10 - Ausência de Cor¹, parte 1

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Sim, eu NÃO morri. E NÃO desisti da história.

Bem, estava numa "mini-fossa" e quando caio nela prefiro nem tentar escrever nada para não fazer bobagem.

Porém, vamos deixar as fossas e tristezas de lado, okay? Terá capítulo bonitinho por esses dias. E ESPERO não atrasar tanto, mas, infelizmente, não prometo nada, no entanto, confiem em mim e não desistam da nossa Pequena Estranha Claire, que estou me esforçando ao máximo, juro.

Como sempre peço aquele voto e comentário bonito <3

***


Marte; Z-Mil, Agora



Como seria o amor se nós não víssemos quem amamos?

Sim, era essa pergunta louca que rodeava a minha mente. Era óbvio que existiam milhares de pessoas cegas pela Terra, não em Marte, parecia que a deficiência física em Marte era inexistente, mas, na Terra havia.

Sendo assim, como você ama sem ver?

Parecia um tanto complexo para mim, para mim que vivi minha vida toda enxergando com perfeição tudo a minha volta, no entanto, agora, ainda sentada no chão com a mão de James na minha, eu pensava em coisas, das quais, nunca achei que passariam pela minha cabeça.

Afinal, como seria amar sem ver? Perguntei-me mentalmente novamente.

E, para surtar com meu cérebro, a resposta não parecia difícil, parecia exposta, com uma grande clareza, na verdade. Se eu não via a quem eu amava, eu amava de maneira muito mais intensa e real. Eu não amaria com os olhos, eu amaria com todo meu coração. Bem, no caso de Marte, amaríamos com toda nossa mente sã, já que nosso coração era morto.

Eu queria me deitar, mas estava insegura com aquele chão duro. Estava além de insegura, com medo de ter algo por aquele lugar. Nada poderia ser descartado quando não víamos.

Ali, naquele lugar, eu me sentia em uma cápsula, como se estivesse sendo observada. Era insano, era bizarro, estranho e principalmente: amedrontador. Eu só poderia estar surtando e muito.

Ainda assim, tendo a consciência que eu deveria estar imaginando coisas, eu me imaginava sendo vigiada e dentro de uma cápsula da cegueira ou da escuridão, tanto faz.

– O que é? – James perguntou e eu senti as lufadas de seu hálito em minha bochecha.

Dei de ombros, mas lembrando-me que ele não via nada, falei:

– Nada. Eu não disse nada.

– Sim, eu sei que você não disse nada, mas, por que, não para de se mexer?

Tardiamente eu percebi que eu não parava de me mexer e com isso, mexer sua mão junto com a minha. Larguei a mão dele, como se fosse algo tóxico e passei por aquele cabelo que não era meu, mas era o que estava servindo como meu.

– Desculpe. – respondi baixo.

– Tanto faz. – ele rebateu.

– Por que você me odeia? – questionei, afinal, não havia muito o que fazer ali além de conversar.

E sim, eu não estava perguntando o porquê de James me odiar, toda via, o porquê dele odiar – ou parecer odiar – aquela Caçadora em questão.

– Eu não te odeio. Eu nem sequer te conheço, Ruddy.

Assenti, como sempre esquecendo que ele não via nada.

– Oi, eu sou a Ruddy! E quem é você? – brinquei e, na verdade, não esperei por nenhuma resposta.

– James. Eu sou o James Sky. – James me surpreendeu por simplesmente responder.

Eu sorri e fiquei parcialmente deitada naquele chão desconfortável com minhas costas um tanto quanto doloridas pela parede que servia de apoia à elas.

– Como você veio parar aqui, James? – se ele não quisesse conversar comigo, tudo bem, mas que eu tentaria alguma comunicação, eu tentaria.

– Aqui onde, Ruddy? Cego em uma caixa incomunicável ou aqui em Z-Mil na terra dos Caçadores assassinos?

Eu sabia que não era uma piada e nem era um momento propício para eu rir, mas eu ri. Eu poderia admitir tranquilamente que quando James também riu, meu coração poderia ter até voltado a bater, porque minha respiração parecia estar presa em minha garganta.

– Talvez apenas aqui em Z-Mil. – respondi ainda rindo.

– Não seria muito estranho dizer que fui, praticamente ou totalmente, ache o que quiser, sequestrado?

Eu gargalhei.

– Sim, seria bem estranho dizer isso em qualquer outro Planeta, mas acho que aqui estamos habituados à coisas Estranhas, não é?

– À coisas Estranhas e pessoas Estranhas. Sim, estamos. Marte não é normal.

Eu ri mais e fiquei feliz por ouvir o riso de James também.

– Nunca foi, acredito eu.

– Você é uma Nascida, não é? – James questionou.

Quase, de imediato, respondi que era uma Renascida, mas ponderei e respondi o que acreditava que Ruddy era:

– Isso, sou uma Nascida de Z-Mil.

– Então, Ruddy, – James começou e parecia sério – você tem sorte por eu não conseguir ler seus pensamentos.

Meu alivio fora imediato e eu fiquei ainda mais feliz por saber que ele não me via para não perceber que eu estava quase aplaudindo por saber aquela informação.


O problema era: será que meu poder também estava inexistente dentro daquela cápsula ou caixa incomunicável, tanto faz?

– Por que se você pudesse em quê mudaria? – eu estava blefando, era claro, porquê se James pudesse ler meus pensamentos, tudo mudaria.

– Não sei. – ele admitiu – Talvez eu simplesmente pudesse confiar mais rápido em você.


¹O que significa a Cor Preta: A cor preta consiste na cor mais escura de todo o espectro das cores e simboliza respeito, morte, isolamento, medo, solidão.

Para algumas pessoas, a cor preta é classificada como ausência de cor, enquanto para outras é ausência de luz.

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