– O quê? – berrei.
– Matar Claire Blue. Para ela vencer, terá que morrer.
Fiquei um ou dois segundos sem ação, apenas analisando o que ele havia dito. Era claramente a mesma coisa que a profecia de Lia Black.
Arregalei meus olhos.
É, talvez o que me matasse não fosse o AVC, mas o próprio James, quem eu achava que tinha que salvar.
Contudo: por quê? Por quê James queria me matar?
A não ser que tudo fosse um plano muito bem arquitetado dos Caçadores, usando-o como arma.
Ele puxou meus braços enquanto se colocava de pé, mas no instante que ele se aproximaria mais de mim, eu usei toda a força que tinha para obrigá-lo a se ajoelhar.
Eu não podia matá-lo, porque sabia que tinha algo de errado em toda aquela história.
Eu precisava achar um de meus amigos. Precisávamos levar James, Caçador ou não, para fora de Z-Mil.
O problema era: como? Como eu sairia daquele cubículo, acharia um de meus amigos para levar James embora?
Como eu sairia daquele cubículo sem matá-lo ou sem ele tentar me matar?
Eu só precisava de um amigo meu. Apenas um para tirá-lo de Z-Mil. Eu poderia continuar nesse lugar bizarro e avisar os outros. Mas agora eu não conseguia nem sequer pensar direito.
Como? Como? Como?
James levantou-se do chão e eu me estressei, muito.
– Eu mandei você ficar de joelhos! – quase berrei, mas não queria chamar atenção de outros Caçadores que poderiam estar de passagem.
Ele sorriu torto.
– Seus poderes são enfraquecidos em Z-Mil, Claire.
Estreitei meus olhos e quando James deu um passo vacilante em minha direção eu peguei a primeira coisa que achei naquele lugar.
"Não leia meus pensamentos!", ordenei e vi James fazendo uma careta. Ou seja, eu tinha poucos segundos de vantagem.
Sem esperar mais bati em sua barriga, fazendo-o recuar um passo, mas quando bateria em sua cabeça, com o que achei no cômodo; um pedaço de algo similar ao aço, James pegou de minha mão, batendo em mim.
Senti aquele sangue morto escorrer de minha testa e me enfureci.
Quem ele pensava que era para me ferir?
Eu era a Única Mística, com poderes enfraquecidos ou não, eu era a Única!
Joguei-me em cima dele, como via em filmes terráqueos de ação: com os braços abertos, quase como se voasse para agarrar a cintura do oponente. Dava certo naqueles filmes onde o protagonista nunca morria, mas passava por inúmeras situações de quase-morte... Nossa, eu era protagonista de algo bem similar àquilo!
Agarrei à cintura de James e caímos no chão. Eu sobre ele.
A cabeça dele bateu em algo no chão e voltou, como uma bola de basquete. Ele gemeu de dor. Senti um pouco de pena e dor por ele, mas não durou por muito tempo.
No segundo seguinte eu tinha me distraído e James foi rápido o suficiente para puxar meu cabelo curto e me jogar estendida no chão ao seu lado.
Antes de eu conseguir levantar, ele se pôs sobre mim.
Mesmo naquele tom sepia daquele lugar eu conseguia enxergar seus olhos brilhantes. Eles me distraíam.
E me distraíram ao ponto de James Sky me beijar.
Foi um beijo que eu senti falta, mesmo não me lembrando de ter tido. Foi um beijo desesperado, com dor enquanto o piercing de sua língua acariciava a minha língua. Minhas mãos foram para seu rosto e as dele para meu pescoço um tanto quanto rápido demais.
Eu sentia falta dele... Muita.
E senti, enquanto o beijava o quanto o amava.
Suas mãos soltaram meu pescoço e agarram meus pulsos, pondo as minhas próprias mãos sobre minha cabeça. Ele me prendia e eu deveria ter me importado sobre isso antes.
Não foi aos poucos o que aconteceu a seguir. Foi lento e muito dolor. Foi assustador e assombroso. Foi intenso de um jeito ruim. Foi mais forte que pancadas por todo meu corpo. Foi mais doloroso do que qualquer coisa que eu já tinha sentido.
Oh, poderia ter sido sexo, mas não foi.
Foi minhas lembranças voltando e me "espancando" mentalmente enquanto James já não me beijava, mas cortava meus pulsos.
Eu não sabia como, minha visão estava sem foco e meu corpo de tanta dor, estava frágil.
Tentei achar seu olhar, mas ele ainda estava com os olhos fechados e seu rosto parecia emanar dor. Tardiamente vi suas lágrimas rolarem.
Ele não queria fazer o que fazia? Então, por quê fazia?
Por que James Sky estava me matando?
Tentei gritar, mas percebi que já não tinha voz.
Entre a vida e a morte eu focalizei meus pensamentos na única pessoa que poderia me ajudar agora. Na única pessoa que poderia invadir minha mente quando eu ficasse desacordada.
Se ele não me ouvisse, se não houvesse forma nenhuma de contatá-lo, eu morreria.
"Me salva!", pensei quase desacordada "James Sky está me matando!", conclui e meus olhos começaram a se fechar devagar, mas não sem antes ver os de James se abrindo e mais lágrimas caindo.
– Eu te amo, Claire Blue. – James sussurrou e aquela, com certeza, seria a pior declaração de amor de todas.
Eu não tinha forças para falar, mas pensei para somente ele "ouvir", enquanto meus olhos fecharam-se:
"Eu te amo, James Sky."
***
Calma, calma todos!
Próximas partes serão bônus de James, no Antes.
E quem vocês acham que Claire estava "chamando"?
Outra coisa: acho que entrará um personagem novo na área, da cor amarela...
Se entrar, será um personagem masculino.. Então, digam pra mim qual nome vocês teriam em Marte?
O que eu mais gostar deixarei em versão masculina.
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A Fugitiva
Science FictionSegundo Volume da Trilogia "A Estranha" Claire sentia que algo faltava, mas o quê ela não sabia dizer. Uma Nascida, dizendo chamar-se Merry e conhecê-la há tempos, lhe chama para salvar James dos Caçadores. Mas Claire não poderia ou poderia ab...