11 - Frio Azul, parte 3

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Eu não mais acreditava que aquela sala era um loop infinito e que morreríamos de fome e frio.

Ele me abraçava e eu sentia esperança.

Nosso abraço fora de tentar, ao máximo, sentir o outro, mesmo por pouco tempo, porque, era quase como, se soubéssemos que tínhamos pouco tempo.

Não demorou muito para eu abrir os olhos.

Abrir os olhos de verdade e enxergar não mais o azul, mas James.

Pelo visto, eu tinha visto sua Alma.

E quando nossos olhos se cruzaram eu soube sem ele precisar falar que ele também me viu. De verdade. James abriu a boca e eu reparei em seus lábios azulados do frio do qual estava começando a se acostumar.

A fração de segundo, da qual ele parecia me ver sem amarras e sem os controles mentais, foram embora, mas não sem antes ele pronunciar baixo e com intensidade:

– Claire.

Era demais para mim. Era sentimento demais para mim. Era intensidade demais para mim. Minha voz pareceu ter travado em minha garganta quando eu tentei pronunciar algo coerente e meu corpo inteiro tremeu, quase como se meus ossos estivessem sendo quebrados.

Era dor demais pra mim.

Tardiamente percebi que o corpo de Ruddy, estava me expulsando. Seu corpo também não aguentava tudo que minha Alma sentia.

Era demais para ela também.

Meu Receptáculo, aquele corpo, estava definhando e minha Alma estava indo embora.

Eu nunca pensei que um sentimento pudesse matar, mas, aparentemente matava. Ruddy estava morrendo de tanto que minha Alma sentia.

Enquanto eu me sentia sendo expulsa daquele corpo que morria, aqueles olhos não deixaram de ver o arregalar dos próprios olhos azuis de James. Em um instante ele parecia estático e desnorteado, em outro, seu olhar bondoso começava a mudar, tornando-se aquele olhar azul assassino, um tanto quanto assustador.

Eu queria dizer alguma coisa para ele. Dizer que ele não tinha culpa de que estava sendo controlado para me matar. Que ele tinha que ser forte e lutar para comandar seu próprio ser. Que ele aguentaria. Que eu confiava nele. Que eu o amava e sentia tanto a sua falta. Que eu o perdoava, caso ele se culpasse por tudo. Que eu o entendia e que tudo ficaria bem.

Entretanto, a vida não era tão fácil e, às vezes, as palavras não precisavam ser ditas para que alguma coisa fosse realmente pronunciada. Melhores amigos, por exemplo, conversavam com o olhar.

Eu gostaria que James lesse meu olhar, pelo mesmo o que sobrava dele enquanto minha alma ia embora. Porque, em meu olhar, com certeza, dizia tudo que eu não mais conseguia pronunciar.

Tudo aquilo acontecia em uma fração de segundos, mas parecia durar uma eternidade. Era o tal do loop dentro daquela caixa ou cápsula. Ali, cada segundo parecia durar muito mais que a realidade. A vantagem era o tempo para analisar cada detalhe. Cada fragmento. Cada mudança na expressão fácil.

E dor.

Era fácil sentir dor.

Mas não mais aquela dor física. Era dor da Alma.

Eu queria me despedir de James. Aquele James que ainda não queria me matar, porém, era tarde. A minha Alma já estava longe demais para eu me despedir de qualquer forma que fosse.

A partir daquele momento o frio teria a cor azul para mim, mas o frio não me remetia a coisas ruins, mas à James Sky e toda a tranquilidade que seu ser proporcionava para minha Alma.

É, talvez o azul fosse a cor mais fria.

E a dor finalmente passou.

E tudo apagou.

Não era a ausência de cor. Por uma fração de segundo tudo era azul, aquele intenso frio azul, no outro, tudo era amarelo.

***

Gente, vão enviando seus números com DDD  que em breve (mal acessei esses dias) vou adc todo mundo que pedir.

E não esqueçam os votinhos e comentários. Como já disse: posso demorar, mas respondo todo mundo <3

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