10 - Ausência de Cor, parte 3

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James entrelaçou sua mão na minha e deu dois passos, depois, do nada, parou.

– Você é uma Residente de Z-Mil, nunca ouviu falar sobre este lugar?

Ele estava na minha frente, eu podia sentir sua cabeça pouco acima da minha e sua voz, mesmo baixa, estava muito próxima.

Aquele corpo, Ruddy, não era tão baixa quanto eu, sendo assim, eu não precisava levantar muito minha cabeça para ficar cara a cara com James. Ou o que eu acreditava ser cara a cara sem ver.

– Não, nunca ouvi falar deste local. – era uma verdade, porque eu, Claire, nunca ouvi falar sobre aquilo e se o corpo que eu habitava sim, eu não teria como saber, eu o "dominava".

– Certo! Então precisamos andar por aí. – ele comentou e virou-se, fazendo seu braço roçar com o meu e fazendo eu saber que ele estava ao meu lado.

– Para que lado?

James riu.

– Em ziguezague?

Ri também.

– Acho que não temos muito o que perder...

– Okay, andaremos em ziguezague então. Não dizem que nossos outros sentidos ficam mais aguçados quando não enxergamos? Teremos que tentar farejar.

Eu gargalhei e acompanhei ele com seu primeiro passo reto.

– Sim, pelo visto é o jeito.

Demos mais cinco passos contados para a frente e nada, parecia um largo corredor reto.

– Mais dez passos, certo? – James perguntou.

– Certo!

E demos dez outros passos contados. Dez passos largos e nada. Eu não "farejava" nenhum cheiro e nada estava no nosso caminho.

– Para o lado direito agora? – quis saber.

– Sim, cinco passos para a direita.

E demos.

E nada.

Mais dez para a direta.

Mais cinco para a esquerda.

Mais dez para a direita.

Mais cinco reto.

Mais dois pulos.

Mais uma dança de axé.

E nada.

Estávamos andando não em círculos, mas em um cubo.

E não havia nada.

Absolutamente nada.

– Morreremos de fome dessa maneira. – falei e ouvi minha própria barriga roncar.

James, que continuava com a mão entrelaçada na minha, pareceu bater com um pé no chão e quase gritou.

– O que houve? – perguntei e ele me puxou para o chão, fazendo-me ajoelhar ao seu lado.

Seu braço roçava no meu, com isso, quando ele afastou sua mão da minha eu não me senti solitária, pois continuava sentindo-o ao meu lado.

– Você não ouviu? – James perguntou.

– Não, não ouvi nada. O que foi?

Ele tateou-me até achar minhas mãos e direcioná-las para onde seu pé tinha ficado preso. Como eu não via, apenas imaginei que era um pedaço do chão solto.

A FugitivaOnde histórias criam vida. Descubra agora