Viramos à esquerda novamente e paramos em um local estreito com três direções possíveis: outra esquerda ou direita ou seguir reto.
Passei a mão em meu cabelo, dando-me conta que não era meu verdadeiro cabelo e senti o olhar de James em mim.
Abri a boca para falar algum coisa que fosse, mas ele fora mais rápido, questionando:
– Claire?
Encarei Merry, Misha e Lia meio desesperada. Se eu falasse a verdade será que ele iria querer me matar? Ou isso só aconteceria se eu estivesse em meu corpo?
James parou na minha frente e encarou meu olhar. Ele parecia desnorteado com seu olhar azul brilhante e sua roupa meio suja. Eu queria tanto poder abraça-lo e dizer a verdade, mas ele não poderia saber. Ele, de certa maneira, havia me matado.
Como sempre eu abri a boca para dar uma desculpa estúpida do porquê, há pouco tempo, Merry havia chamado o nome de "Claire", embora, quem respondeu por mim fora a mesma, soando tão diferente que doeu até em mim sua sentença:
– Você a matou, não lembra?
Merry bateu no ombro de James e ele a encarou. Eu podia ver a dor no olhar dele e a força que ela fazia para dizer aquilo como fosse verdade para ele não acreditar que eu estava realmente viva e relativamente bem.
Aquilo doía claramente nela também. Aquela mentira obvia para mim e aquela "verdade" cruel para ele.
O olhar de James desceu ao chão e eu tinha quase certeza que ele choraria, mas quando ele levantou seu olhar novamente estava seco, mas havia aquela dor.
Lia tocou o ombro dele, mas fora gentil à sua maneira.
– Você sabe que somos meio irmãos também?
James sorriu torto, não feliz, cansado e levemente aliviado por um assunto que não o remoeria por dentro.
– Você é filha de Ally, não é? Ouvi sobre isso.
Ela assentiu.
– Eu sinto muito sobre Claire.
– Não sinta, a culpa fora minha. Merry tem razão, eu a matei. E de tão louco achei tê-la ouvido gritar o nome de Claire para esta garota. – ele gesticulou para mim como se eu não fosse ninguém, afinal, para ele, Ruddy, realmente não era ninguém com quem ele devesse se preocupar.
– Sim, a culpa fora sua. – Lia contra argumentou – Foram as suas mãos que a mataram, mas você não quis isso. Em partes, a culpa também não fora sua.
– E de quem seria, se não minha?
– Soul. É claro. Totalmente dele. Parcialmente sua.
Sorri torto, Lia era boa com as palavras. Em um momento James parecia em pedaços, no outro, ele parecia ainda em pedaços, mas pedaços que queriam matar. E eu não duvidava que era exatamente isso que ele queria.
– Temos que achá-lo. – James vociferou.
– Estamos nessa para isso. – Misha finalmente disse – Acabar com Soul e mudar as regras de Z-Mil. Consequentemente outras coisas acontecerão também.
– Quais? – James encarou Misha.
Eu sabia sobre o quê Misha estava dizendo. Ao matar Soul eu voltaria para meu corpo, com isso, eu acordaria odiando quem eu amei e James tentaria me matar... Haveria também Caçadores demais para "liderarmos". Muita gente seria contra nós. Mas, felizmente, isso estava mais para outra história do que esta. Nesta nossa meta era matar, era puramente a ação e a mudança de um país com regras e testes esdrúxulos.
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A Fugitiva
Science FictionSegundo Volume da Trilogia "A Estranha" Claire sentia que algo faltava, mas o quê ela não sabia dizer. Uma Nascida, dizendo chamar-se Merry e conhecê-la há tempos, lhe chama para salvar James dos Caçadores. Mas Claire não poderia ou poderia ab...