08 - Invocada, parte 1

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Demorei, mas é pq estou estudando bastante esses dias... Enfim, a Pequena Claire está de volta ~ nem tão ela assim ~ (vocês entenderão, haha)

Não esqueçam o voto amigo e comentário bonito, pq tô aqui às 2h e tanta da matina revisando p publicar decente kkkkk <3

***


Marte; Z-Mil, Agora.


Eu vegetava. Ou, ao menos, era isso que eu achava que meu corpo se parecia de "fora".

Meus amigos achariam que eu estava morta. Era triste, mas era necessário. Eu vegetava. Aparentemente frágil e indolor, mas a verdade era muito maior e melhor – para mim – do que eles poderiam imaginar.

Eu me sentia perfeita. Nada doía e eu tinha a noção de que quando acordasse tudo doeria. Minhas lembranças voltariam quebradas. Quem um dia eu amei, eu odiaria. E tudo doeria, de novo.

Agora, depois de Ash se despedir de mim e eu ter consciência que meu pai era Soul, e Lia também era uma meia-irmã minha, eu andava de um lado para o outro em meu quarto em A-Zero.

As peças do quebra-cabeça se encaixavam. Aquela luta, lá fora, não era minha e de meus amigos, era de Loren e Soul, era uma rivalidade que se estendia há anos. Era uma briga antiga, cheia de traições e filhos...

Mas agora eu e meus amigos estavam envolvidos em tudo, a briga havia se tornado, de uma forma ou de outra, nossa.

Eu nunca fui uma pessoa religiosa. Se eu rezava, era para mim mesma. Nunca parei para pensar muito sobre almas ou fantasmas, mesmo que eu sempre tenha gostado muito de filmes de suspense.

Então o que aconteceu comigo fora algo que eu nunca imaginei que fosse possível...

Eu literalmente saí de meu corpo.

Em um momento eu me via em A-Zero, andando de um lado para o outro em meu antigo quarto, em outro instante eu me senti caindo em um corredor estreito, do qual a minha frente Luke, Lia e Merry corriam em fila. Atrás de mim, uma Caçadora da cor vermelha estava com uma expressão possessa e outra pessoa estava caída no chão não muito longe dela.

Virei-me e parei na frente da Caçadora, balancei minha mão em frente ao seu rosto e... Nada. Ela não me via.

– Ei! – gritei a centímetros do rosto dela e nada aconteceu, novamente.

– Pense Ruddy! – a voz de Lia ecoou pelo corredor, deixando claro para mim que Ruddy só poderia ser a Caçadora em pé – Você realmente morrerá por nós?

Olhei para as paredes ao meu lado e elas estavam se fechando em uma velocidade desumana.

Eu não tinha muitas opções, mas eu sabia que eu era a única que poderia ajudar meus amigos. Eles não morreriam na minha presença. Eu não fazia noção de como fora parar onde estava, mas eu sentia que fora o pensamento deles em mim.

Soando como Merry: Zeus, que insano! Algum deles – ou todos os três – devem ter pensando em mim para ajudá-los.

De uma maneira ou outra, eu iria.

O que eu fiz não fora de caso pensando, eu apenas agi e me senti em um filme de Invocação qualquer, mas uma Invocação do Bem e o melhor: eu era a Invocada.

As paredes pararam de mexer e eu fitei minhas mãos morenas pálidas que eram as mandates do ato, em seguida passei-a por meu cabelo levemente ondulado e bastante embaraçado.

Meus amigos pararam de correr, cada um encarava a parede por algum ângulo, como se esperassem que ela ainda fosse espremê-los.

Eu ri... Afinal, que poder forte! Ele praticamente emanava de mim – dela -.

Meu riso fora "quebrado" quando minha camisa subiu para meus olhos e um soco forte acertou meu nariz. Dei um passo involuntária para trás, quase caindo quando outro soco me acertou no estomago.

– Parem! – mandei, mas não pararam e eu caí no chão.

Rapidamente senti um corpo sentando-se sobre o meu e agarrando meus braços.

– Segurem-na! Vamos cortar seus pulsos de uma vez... – era Merry, mas eu não a via porque a camisa continuava em meu rosto.

– De novo? Eu não aguento mais morrer! – berrei, mas minha voz saiu fraca e percebi a hesitação de Merry.

– Como assim? – Luke indagava – Você, por acaso, já morreu antes?

– O outro Caçador acordará... – Lia avisou e em seguida um barulho agudo de um grito fino fora audível.

– Morto. – a voz de Luke soava assustadora e obviamente assassina.

– Cortou os pulsos? – Lia quis saber.

– Cérebro.

– Zeus, parece que estamos lutando contra zumbis! – Merry esbravejou.

– Guerra Mundial Z! – brinquei e outras mãos agarram meus pulsos quando as de Merry abaixaram a camisa, deixando-me, felizmente, enxergar.

– Cala a boca! – Luke disse com o rosto próximo ao meu, mas ao contrário do meu.

Bem, Merry estava sentada em meu estomago enquanto Luke estava segurando meus braços, de frente a ela e por isso ao contrário de mim. Lia estava em pé, com os braços cruzados e a testa franzida.

Lia estava me analisando?

– Sou eu! – gritei e tentei me mexer.

Meu desespero fora tomado de vez quando algo fino, que eu não queria saber o que era começou a cortar o meu pulso.

Morrer eu não morreria, mas era tão bom estar realmente participando da história e não vegetando, como antes.

– Claire? – Lia perguntou afastando a mão de Luke de meus pulsos e ajoelhando-se no chão ao meu lado.

– Sim! – tentei levantar-me, entretanto, era impossível pelo corpo de Merry.

– Você está louca? – Merry brigou com Lia – Claire não é ela!

– É sim... Por dentro. – Lia debateu e os três me encararam.

Me lembrei da Islândia, quando G-alguma-coisa e suas amigas invadiram o banheiro que eu estava. Lembrei-me especificamente quando eu caí e bati minha cabeça, morrendo na Terra para Renascer como um Renascida no necrotério.

Quando eu caí, era como se eu visse a mim mesma "de fora" da cena. Eu praticamente me via caindo e batendo minha cabeça no banco. Eu praticamente sentia-me morrendo.

Eu não sabia explicar com coerência como era se sentir morta, mesmo eu tendo uma cota de mortes ou quase mortes em meu currículo, no entanto, eu não teria como explicar o sentindo anormal em si.

Ali, quando meus três amigos me encaravam com a mesma expressão de puro espanto, eu não me sentia morta, mas eu praticamente via aquela cena "de fora".

Eu, na visão deles, não era Claire Blue, a Pequena, com o cabelo curto e roxo. Eu, na visão deles, era Ruddy, a Caçadora que há segundos tentava matá-los espremidos.

Surreal? No meu mundo, nem tanto, embora, definitivamente não era algo que acontecia todo dia.

A FugitivaOnde histórias criam vida. Descubra agora