Bônus: Guerra, parte 2

2.2K 315 22
                                    



E o joguei no chão. Outra vez pulei sobre ele e percebi sua falta de força. Ele estava morrendo. Qualquer próximo golpe meu poderia ser fatal. Porém, eu ainda precisava dizer mais uma coisa para Gosma.

Segurei a sua cabeça pelas laterais e a bati no chão, como ele tinha feito comigo, mas eu ainda o olhava fixo no olhos. Pausadamente, como ele tinha falado comigo, eu disse, a cada batida da cabeça dele no chão uma palavra, enfatizando minha frase:

– Meu. Nome. É. Ariana... WAR!

A palavra "guerra" berrava em minha mente.

O olhar verde e vivo de Gosma arregalou e sua boca abriu-se antes de se fechar e seus olhos perderem a cor.

Eu nunca vi ninguém morrendo tão de perto. Eu não sabia o quanto era bizarro. A cor dos olhos de Gosma não era nada além de um translúcido esquisito e demoníaco. Não era uma cor propriamente. Era o nada.

Era como se eu visse o nada refletido em seus olhos.

Sim, assustador!

Minha cabeça doeu muito forte quando meu sobrenome repetia-se em minha mente.

War!

War!

War!

Eu era Ariana War.

Não somente Ariana.

Uma mão bruta apertou meu ombro e eu, tardiamente, dei-me conta que a briga de Luke e Ash com os outros seis Caçadores ainda continuava. Bem, não eram mais seis que estavam de pé, eram somente três contra meus dois amigos.

Uma mulher e dois homens.

A mão em meu ombro era de um dos homens.

Antes que ele batesse em meu rosto, como seu punho cerrado, eu levantei-me e atingi seu estômago com dois socos rítmicos. Uma e outra vez. Em seguida, chutei suas pernas e o mesmo caiu ajoelhado com a cabeça inclinada para frente.

Com um chute leve em sua cabeça, todo seu corpo despencou, caindo de lado.

Eu não estava a fim de brincadeiras. Eu não estava mais a fim de apanhar. Não me importava mais que meus poderes estavam enfraquecidos em Z-Mil, eu ainda tinha força suficiente para destruir quem quer que fosse.

E antes que o tal Caçador levantasse, eu quebrei seus pulsos, vendo seu sangue morto escorrer.

A única Caçadora ainda em pé pulou sobre mim, enrolando suas mãos em meu pescoço e minha visão ficou embaçada, como se eu tivesse hipermetropia. Ou seja, como se eu não enxergasse de perto, pois, todo os objetos daquele cômodo bagunçado e estranho estavam sem foco.

Minha cabeça continuava com uma dor fina e irritante, mas não enxergar bem era ainda pior. De fato, aquele deveria ser o poder estúpido da Caçadora em questão.

Ela não tinha uma habilidade de luta, mas tinha de prejudicar seu oponente.

Covardia.

Eu preferia lutar cara a cara, corpo a corpo.

E eu já disse qual era meu nome?

Pois bem, guerra era, literalmente meu sobrenome. War.

E eu senti toda minha força em mim, como se Z-Mil não a diminuísse em nada, quando girei, dando uma meia volta e fiz o corpo daquela Caçadora bater-se com tudo na parede.

Não importava minha visão. Eu não precisava ver para bater.

Ela soltou do meu pescoço e eu não perdi tempo quando virei-me de frente a ela e bati em seu rosto.

Minha visão começava a voltar em seu foco, quando a Caçadora perdia suas forças e sua vida. Mas não fora eu quem a matou.

Sem eu esperar, Luke apareceu ao meu lado e cortou os pulsos daquela Caçadora.

Talvez fosse pesado descrever todas as cenas, mas era o que acontecia. Um corte diretamente no pulso era fatal como, na Terra, uma apunhada no coração.

Golpes no estômago também eram muito delicados, assim como na cabeça. Nosso cérebro e estômago eram as únicas coisas que funcionavam em nosso corpo, sobretudo, você poderia cortar um braço de um marciano que ele não morreria por isso. Na Terra o tal morreria por hemorragia, em Marte o sangue não era o que circulava em nossas veias. Mas nossa humanidade era o que nos mantinha vivos.

Nossa sanidade mental e comida diária.

O pulso era tão delicado pois uma veia dele era diretamente ligada ao nosso cérebro. E sem nosso cérebro não éramos nada. Talvez zumbis. Caso eles existissem. No mínimo sobre isso não tínhamos por quê nos preocupar.

Pensamento em comida, meu estômago roncou.

Luke riu, como se seu rosto "demoniacamente" angelical e branco, não estivesse sujo e ferido. Ou como se ele não tivesse que, agora há pouco, ter colocado alguns Caçadores no chão em uma briga.

Sua mão descansou em meu ombro e seu olhar cinzento fitou o meu vermelho.

– Você é a garota mais delicada que eu conheço, War.

E eu sorri.

Luke Cloud não fazia tipo. Não tentava agradar ninguém. Não era o tipo de pessoa "legal" porque achava-se na obrigação de ser.

Luke era nada menos que ele mesmo. Sempre.

Sendo assim, eu não esperava o contrário dele. Por que, o mesmo, sabia que se ele falasse a coisa errada para mim, perderia um ou mais dentes daquela dentária perfeitamente branca e uniforme.

Mas, como era de Luke que eu falava, ele não poderia finalizar uma frase de maneira apenas gentil.

– Muito mais delicada do que Ash, por exemplo.

E recebeu um tapa forte de Ash em sua cabeça, seguido de sua risada branda.

Sim, eu era apenas uma garota. Não importava o antes, importava o agora. E o antes eu também sempre me senti quem eu era. Quem sou.

Encarei meus dois amigos e sorri cansada.

A FugitivaOnde histórias criam vida. Descubra agora