isso acontecer. Mas a lógica seria a alma ficar para sempre no corpo que ela invadiu.

Todos me encararam, de novo, com os olhos arregalados.

– Claire, – Luke começou – onde está seu corpo?

Tentei dar de ombros, mas deitada como estava no chão não parecia muito que eu estava realmente fazendo aquilo.

– Espero que seguro. – sussurrei.

– Onde estão os outros? – Luke insistiu.

– Eu não sei! – gritei em resposta – Não é como se eu tivesse vindo andando normalmente para cá!

– O que será que os outros estão achando que aconteceu com você? – Merry perguntava-se mais a si mesma, porém era uma questão que eu sabia a resposta.

– Ash disse que era melhor falar que eu morri...

– Temos que ir até os outros! – Lia levantou-se do chão em um pulo.

– Por que? Qual seu medo? – Luke quis saber.

– Ninguém protege um corpo morto! – ela rebateu – Se algo acontecer com o corpo de Claire, sua alma não terá como retornar!

Rapidamente Luke ficou de pé e Merry enfim saiu de cima de mim, me estendendo a mão em sequência. Quando eu me levantei com uma certa dificuldade, ela me abraçou e falou em minha orelha:

– Por favor, não morra!

A abracei de volta.

– Não morrerei. – prometi.

Não era bem uma promessa que eu tinha forças para cumprir ou não, eu apenas tentaria ao máximo permanecer viva, ou seja o que fosse "viver" estando em um corpo que não era meu.

Ao me afastar do abraço de Merry, Luke puxou minha mão e parou-me em frente a ele. Ele sorriu torto e passou levemente seus dedos em minha bochecha.

– Até que você não "está" feia.

Eu bati em seu peito.

– Você está paquerando meu... – procurei a melhor palavra para descrever a "Ruddy" – receptáculo?

Ele riu alto, fazendo sua risada ecoar nas paredes ainda estreitas e piscou para mim.

– Talvez.

A FugitivaOnde histórias criam vida. Descubra agora